Do que sou

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Perguntei-me acerca do sentido da vida, e nada veio à mente além de que é da morte que falamos. Vivemos para morrer. No entanto, eu, como cristão, acredito que a morte seja tão somente material. Mas, de qualquer modo, se a vida é uma semireta, sua seta está apontada para a morte, após ela, será tão somente um segmento de reta.

A morte é o fim do mundo material, e a entrada no mundo espiritual. Desse modo, acredito que quando morremos, obviamente, não carregamos nada que possuímos. Por isso, é em vão todo materialismo. Não somos o que possuímos, ao contrário do que prega o mundo. Nem somos o que somos, até porque, o que somos quando morremos? Na verdade, se sou um estudante de direito, nada implica no meu ser póstumo, o que importa é o que fiz com o que sou.

Eu sou, portanto, a minha história, o produto dos meus atos. Quando morrer, não me sobrará nenhum título, nenhum dinheiro, nenhuma honra. Quando morrer, só o que serei é o que fiz. Isso me fará digno ou indigno. Isso me fará grande ou pequeno.



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Do Advogado

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Sinceramente, quando me vem a imagem de um advogado ao pensamento, ponho-lhe chifres e rabo de demônio. No entanto, deu-me hoje a pensar acerca do que é o advogado, para que ele serve?
 
Na imagem que se tem do juízo final (ou juízo ideal), quem são as figuras da relação jurídico-penal? O demônio, respondo, é o acusador (promotor); Deus Pai é quem julga (o juiz); o Deus Filho (Jesus), é o advogado, que desgostosamente (para a acusação), se confunde com a pessoa do juiz (visto que são uma mesma pessoa); para alguns (os que se consideram filhos dela), a função do advogado fica para Maria (esta que, para causar uma confusão mental, é, ou mãe do juiz, ou mãe do filho do juiz (visto que o Pai e o Filho são a mesma pessoa).
 
Não é o mérito da discussão, mas, de acordo com o raciocínio acima, para quem tem crédito com qualquer dos três, Pai, Filho ou mãe, a balança pende desproporcionalmente para o lado da defesa. Por outro lado, quando não se tem crédito com nenhum, a defesa é cerceada e o acusador fica com toda a balança para o seu lado.
 
Diante do exposto, verifica-se que o conceito ideal de advogado encontra-se em crise, em vez de ser aquele que defende, que busca a misericórdia do réu, o advogado passou a ser aquele que acoberta as suas imundícies, ou seja, faz com que não haja justiça. Pelo contrário, o advogado deve ser aquele que busca incansavelmente essa justiça, e para tal, deve encontrar artifícios também fora da lei (visto que esta, por muitas vezes, é a mais injusta).
 
O acusador, por outro lado, é visto como a figura do "salvador", é aquele que busca a máxima justiça. Não obstante, quando se há parceria, em vez de ser da defesa com o juiz, como é no julgamento ideal, é entre a acusação e o juiz. Deve-se perguntar, portanto, que justiça é essa, que está mais declinada a condenar do que a absolver? Isso tudo se deve não só pela desonestidade dos defensores, como também pelo mesmo motivo que apedrejariam a prostituta, se seu defensor (Jesus) não aparecesse. É por falta de misericórdia que não se ocorre uma verdadeira justiça.
 
É por esse modelo de justiça que existe (que é incorreto, de acordo com o pensado), que antes pensava em ser promotor, porque assim iria fazer justiça; hoje penso em ser juiz, por não querer ser advogado; mas, quem sabe um dia eu queira ser advogado, que seja assim como meu Bom Jesus é, provocando de mim mesmo, também como dos outros, a devida misericórdia.
 
Portanto, se for vontade de Deus que eu seja um advogado, que Deus me proteja da desonestidade e da mentira. Que eu não seja, para meus clientes, como satanás deseja, isto é, provocador da impunidade daqueles que não desejam fazer o bem; mas como Jesus é, ou seja, afastador da punição de quem não a merece e alcançador da misericórdia daquele que não seria capaz de desmerecer tal punição.

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Do amor à família

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Esta postagem terá sim, um tanto de pessoalidade, talvez um pouco de grosseria e nenhum rigor gramatical (o sono não me permite tal preocupação), por isso, peço perdão, em primeiro lugar, e que se atenha mais ao conteúdo exposto do que com sua forma.

O amor é um assunto sobre o qual já pensei e trabalhei bastante, sempre que me vem mais conteúdo sobre esse valor (não sentimento), converge mais ainda meu pensamento. No entanto, tudo que falei até então foi sobre o estranho, o próximo que tanto ouvimos falar. É momento agora de tratar sobre aquele que está muito mais do que próximo.

Amar é se doar, querer bem, fazer o bem. Muito mais do que sentimento, amor é verbo. Verbo, porque necessita de uma ação, amor sem exteriorização, não é amor. Digo isso para bloquear desde agora a idéia do leitor de que o amor que eu falo é aquele amor melequento, lesinho e docinho. Não! O amor de que falo é amargo, azedo, frio, insosso, mas o gozo em concretizá-lo, sim, é da maior doçura.

Direto ao ponto.

Nos é exigido (nós, cristãos) amor ao próximo, não obstante, temos como mandamento o amor cristão, ou seja, devemos amar como Jesus amou. Essa tarefa é deveras árdua, se exige uma força interior incrível, ainda mais quando o sujeito desse amor são nossos inimigos, reais ou ideais. Talvez por isso, entretemo-nos tanto nesse amor ao estranho, servimos tão bem aqueles que não conhecemos, que esquecemos daqueles que nos estão mais próximos, esquecemos dos nossos familiares.

Façamos o seguinte raciocínio: devemos amar ao próximo, certo? Esse próximo é aquele que precisa da gente, ou mesmo que não precisa, mas devemos amá-lo. Em suma, devemos amar a todo mundo, mesmo que seja muito difícil (amai-vos uns aos outros assim como eu vos tenho amado). Se devemos amar o outro, o inimigo, o diferente, o semelhante, o que este próximo for, quanto mais devemos amar aos nossos familiares. A minore, ad maius!

Amigos, irmão é irmão, pai é pai, mãe é mãe, filho é filho, por aí vai. Família é família, principalmente a ela devemos amor totalmente desinteressado e incondicional. Existe coisa mais horrível do que irmãos desunidos, pais e filhos que não se falam? Nos dias hodiernos, se difunde como se fossem bons e verdadeiros o tal do individualismo, o "toma lá, dá cá", o "cada um no seu quadrado". Tenhamos vergonha!

Pois é, hoje é assim, os filhos justificam seu desligamento dos pais com a idiota desculpa: "não pedi pra me colocarem no mundo... (então morra!). Os pais ainda querem impor suas vontades aos filhos, mas quando não o fazem, os deixam ao relento, outras vezes se aproveitam (isso é horrível). Os irmãos, na eterna e imbecil rivalidade, individualidade, não dá muito pra entender porque, mas o que vigora é o bem subjetivo (cada um que se vire, quero o que é melhor para mim, você que se exploda).

Pois é, nos acostumamos aos usos de quem não tem nada de bom a passar. São novelinhas, musiquinhas, artistasinhos, apresentadoresinhos, filmezinhos, ou mesmo esses livrinhos dos dias de hoje que não nos ensina nada realmente de valor. E nós, grandes sábios, aprendemos! Tornamo-nos, verdadeiramente, uma sociedade de merda.

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Do bom e do mau

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Cada vez mais tenho certeza de que, pelo menos em nível humano, não existe o que se chama de bom e mau. Existe, na verdade, a pretensão e a despretensão de se ser o que se deveria ser. O homem, ao contrário do que se diz, é inclinado para o bem, esta é a sua natureza.

Para um ser humano ser bom, basta-lhe querer, não se faz necessário que se concretize em perfeição seus atos, porquanto trata-se de uma pretensão impossível. O ser humano, na realidade, é por essência falho, imperfeito. Não se pode, portanto, cobrar de ninguém a perfeição, muito menos cobrar o melhor que este alguém pode fazer. Quando se trata do homem, o que se pode fazer é esperar o melhor, sempre e sempre, mesmo que esse melhor nunca venha a acontecer.

Por outro lado, é impossível também alguém ser mau. Para se ser mau faz-se necessário uma "robotização" da pessoa, pois é requisito um zero absoluto de sentimento. Sentir é, portanto, uma qualidade imanente ao ser humano. Alguém que tenha coração (chamado de o centro da alma) não pode ser mau. Por isso, pode-se dizer que, para considerar alguém como mau, basta-lhe não querer ser bom. Entretanto, uma hora ou outra acabará por sê-lo, seja para a sua mãe, ou algo (alguém) de valor semelhante, mas, por lhe faltar um tanto de esforço, perde-se todo o mérito.

Isto posto, pode-se dizer que para alguém ser bom, ser-lhe necessário força e coragem. Estas existem nas pessoas livres (Jesus chamava-as de humildes de coração). Trata-se de ser livre para tomar as melhores decisões, independente de outras influências, ser livre para esquecer-se do orgulho e se humilhar, deixar de lado o egoísmo, e praticar o bem para o outro, e, por muitas vezes, não ser conivente e imparcial. Essa liberdade é impossível, sim, mas, como já havíamos dito, basta-lhe a intenção de acertar. Os vícios estão nas intenções, os atos são só de sua concretização reflexos.

Por outro lado, quando se é escravo do orgulho, do egoísmo, do instinto animal, do racionalismo puro, do individualismo, por fim, acaba-se por ser mau. Pode-se achar melhor não se falar em mau, mas em fraco, é fraqueza não querer ser bom. Fraqueza e burrice. Na verdade, quanto mais o homem se perde no pecado, mais ele se transforma num idiota. O mal é algo que não existe em concreto, só o bem que existe, na verdade, o Bem com "B"maiúsculo. Portanto, só se pode tratar de um completo idiota aquele que transforma o mal de abstrato para concreto. Esvaziar-se, deixar de corresponder à natureza da humanidade, em outras palavras, não preocupar-se com os sentimentos, não amar, é o mais difícil de se fazer, é nadar contra a corrente, é querer ser nada, ser zero.

Por fim só posso dar um conselho, e o primeiro leitor sou eu mesmo. Deixe de ser idiota, preocupe-se com a verdade e com a justiça! Deixe de ser imbecil, ame! Deixe de ser inútil, trate os outros com misericórdia! E, por favor, queira ser bom.

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O Primeiro Mandamento

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Iludem-se aqueles que acreditam que os homens não cumprem o primeiro mandamento, eles só trocam o foco. Para ser direto, eles amam sim, a Deus sobre todas as coisas, o problema está em quem é o deus, o qual eles escolhem.

Uns amam a si mesmo acima de todas as coisas, vivem para eles mesmos e tudo tem que girar ao redor deles. Vemos este tipo usualmente no trânsito. O Deus verdadeiro, que deveria ser amado, torna-se escravo do falso deus, tem que se submeter a vontade dele, e ai Dele se contrariar ao suposto Deus. O Todo-Poderoso é tão bondoso, tão bondoso, que passa a vida inteira do deus atrás deste, e algumas vezes, consegue Seu verdadeiro lugar. Um exemplo deste tipo de gente: Santo Agostinho.

Outro deus é o poder, seja pecuniário, político, ou intelectual. Não é muito difícil encontrar este tipo de gente por aí, geralmente eles passam por cima de todos para conseguir o que querem. Uns trapaceiam para conseguir um cargo maior, outros escravizam seres humanos. Já outros abusam de todos os artifícios, seja vis, res ou fortuna, como dizia Maquiavel. Já outros passam o dia lendo livros que sabem que de nada vão lhes servir, a não ser inflamar seu ego com uma nota máxima, ou um primeiro lugar. Exemplo: São Paulo.

Existem ainda aqueles que tem como Deus o prazer, estes vivem um eterna farra. Só querem saber de beber, festejar, rir, fazer sexo, coisas deste tipo. As pessoas que crêem neste deus geralmente são bastante admiráveis, conquistam fácil a admiração de todos, embora estes sejam às vezes um mero objeto. Creio que este tipo seja o mais fácil de se converter, até porque todas estas coisas que proporcionam prazer são muito vazias por si mesmas. Um grande exemplo: São Francisco.

Tem uns, este sou eu, que sempre tentaram colocar Deus em primeiro lugar, mas na primeira oportunidade, deixam de o fazer. É uma situação difícil. É difícil sim, ter fé, principalmente quando se é contrariado, excluído, esquecido. Pode ser drama demais, coisa altamente melancólica ou depressiva, mas é assim que eu o vejo. É difícil demais ser diferente. Num mundo de positivistas, os relativistas ou críticos não tem lugar. Ou ainda, num mundo em que tudo tem que ser rápido, não se pode parar, nem pra pensar, e quem o consegue é um otário. Vou ainda além, num mundo em que houve uma inversão total de valores, ser virtuoso é inútil. Vivemos no mundo dos malas, dos espertos, e dos robôs.

O Deus Vivo se entristece, em sua eterna felicidade, por causa dos seus filhos, que mesmo com horas de joelhos não conseguem enxergar um palmo à frente, nem entender uma letra daquilo que ensinaram. Sempre foi e sempre será assim, quando os homens dão um lugar a Deus, este lugar não pertence a Ele, na verdade era só o lugar dos homens desfarçado de Deus.

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Misericórdia ou Justiça?

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Não entendo ainda como é que fazem distinção entre justiça e misericórdia. Entendo menos ainda alguns que dizem: "Deus é amor, mas é justiça!" - Não é por ser amor que Ele é justiça, e também misericórdia? Como sempre, partiremos de um raciocínio teológico, até porque, se existe um lugar em que a verdade deve estar guardada, é na teologia, não seria?

Meus caros, pensem comigo no que seria justiça. Segundo os romanos, justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu, segundo os gregos, é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. Ou seja, justo não seria nada menos do que dar a alguém aquilo que este mereça, não é? E o que é a misericórdia?

A misericórdia, creio eu, é o que faz a justiça ser mais perfeita, porque, em vez de fazermos um raciocínio puramente matemático, como seria para ser justo, fazemos um raciocínio matemático, filosófico, antropológico, sociológico, psicológico, teológico, e outro "lógico" que existir. Mas, como todo ser humano, preferimos o que é fácil, e por ser o raciocínio da justiça proporcional, retributiva, etc, mais fácil, acabamos por ser injustos.

Ser misericordioso, portanto, é respeitar a miséria do outro, é reconhecê-la, é, enfim, entender que o ser humano não é perfeito, nem nunca será. Ser misericordioso, obviamente, não é um "plus" que podemos ser, é uma obrigação. Ser misericordioso não é algo necessário, é algo absolutamente indispensável, senão, não seremos justos, e o que merece aquele que não procura ser justo?

É por estes e outros motivos que não entendo estas duas faces, a da justiça e a da misericórdia, por pensar que são a mesma, que que não tem olhares diferentes, na verdade, seriam o mesmo olhar, o mesmo olhar de compreensão e de, acima de tudo, inteligência. Não há ser mais justo do que aquele que é onisciente, por óbvias razões (porque só sabendo de tudo pode-se ser verdadeiramente justo - para os que têm preguiça de pensar). Chegamos, graças a Deus, em um texto, a confundir justiça com misericórdia, afinal, deveria existir a dinstinção entre as duas tão somente para fins didáticos, como é a equidade, etc.

Isto posto, acredito que para sermos seres humanos merecedores de algo, devemos ser misericordiosos, até com nós mesmos. Aquele que ama, há de ser misericordioso!

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Dos Cegos

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Será que alguém já parou para se perguntar por que Jesus amava tanto os cegos? Os cegos eram das maiores vítimas (no sentido de que mais recebiam) dos seus milagres. Mas, porque essa preferência? Talvez seja porque, por serem cegos, tinham qualidades que os que vêem, em geral, não possuem.

Os cegos, espiritualmente falando, realmente tinham fé, acreditavam sem ver (lógico). Mas, acredito que esse lado espiritual, mesmo em sua grande importância, não subsistia sozinho. Seria muita despretensão nossa pensar que nada mais existe além dessa convicção das realidades que não se vêem (a certeza daquilo que ainda não se possui).

É o lado humano do cego que acredito que desperte tanto interesse de Jesus, é por ele ser indefeso, esta qualidade que penso ser essencial para a sociedade do amor. Todo mundo, creio eu, deve ser um pouco dependente. O cego que vive sozinho e que de ninguém procura ajuda, nada possui, nada faz, nada vive. É por isso, talvez, que aquele cego precisasse tanto enxergar, porque se visse, não estaria desamparado.

Queria eu ser um pouco cego, para assim aprender a confiar nas pessoas. O que seria de um cego se não confiasse? É aquela mão, que não se sabe de onde vem, que ele espera que o leve para o caminho certo, já que não consegue discernir o caminho certo do errado. Foi aquele cego que, mesmo sem ter visto nenhum milagre de Jesus acontecer, acreditou naquilo que o disseram, e implorou a Jesus que o fizesse para ele também.

Se o cego é assim, tão maravilhoso, porque Jesus lhe fez enxergar? Deve ser pelo mesmo motivo que morreu na cruz, por causa do pecado do homem. O que me revolta, é que parece que Ele morreu em vão.

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O pior pecado

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Os homens confundem, infelizmente, o crime com o pecado. Aquele afeta a sociedade, já este, o coração do Amor. Para o crime, o perdão é injustiça, no senso comum, é desconsiderar-se a vítima. Mas para o pecado o perdão é óbvio, já que a vítima nunca será ofendida, nunca perderá sua onipotência, sua soberania nunca, por nenhum pecado, será diminuída.

Se o pecado fosse crime, o pior seria o de aborto, visto que se priva da vida uma pessoa com nenhuma capacidade de se defender. Poderia ser o de homicídio, mas preferem ao aborto, e também tendo a preferir, porque o pequeno e indefeso sempre é mais digno, também por ser mais belo. Não deveria pensar assim também. No entanto, os que cometem este crime são passíveis de perdão, e suas vítimas, ainda mais as de aborto, alcançam misericórdia. Os abortados, portanto, sem dúvida, possuem o Reino dos Céus.

Mas como pecado e crime não são a mesma coisa, podemos supor qual seria o pecado que mais fere ao coração de Deus. Este seria o pecado da maior covardia, fraqueza, mas não é por isso que perde seu caráter abominável. Por este pecado recusamos a todos os dons dados por Deus a nós, ainda que isso fosse pouco, cessamos todo o plano que Ele teria para as nossas vidas. Se não fosse isto tudo suficiente, por este terrível pecado não podemos ser perdoados, visto que, talvez não possamos ter a oportunidade de nos arrepender.

Em todos os outros pecados, Deus tem como improvisar, interferir com seu infinito poder na história, do jeito que bem entender. Só no suicídio é que isto não é possível. Contudo, por incrível que pareça, os que o cometem não deixam nunca de serem dignos de misericórdia, seja por suas razões, condições, ou qualquer outro motivo justo. Pior é aquele, eu creio, que se suicida sem morrer, ou seja, comete os pecados secundários sem cometer o principal. Mas não somos nós que vamos julgar, não é?

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O que tem mais valor?

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Era outra vez um casal, marido e esposa. Ele era Pedro, e ela era Madalena.

Conheceram-se num parque de diversões, mais exatamente, na montanha russa. O que aconteceu foi que Pedro tinha ido sozinho ao parque, ele era bastante solitário e gostava disso. Madalena tinha ido com os primos. Quando Madalena ia para a montanha russa, acabou sobrando por ser mais velha do que a geração de primos e teve que ir sozinha no último carrinho, aí é onde ele entra na história, estava sozinho na fila e ela o convidou.

Quem já se apaixonou à primeira vista sabe que isto existe, e foi o que aconteceu. Pedro nunca havia sido convidado para algo antes, era como se as pessoas sentissem que ao fazê-lo, faltariam com algum tipo de respeito que não se sabe qual. Sentou-se no carrinho junto a Madalena, travaram a barra de segurança e começou o passeio. O que houve foi que ela, quando subiu a montanha e viu a altura em que estava, segurou com a sua a mão de dele, travando os dedos como um fechiclé. Gostaram e continuaram assim até o fim do passeio.

Não falo em destino, mas o Desígnio fez com que se encontrassem mais duas ou três vezes, até que, estando na hora certa, começaram a ter uma relação menos superficial, quando Madalena entrou na faculdade e o via todos os dias no centro de ciências humanas. Os anos se foram passando, e o que aconteceu o leitor provavelmente cogita em sua mente. Eles noivaram quando terminaram a faculdade, começaram a trabalhar e casaram-se apaixonados dois anos depois, quando tudo estava pronto para que isto acontecesse.

Pedro amava Madalena com tudo o que podia, queria que ela fosse a pessoa mais feliz do mundo e fazia tudo para que isto acontecesse. Madalena o amava com tudo o que não podia também, era fiel a Pedro até nos seus pensamentos. Assim, viviam um amor em que um levantava o outro, sem aqueles conceitos egoístas de amor que temos hoje em dia, em que se vive cada um para o seu lado. Enfim, eram felizes.

Até que em um dia, quando acumulavam sete anos de casados, Madalena foi sequestrada. Ocorreu quando ela voltava para casa do trabalho com o carro que havia comprado há duas semanas. Três jovens armados cercaram o carro quando ela estava parada no sinal. E aconteceu o que geralmente ocorre nos sequestros relâmpagos. A levaram para um lugar esquisito, e lá disseram que só a liberariam quando ela aceitasse ter uma relação sexual com eles, e se não quisesse, tirariam sua vida.

Madalena só pensava em Pedro, imaginava que a preferiria viva, e não ligaria tanto se ela tivesse aquela relação. Com o tempo tudo voltaria ao normal. Pensava também em si, mas naqueles poucos minutos, só teve tempo para imaginar o sofrimento de Pedro, que sempre se doou inteiramente. Escolheu pela sua vida e voltou para casa.

Aconteceu tudo o que ela imaginava. Pedro queria ela viva e a amava demais para condenar seu ato. O tempo passou, os filhos vieram, mas a culpa nunca saiu da mente e do coração de Madalena.

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Eurico e o Robô

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Era uma vez um homem chamado Eurico, ele era um homem poderoso e rico, enriquecido pelo povo.No ano de 2040 acumulava seus 119 anos, e começava a se preparar para a sua iminente morte, pois, ao completar seus 120 anos, suas células começariam a se autodestruir, coisa que a engenharia genética não foi capaz de evitar.

Eurico tinha carregado algumas desavenças na vida, era um político, e havia várias situações que sua ânsia de ter falava bem mais alto que seu coração. Por isso, quando estava para completar 100 anos, teve seu mandato cassado por peculato, e a lei, já evoluída, já tinha estabelecido que a cassação de mandatos fosse definitiva. O grande autor dessa façanha era um eminente juiz que convenceu toda a bancada, ele foi hábil por usar a sociedade como escudo e, principalmente, como instrumento coercitivo. O velho carregava incomensurável rancor por este homem digno.

Enfim chegou a hora da elaboração de seu testamento e o moribundo, que não tinha como amigos nem mesmo seus familiares, dos quais não era noticiado há muito tempo, deixou um testamento para seu robô que dizia:

Meu querido e fiel companheiro, enfim alcançou-me o destino, vim para ser nutriente dos vermes, e estes comerão da carne da mais alta nobreza. Deixo-te como herança o eterno desejo de minha razão, para que assim sejas digno de minha infinda estima. Deves eliminar aquele que ousou obstruir meu caminho de glória. Mate o juiz Tomás Carneiro, e deixe todos os meus bens para sua família, que merecerá indenização póstuma.

Seu fiel companheiro executou sua tarefa com sucesso e teve início aquela imensurável polêmica entre aqueles que decidiam os direitos.

Pergunta-se, pois: Quem, o quê e por quê deveria ser punido? (Uma dica: Pense como um juiz analisando o caso.)

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