Inspiração ou revelação? Uma abordagem aos carismas.

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Levitation-Of-St.-Francis Pode-se crer ser muito útil tomar cuidado e sempre fazer distinção entre revelação e inspiração. Revelação, segundo Edith Stein: “o que for percebido pela inteligência como coisa nova e desconhecida” (Ciência da Cruz, p. 68), “conhecimentos intelectuais, em que são desvendadas verdades ocultas referentes a coisas materiais e espirituais; e revelações em sentido próprio e estrito, pelas quais são revelados mistérios” (p. 70).
 
Por outro lado, num sentido não bíblico, pode-se dizer que inspiração é ação divina diferente de revelação. Na qual Deus se utiliza dos conhecimentos intelectuais referentes a coisas materiais e sobrenaturais que já se conhecem, ou que já existem na memória do inspirado, para comunicar-se com ele ou com outrem. Por que não assim dizer? E, além do mais, qual a utilidade dessa diferenciação?
 
Serve para aqueles que confundem dom de ciência com dom de revelação. O dom de ciência se manifesta nas faculdades inferiores da alma: afetividade e imaginação. Por outro lado, o dom de revelação se manifesta na inteligência. É muito bom não se confundir, até para não se vangloriar de ter um dom de revelação, quando é simplesmente uma ciência ou sabedoria de Deus. Existem dons de ciência mais profundos, lógico, entretanto, revelação só há daquilo que não se sabia, daquilo que estava oculto, escondido, não visto nem sabido ou conhecido.
 
Mais ainda, serve para que se acorde quando se esperar uma inspiração Divina. Ela só há de se dar naquilo que se conhece, isto é: se uma pessoa não ouve boa música, a inspiração de Deus para que ela faça uma nova, será no nível daquela que o autor ouvia. Quando se há de escrever algo, seja poesia, prosa, texto ou livro, a inspiração acontecerá naquilo que o autor adquiriu de experiência pessoal, ou de experiência dos outros, lendo muitos livros, assistindo a muitos filmes e peças de teatro, estando presente em várias aulas ou seminários. Enfim, assim acontecerá.
 
Quando acontece algo novo, inesperado, é ação direta do Espírito Santo, e o autor deve saber logo que ele não tem mérito nenhum, a não ser de ser um bom canal da graça de Deus. Mas, se não for inspiração e tiver mais teor de revelação, que ele não se glorie e saiba que foi ação direta da misericórdia de Deus, que quis ir além da preguiça ou das limitações intelectuais, físicas e espirituais do agraciado.
 
No mais, é bom que sempre se esteja sujeito à inspirações, vivendo, lendo, lendo, ouvindo e assistindo tudo aquilo que há de mais bom gosto no mundo e esperar, quando for da vontade de Deus, que Ele haja além dos nossos limites, para fazer algo muito maior do que o que nós podemos fazer, porque seu amor por nós, diferente de nós, não conhece limite.
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