Em busca de mim mesmo

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Pode parecer loucura, para mim não é, mas talvez descubra que é. Estou falando do que me apeteceu a pensar por esses dias, o que venho repetindo para mim mesmo e para os outros, de modo que venha pensar o contrário se estiver errado. No entanto, cada vez que repito, o faço de forma mais rica, como se, em vez de furar o cano, fincasse o prego de vez na parede. O que venho fazer agora, portanto, é pendurar o quadro.

Quem, de fato, sou eu? Sou o que deveria ser, o que fizeram de mim, ou a versão rebelde do que deveria ser? Não sei. Prometo-me, no entanto, procurar descobrir.

Quebrar o vaso, este é o único modo de descobrir plenamente o que existe dentro. Acredito que seja isso o que aconteceu comigo. Quebraram-me.

Daí provém as perguntas: "Estou perdido?" - Que esteja! Melhor ter certeza que estou perdido do que iludir-me que estou no caminho certo, isto é, melhor não saber quem sou do que estar enganado de quem seja. Talvez seja o resultado de ler Schopenhauer, estou, portanto, em dialética, de mim comigo mesmo, por outro lado, Nietzsche me libertou. Estou cético de mim, critico-me! Vou dá-lo um pouquinho de esperança. Acredito que esteja certo, não sou quem sempre fui e quem tenho sido está errado.

Superprotegido. Será que seja por isso que tenho aversão a qualquer tipo de violação à liberdade e, por outro lado, violo a liberdade de quem me rodeia?

Subjugado. Será por isso que sou rebelde a qualquer tipo de autoridade, não suporto nenhum tipo de obrigação e, do mesmo modo, sou absurdamente intransigente?

Criticado. Será por isso que não suporto críticas, construtivas ou destrutivas, e, de modo talvez pior, tenho o dedo mais afiado que conheço.

É um duro processo de desconstrução, saber que sou produto do que fizeram de mim, independente do que quero ser ou do que deveria ser. Apontar o dedo para mim mesmo. Crucificar-me, sabendo que sou inocente. Culpado, mas inocente (de fato, fui eu que o fiz, fui eu que errei, mas se fiz foi porque não me ensinaram a acertar). Por isso, o tempo todo me pergunto: "Quem sou eu, quem sou eu?" - "Será que eu gosto disso mesmo, ou será que não?" - "Porque me comporto de tal modo?" - "Devem as pessoas aceitar-me do jeito que sou, ou devo eu mudar?"

É certo que o mundo não ensina isso. E se não se ensina, não se aprende. O que se aprende é o absoluto individualismo. É o "eu nasci assim, cresci assim, e vou morrer assim". É o "eu sou eu e você que se exploda". "Ou aguenta ou vai embora, eu me basto".

Diferentemente aconteceu com Simão. Aquele que era um humilde pescador, que não tinha nenhuma pretensão, foi surpreendido com sua verdadeira identidade. Sua etimologia foi modificada. Tornou-se Pedro, a pedra. De simples pescador a um dos maiores líderes da história.

De uma coisa estou certo: Se for eu, com minha infinita burrice procurar descobrir, com minhas próprias forças e mérito, quem sou eu, irei, de fato, me perder de vez. Serei um cigano de mim mesmo. É por isso que espero que aquele que ajudou a Pedro venha a mim também socorrer. Se não for alguém, quero, pelo menos, ser eu.

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Pecador, eu

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Tenho muita vontade de reclamar da vida. Mas, é uma pena, reclamar piora ainda mais as coisas.

É interessante a didádica de Deus, quando a gente pensa que está tudo péssimo e que a gente não vai mais suportar, vem uma coisa pior ainda e, diferente do que podíamos esperar, esse acontecimento não nos leva diretamente ao chão. Pelo contrário, descobrimos que somos muito mais fortes do que imaginávamos.

De vez em quando a nossa burrice nos oferece uma saída que nos vai derrubar mais ainda. É como alguém que está para se afogar e, em vez de tentar nadar pelo menos um pouco, superar o medo, o que seja, prefere dramatizar um afogamento para chamar a atenção de alguém. Agora imagine essa cena por outro prisma. Ninguém te vê chamando atenção, então, você desiste e aprende a nadar. Os cachorros aprendem a nadar sozinhos, porque nós não?

Talvez em todos os tempos esse foi meu maior erro. Implorar por ajuda talvez me prejudicou muito mais. Serei eu um samuray, que não admite perder uma batalha? Se for um, não sou tão digno quanto ele, porque não tenho coragem de fazer o harakiri. Imploro, entretanto com lágrimas nos olhos, ao inimigo, para não me deixar perder, peço que se renda, porque perder é demais para mim. Para isso, a voz da sabedoria me leva a pensar: "Quem sou eu para nunca perder, sou eu Deus?" Mas o ator que mora dentro de mim responde que não, que não sou Deus, nem o problema é perder, mas sempre perder. E continua o diálogo de mim com mim mesmo, ou de mim com o Deus que mora dentro de mim, como dizia São João da Cruz.

Uma coisa reaprendi uns dias atrás (a gente de vez em quando desaprende algumas coisas bem inteligentes), é que a gente só consegue escutar a Deus quando silencia o coração e a mente. Aí está o desafio, como silenciá-los? Respondo para mim e para vocês: "Te vira!" Talvez seja essa a resposta mais sábia que um pai pode dar ao filho, em vez de se virar por ele. Porque não aprendemos com os animais? Os animais "dizem" isso aos seus filhotes! A natureza tem também sua sabedoria, afinal, a própria Sabedoria foi quem a criou!

O perdedor que mora em mim vive a reclamar do tanto que tenho azar. Por outro lado, o Deus que mora em mim repete várias vezes: "Você tem sorte é demais! Parece que não sabe que sofrer aprender, e viver é lutar? Azar é daquele que não tem contra o que lutar e que não tem do que aprender. No final de tudo, ou até no meio, quem vai se dar bem é você!"

É Ele quem vai concluir esse texto dizendo: "Meu filho, lembra daquela passagem? Aquela que dizia 'olhai os lírios do campo'? Pois é, se a um passarinho não falta o que comer, quando mais a você que é tão especial a mim? Eu não te abandonarei nunca! Ainda que você morra de fome, aquele que não te deu comida será castigado e você terá um lugar especial na minha morada. Nas bem aventuranças foi isso que eu falei, lembra? Eu te entendo meu filho, mas te amo, e quero que você cresça!"

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"Big Brother"

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Qual personagem "fictício" deu origem ao nome desse programa? Seria o do livro, ou aquele do Gênesis, um tal de Caim, que matou seu irmão mais novo, Abel?

Morte. Morte silensiosa, disfarçada de entretenimento, mas morte. O bonzinho se torna o sem graça, o vilão é que dá emoção. Paz não nos agrada, quem tem a vez é a discórdia, a confusão. Provoca-se o tempo todo a divisão, e o humor é adulterado por pinturas tenebrosas nas paredes de um quarto.

O lugar em que se mata quem não nos agrada, o lugar do ostracismo, o paredão. Lá pode-se colocar quem não se quer, seja por ser bom, seja por ser mal. O líder escolhe um, ao contrário do que deveria ser, já que liderar, em vez de ter regalias e poder eliminar, é tomar a frente e se sacrificar. Outro é escolhido por meio de votação, é a democracia, minha gente, distorcida plenamente.

Antes deveria ter dito isso, mas gente de qualidade, definitivamente, é o que não se coloca lá. Já que humanidade, solidariedade, amizade, compaixão, amor, verdade, são substantivos incompatíveis com um jogo no qual o inverso é provocado. As peças são seres humanos, são uns colocados contra os outros. Diferente do que se acontece, eram os heróis que deveriam lá ser colocados e, em vez ser distorcido aquilo que lhes dá qualidade, na verdade, deveria ser explorado.

Ah, se o Brasil desistisse de assistir tal inutilidade. E imagine só, se existisse um programa, em que ganhasse quem mais amasse, mais se doasse, mais fosse solidário, amigo, esforçado, humano, trabalhador, e que os perdedores, no final, aprendessem o exemplo que foi dado, tornassem-se seres humanos extraordinários, e tinham seus erros corrigidos pelos desafios do jogo, e o povo, no final, perdoasse todos seus pecados.

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