O caminho do parque

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Estava sentado no banco do parque, revoltado da vida, puto até o último fio de cabelo, e resolvi protestar. Só não sabia como.

Comprei cigarros, os acendi e apaguei até que acabaram e toquei fogo na caixa; escutei músicas selecionadas do Sepultura, quebrando todas as minhas canetas, até que percebi que isso estava me acalmando; por fim, resolvi matar formigas. Nada solucionava meu ódio, até que tive uma ideia.

Fui ao banco, saquei cem mil pesos e troquei no mercadinho mais próximo: cem notas de mil pesos. Voltei ao parque, sentei em outro banco estrategicamente localizado e dei início ao intento. O primeiro que passou à frente, chamei-o de "hijueputa" e lhe entreguei mil pesos; em seguida vieram "gonorreas", "desgraciados", "imbeciles", "malparidos", "putos", entre outros. Fiquei satisfeito.

Descobri que um ato de "caridade", mesmo que pequeno, poderia pagar um desgosto, uma grosseria, uma implicância, uma desconfiança. Descobri que, por um ato de "bondade" seguido de um diametralmente oposto, a pessoa ainda ficaria em débito de gratidão, porque a caridade vale mais que a maldade.

Enfim, passei a andar com alguns mil pesos na carteira para pagar cada erro que cometia.
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1 Comentários

Um comentário :

  1. Parabéns pela criatividade ! Bela solução para os problemas seja, individual ou coletivo e, tirou um peso da sua consciência, não é mesmo.

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