Da vontade de Deus, do homem e da carne

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Vontade de Deus... Vontade de Deus... Vontade de Deus... Eis o que se repete e se repete, principalmente dentro de mim. O que é vontade de Deus? Qual é a Sua vontade? Qual é a minha? Ainda mais, será que existe alguma vontade que não vem nem de mim, nem de Deus? É quase um desespero que dá para poder responder essas questões, até mesmo porque insondáveis são os desígnios de Deus. A solução, irmãos, é pensarmos juntos. Partilharmos aqui as nossas angústias acerca da luta pela vontade de Deus!

Vontade de Deus é tudo aquilo que já foi dito. Entretanto, podemos, sim, nos aprofundar mais! Bem, muito se diz que existe a escolha entre o da carne, o lícito e o santo. Podemos facilitar o entendimento se dizermos em vez destes termos, contra a vontade de Deus, na Sua permissão, e na Sua conformidade.

Quando algo é da carne, ou seja, contra a vontade de Deus, pressupõe-se que aquilo seja pecado e que gerará más consequências, é a vitória de Satanás, porque se optou pelo pior, diga-se o inferno. Esta vontade vem do mal, aconselhado por ele, e nos leva ao inferno. Quando escolhemos pela vontade da carne escolhemos pelo inferno, isto é o que acontece quando, por exemplo, ao ser pedido por esmolas, se responde “vai trabalhar, vagabundo!” Ao fazermos isto, além de estarmos pecando ao julgar, por não sabermos se aquela pessoa está em real necessidade, além da ofensa causada, aquela pessoa, com certeza, entristecer-se-á com aquela ofensa e aquele julgamento. Vale ressaltar, e há intrínseca conexão com o afirmado, de que a grande maioria dos sofrimentos do mundo são causados pelo pecado, pouquíssimos são pura providência Divina, tal como pode acontecer nas noites escuras e quando se recebe as graças extraordinárias dos estigmas. Uma escolha egoísta, orgulhosa, luxuriosa, invejosa, irada, avarenta, preguiçosa e gulosa (diga-se consumista), geralmente, quando não sempre, vem da carne.

Algo pode acontecer na permissão de Deus quando não vem do inferno, nem leva ao inferno, nem tanto vem do Céu ou leva-nos a santidade. É algo puramente humano, lícito, não vem de nenhum lugar a não ser de nós mesmos. É pecado porque não é vontade de Deus, mas é pecado leve. Pode-se exemplificar com a legítima defesa, quando matamos alguém para não morrermos. Não é homicídio, é legítima defesa! No Direito, diz-se que há um excludente de antijuridicidade, porquanto a lei assim diz. Contudo, não é o santo! É algo lícito, permitido, até mesmo pela lei. Também não é pecado mortal. Entretanto, o santo seria deixar-se vulnerável assim como nosso amado Jesus, que foi como um cordeiro indefeso ao abate. Assim como foi afirmado que não vem do Céu nem do inferno, vem do homem, puramente Dele, e leva, obviamente, ao purgatório, até porque não se pode entrar no Céu vivendo de maneira não santa, também não é justo o inferno por não se consistir em “maldade”. Por isto, é interessante pensarmos que quando vivemos nesse lícito, nosso lugar ainda não é o Céu, pelo menos a Ele não pertencemos diretamente.

Agora o Santo, o que é a favor e conforme a vontade de Deus! Trata-se da decisão quase sempre mais louca, mais difícil, que mais exige de nós fé, esperança, amor, além de muito despojamento de si. Vem direto do Céu, aconselhado diretamente por Deus ou por seus anjos, muito O alegra e nos leva diretamente para Ele! Entretanto, é necessário dizer que geralmente escolher pelo santo é inclinar-se ao mais difícil, mais insípido, ao que dá menos gosto, mais trabalhoso, ao desconsolo, ao menos, ao mais baixo e desprezível, a não querer nada e escolher pelo que há de pior neste mundo, e desejar entrar em toda nudez vazio e pobreza, por amor a Deus, assim afirma São João da Cruz. Mas, isto não pode ser interpretado como ficar sempre com o pior, mas que muitas vezes teremos que passar por isto. Humilhar-nos, trabalhar com mais força, porque a vontade de Deus muitas vezes não será a nossa, e não porque é ruim e sofrida esta vontade, mas que as nossa condição de pecador dificulta muito. Ainda mais porque o demônio vai fazer de tudo para tirar-nos desta vontade. Mas, a recompensa é eterna.

É importante dizer que, se for vontade de Deus que alguém seja rico, isto é santidade para esta pessoa e esta pessoa deverá provavelmente mostrar como é possível ser santo sendo rico. Não é o vazio e pobreza exterior que trata a santidade, mas a pobreza e vazio interior! É insípido porque o pecado é que tem gosto, muitas vezes, mas o gosto da santidade é muito melhor, é gosto de felicidade, a satisfação eterna do espírito. O pecado é tão somente uma satisfação passageira da carne. Entendamos que santidade é vontade de Deus, é amor a Deus e a Sua santa vontade. É simples de saber, mas difícil de executar. Se for a vontade de Deus que sejamos garis, porque não o ser? Se for da vontade Dele, assim seremos felizes e assim teremos nossa recompensa, não porque Deus nos compra, mas porque Ele, diferente de nós, não é ingrato! Santidade é algo totalmente distante de presunção! Muitas vezes, quando se escolhe o “mais santo”, não o é, mas é por presunção de santidade. É querer limitar a criatividade e a inteligência de Deus acreditar que ser santo só é ser igual a São Francisco, ou a São Pio de Pietrelcina, ou a Santa Teresinha, ou Santa Teresona, mas ao que Deus quer que você seja santo. Mas o exemplo deles, sim, é importantíssimo. Toda santidade é original, e quando não for não é santidade!

Portanto, irmãos meus, que nós queiramos, pelo amor de Deus e por amor a Ele, ser santos na vontade de Deus para nós. Se por um acaso alguém achar difícil ou impossível de o saber, faça o teste de perguntar com sinceridade de coração, para ver se Ele não responde da maneira que for! E lembremo-nos, sempre, que o primeiro degrau para a santidade é o despojamento de si mesmo.

Shalom!

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