Do Natal

7 comentários
049Não foi a rejeição que fez o Menino Jesus nascer em uma manjedoura, era Ele mesmo que não queria luxo. Afinal, não significa esta linda data também o modo como Deus quer entrar na nossa vida? Para viver um verdadeiro e santo Natal, precisamos estar vazios de qualquer coisa que não Deus, afinal, Jesus não nasceu em outro lugar porque estava cheio (Lc 2, 7). Por que, então, não pensar desse modo? Deus pode habitar em um coração que o divide com outras coisas? Não! Nem o quer, do mesmo modo que pôde nascer em outro lugar, mas também não o quis!
 
Também Ele poderia ter nascido com tudo que um Rei da majestade Dele merece, mas não o quis. Afinal, desde o seu nascimento Ele queria dar o exemplo. Pois, assim como as questões materiais pouco tem verdadeiro significado nas nossas vidas, sendo puramente questões acessórias, utilitárias, Deus não quer, nem pode visitar um coração soberbo. Por outro lado, num coração pobre e despojado está a perfeita moradia para o nosso Deus. Interessante também são os animais que acompanhavam o seu nascimento. De acordo com o trecho em Isaías (Is 1, 3), era um boi e um jumentinho. Afinal, que significam estes animais? Não seria o boi aquele que se dá como sacrifício e serve de alimento para os outros e o jumento aquele que serve? Podemos dizer, assim, que sendo este o modo de Jesus agir, que amar não é nada senão sacrifício e serviço. Jesus queria a companhia destes ali consigo. Jesus quer que nós sejamos assim, para sermos seus companheiros.
 
Agora, de onde vem esse nosso costume de presentear? Dos reis magos? Os reis magos levaram os presentes para quem, para a Virgem Maria e para o seu esposo, José, ou foi para o Rei que ali nascia? Por que nós, também, não damos os nossos presentes para Deus, que o merece, em vez de dar para tantas pessoas? O Natal não é de riqueza, mas de pobreza material. Não é isso que entendemos da manjedoura? Portanto, o Natal é repleto de significado que não poderá jamais entender aquele que vive a festa que o mundo inventou.
 
Não entendo porque tanta parafernália para um dia de Natal. Não entendo porque tantas luzes, tantos postes, e também não entendo porque ninguém se lembra da Estrela da noite.
Um feliz, rico e santo Natal.

7 comentários :

Postar um comentário

Da Eterna Vida

4 comentários

1298862680_d7f76bbc69

Sejamos coerentes, se alguém acredita tão somente nesta vida, há de valorizá-la. A todos os ateus, eu aconselho que procure beber dela tudo que ela poder dar, visto que o sentido da vida deles é viver. Entretanto, aos cristãos, admoesto que se preocupem com sua morte, ela que, a qualquer momento e sem avisar, pode vir nos visitar. Àqueles que adotam a versão mundana do “carpe diem” e dizem: “hoje eu aproveito, amanhã me converto”, pergunto se eles têm certeza que o amanhã haverá. Interessante, pensam logo em pessimismo quando afirmo isto, entretanto, é na relatividade das coisas que os conceitos se revertem. Para aqueles que vivem uma vida sem sentido, a morte é um mal irremediável e pensar nela é pessimismo. Entretanto, para aqueles que vivem uma vida com sentido, a morte é um bem que há por vir, pensa-se nela com esperança, porque todo mal que aqui existe será resolvido. São os bem aventurados que também são chamados de felizes, porque desfrutarão desta felicidade plena por toda a eternidade.

Não vivamos, pois, como ateus. Por que rejeitar todo sofrimento do mundo, se tudo passará? Viveremos num eterno gozo, numa vida infinita, plena, ilimitada. Alguns temem esta vida, pensando que ela pode ser enjoativa, sem graça, porque veem os cristãos assim, sem graça. Deus não tem culpa, ele não quis que seus filhos fossem robôs, mas sal para terra e luz para o mundo. Contudo, se desta vida infeliz não queremos nos desapegar, quanto mais da que há de vir? Estamos aqui, mas daqui não somos.

Àquele que reclama da falta de posses, pergunta-se: De que adianta tê-las? Tudo passará. A sabedoria é certa, nada levamos conosco. Quanto mais se têm, mais escravo se é. Jesus não mente ao dizer que é mais fácil passar um camelo no buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. É fácil encontrar um rico pobre de coração, daquele que de tudo que tem pode se despojar, ou não? São apegados ao mínimo centavo que têm! “Ainda existe uma livre vida para as almas grandes. Na verdade, quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a modesta pobreza.” (Nietzsche, Assim Falava Zaratustra) E é verdade, quanto mais se é pobre, ainda mais de coração, mais se é livre. Consumismo não é exercício da liberdade, mas sintoma de escravidão. Pouco importa o que temos neste mundo, enquanto preocupamo-nos em ter algo aqui nesta miséria, tantos sofrem pelo pouco que podemos dá-los para ter um mínimo de subsistência. No Céu, tudo aquilo de perfeito e maravilhoso estará à nossa disposição. 

Por outro lado, há aqueles que querem tudo ser, os donos do próprio nariz, os senhores do mundo e de si mesmo. Quanta burrice há em ser assim! Será que não se tocam que não veem um palmo na frente do próprio nariz! Qual é o problema de ser pequeno? Qual é o problema de servir? Qual é o problema de se rebaixar? Por que queremos tanto e sempre estar acima? Por que tanto orgulho e inveja? Por que tanta perseguição? Por que tanta avidez em querer ser melhor? Por que tanta sede em elevar a própria autoestima? Por que tanta vontade de ser famoso, de ser observado? Que sentido isto tem? Sentido há em ser o menos, em servir, em não viver para si mesmo e sim para o melhor dos demais. Isto é amor! O melhor poder que podemos ter não vem por mérito nosso nenhum, nem, na verdade, é nosso. Este é o poder de Deus, por ele nós podemos amar curando, operando milagres, aconselhando, evangelizando, seja o que for. Poder que faz sentido é o que serve para mais servir. Além do mais, na outra vida não teremos mais a nada o que obedecer, seremos plenamente livres, porquanto tudo o que fizermos consistirá no mais perfeito e santo e outra coisa não nos atrairá senão isto!

Ainda há, e como há, os que têm sede de prazer. Estes se justificam por sua natureza animal. Comparam-se com alguns para justificar sua sede de sexo, a outros para justificar o homossexualismo. Que natureza temos senão a parentela com Deus, de quem somos imagem e semelhança, criados a Seu modo, santos, e maculados pela nossa desobediência. Não digo isto somente para o prazer de origem sexual, mas de todo tipo de prazer, todavia, sabemos que vivemos em um mundo sexualizado. Entretanto, muito dificilmente perdemos tempo em aquilo em que não nos dá gosto, seja no comer, seja no viver. Há muitos que não têm nenhuma chance de ter o prazer que temos em diversas formas. Como se pode ousar em dizer que se é feliz com tanta infelicidade no mundo? Como se pode viver tão despreocupado, abusando de tudo que for possível, enquanto tantos não têm o que comer nem o que beber? Não é mentira dizer que o nosso egoísmo hedonista dá origem a muitos dos criminosos. Por que não viver uma vida sóbria e casta, sabendo que teremos uma eternidade na vivência de um prazer puro nunca provado antes?

Enfim, por que crucificamos a nossa alma em detrimento de um prazer passageiro? Devemos lembrar que todo sofrimento neste mundo é pouco ou nada, comparada à consolação que teremos na vida eterna. No céu não precisaremos mais ser castos, já seremos perfeitos. Na eternidade não precisaremos ser obedientes, porquanto seremos totalmente livres. Na vida eterna não temos nada a preocupar com a pobreza, pois tudo possuiremos. Isso tudo, obviamente, nada se compara com qualquer ter, poder ou prazer que aqui neste mundo de feras podemos ter. Vivamos incessantemente consolados pelas promessas de Deus.

4 comentários :

Postar um comentário

Do sofrimento

8 comentários

vincent-van-gogh-final-paintings-1

Não é verdade! Não é verdade que o sofrimento é ruim! Já disse e o faço novamente, que o sofrimento é escola, o sofrimento eleva, o sofrimento dignifica! Porque tanto fugimos dele? Procurar sofrimento, sim, é masoquismo, mas, quando ele bate à nossa porta, por que não deixar entrar? Só assim, quem sabe, ele possa sair satisfeito. Por outro lado, enquanto não abrimos, ele insiste em bater e nós fingimos que nada nos incomoda! Pior ainda é que o sofrimento, ao insistir em bater, não sai da nossa porta, o resultado disto é que ninguém mais pode entrar nem nós podemos sair. Vivemos isolados num mundo em que só nós existimos. E o sofrimento, coitado, ficou triste por não ter a quem ensinar.

8 comentários :

Postar um comentário

Da vontade de Deus, do homem e da carne

4 comentários

crown

Vontade de Deus... Vontade de Deus... Vontade de Deus... Eis o que se repete e se repete, principalmente dentro de mim. O que é vontade de Deus? Qual é a Sua vontade? Qual é a minha? Ainda mais, será que existe alguma vontade que não vem nem de mim, nem de Deus? É quase um desespero que dá para poder responder essas questões, até mesmo porque insondáveis são os desígnios de Deus. A solução, irmãos, é pensarmos juntos. Partilharmos aqui as nossas angústias acerca da luta pela vontade de Deus!

Vontade de Deus é tudo aquilo que já foi dito. Entretanto, podemos, sim, nos aprofundar mais! Bem, muito se diz que existe a escolha entre o da carne, o lícito e o santo. Podemos facilitar o entendimento se dizermos em vez destes termos, contra a vontade de Deus, na Sua permissão, e na Sua conformidade.

Quando algo é da carne, ou seja, contra a vontade de Deus, pressupõe-se que aquilo seja pecado e que gerará más consequências, é a vitória de Satanás, porque se optou pelo pior, diga-se o inferno. Esta vontade vem do mal, aconselhado por ele, e nos leva ao inferno. Quando escolhemos pela vontade da carne escolhemos pelo inferno, isto é o que acontece quando, por exemplo, ao ser pedido por esmolas, se responde “vai trabalhar, vagabundo!” Ao fazermos isto, além de estarmos pecando ao julgar, por não sabermos se aquela pessoa está em real necessidade, além da ofensa causada, aquela pessoa, com certeza, entristecer-se-á com aquela ofensa e aquele julgamento. Vale ressaltar, e há intrínseca conexão com o afirmado, de que a grande maioria dos sofrimentos do mundo são causados pelo pecado, pouquíssimos são pura providência Divina, tal como pode acontecer nas noites escuras e quando se recebe as graças extraordinárias dos estigmas. Uma escolha egoísta, orgulhosa, luxuriosa, invejosa, irada, avarenta, preguiçosa e gulosa (diga-se consumista), geralmente, quando não sempre, vem da carne.

Algo pode acontecer na permissão de Deus quando não vem do inferno, nem leva ao inferno, nem tanto vem do Céu ou leva-nos a santidade. É algo puramente humano, lícito, não vem de nenhum lugar a não ser de nós mesmos. É pecado porque não é vontade de Deus, mas é pecado leve. Pode-se exemplificar com a legítima defesa, quando matamos alguém para não morrermos. Não é homicídio, é legítima defesa! No Direito, diz-se que há um excludente de antijuridicidade, porquanto a lei assim diz. Contudo, não é o santo! É algo lícito, permitido, até mesmo pela lei. Também não é pecado mortal. Entretanto, o santo seria deixar-se vulnerável assim como nosso amado Jesus, que foi como um cordeiro indefeso ao abate. Assim como foi afirmado que não vem do Céu nem do inferno, vem do homem, puramente Dele, e leva, obviamente, ao purgatório, até porque não se pode entrar no Céu vivendo de maneira não santa, também não é justo o inferno por não se consistir em “maldade”. Por isto, é interessante pensarmos que quando vivemos nesse lícito, nosso lugar ainda não é o Céu, pelo menos a Ele não pertencemos diretamente.

Agora o Santo, o que é a favor e conforme a vontade de Deus! Trata-se da decisão quase sempre mais louca, mais difícil, que mais exige de nós fé, esperança, amor, além de muito despojamento de si. Vem direto do Céu, aconselhado diretamente por Deus ou por seus anjos, muito O alegra e nos leva diretamente para Ele! Entretanto, é necessário dizer que geralmente escolher pelo santo é inclinar-se ao mais difícil, mais insípido, ao que dá menos gosto, mais trabalhoso, ao desconsolo, ao menos, ao mais baixo e desprezível, a não querer nada e escolher pelo que há de pior neste mundo, e desejar entrar em toda nudez vazio e pobreza, por amor a Deus, assim afirma São João da Cruz. Mas, isto não pode ser interpretado como ficar sempre com o pior, mas que muitas vezes teremos que passar por isto. Humilhar-nos, trabalhar com mais força, porque a vontade de Deus muitas vezes não será a nossa, e não porque é ruim e sofrida esta vontade, mas que as nossa condição de pecador dificulta muito. Ainda mais porque o demônio vai fazer de tudo para tirar-nos desta vontade. Mas, a recompensa é eterna.

É importante dizer que, se for vontade de Deus que alguém seja rico, isto é santidade para esta pessoa e esta pessoa deverá provavelmente mostrar como é possível ser santo sendo rico. Não é o vazio e pobreza exterior que trata a santidade, mas a pobreza e vazio interior! É insípido porque o pecado é que tem gosto, muitas vezes, mas o gosto da santidade é muito melhor, é gosto de felicidade, a satisfação eterna do espírito. O pecado é tão somente uma satisfação passageira da carne. Entendamos que santidade é vontade de Deus, é amor a Deus e a Sua santa vontade. É simples de saber, mas difícil de executar. Se for a vontade de Deus que sejamos garis, porque não o ser? Se for da vontade Dele, assim seremos felizes e assim teremos nossa recompensa, não porque Deus nos compra, mas porque Ele, diferente de nós, não é ingrato! Santidade é algo totalmente distante de presunção! Muitas vezes, quando se escolhe o “mais santo”, não o é, mas é por presunção de santidade. É querer limitar a criatividade e a inteligência de Deus acreditar que ser santo só é ser igual a São Francisco, ou a São Pio de Pietrelcina, ou a Santa Teresinha, ou Santa Teresona, mas ao que Deus quer que você seja santo. Mas o exemplo deles, sim, é importantíssimo. Toda santidade é original, e quando não for não é santidade!

Portanto, irmãos meus, que nós queiramos, pelo amor de Deus e por amor a Ele, ser santos na vontade de Deus para nós. Se por um acaso alguém achar difícil ou impossível de o saber, faça o teste de perguntar com sinceridade de coração, para ver se Ele não responde da maneira que for! E lembremo-nos, sempre, que o primeiro degrau para a santidade é o despojamento de si mesmo.

Shalom!

4 comentários :

Postar um comentário

Da vontade de Deus (Introdução)

7 comentários

Sagrado Coração de Jesus

“Eis que estavas dentro de mim, e eu lá fora, a te procurar!” (Confissões, Cap. XXVII) Eis o que diz Santo Agostinho em seu solilóquio de amor. De fato, de logo se anuncie, que o que será aqui exposto é um tanto que incompreensível. Isto posto, que o leitor desanime todos os anseios e expectativas possíveis de que o assunto seja exaurido tanto em sua profundidade quanto em sua extensão. O que será aqui exposto é resultado de oração, vivência e estudo, muito mais vivência do que estudo e oração. A teimosia nos faz refletir bastante sobre o tema.

A questão sobre a vontade de Deus tem várias acepções, sendo a primeira geral, qual seja, a santidade. Deus quer que todos os seus filhos sejam santos. Tarefa difícil é esta, em virtude de estarmos neste mundo que jaz sob o poder do maligno (I Jo 5, 19). Todavia, existe toda uma tendência dentro de nós para a santidade, visto que é de nossa natureza, é como que entrar novamente dentro da forma na qual fomos feitos. Interessante é pensarmos nisto. Todo ato de amor gratuito, tudo aquilo que é realmente bom e santo, que nós praticamos, faz-nos imenso bem, dá-nos incomensurável consolação ao espírito, isto porque nosso verdadeiro “eu” é correspondido, é saciado! Nós nascemos para a santidade! Deus quer, pois, esta santidade que habita dentro de nós!

Se alguém se questiona sobre o que é ser santo. É simples a resposta. Existe uma vontade de Deus externa a todo homem, que serve para todos e para todos foi criada, inspirada e elaborada. É a palavra, afinal, o Verbo que é o próprio Cristo que se faz verdade e santidade na Bíblia. Lá temos as disposições, os direcionamentos, o que devemos e não devemos fazer. A lei antiga e os mandamentos, a lei nova e os conselhos. Os mandamentos, portanto, não são nada mais do que a retidão da natureza humana, conforme criada. E os conselhos, porque não afirmar, que são o transbordar da natureza humana, isto é, a assemelhação do homem com Deus, para que este, assim como diz São João da Cruz, seja deus por participação. Há só algo que se deve, e como se deve falar, é que, do mesmo modo que a Escritura Sagrada foi inspirada por Deus, a sua interpretação, da mesma forma, deve ser inspirada e iluminada pelo mesmo Espírito Santo da sua elaboração. Portanto, os diversos posicionamentos que podem existir, em vez de se anularem, devem se completar, assim como o Deus é um Deus de união e coerência.

Existe também uma vontade de Deus específica, aquela que é para cada homem. Aquilo para o que se nasce, aquilo para que se deve fazer, enfim, a determinada vontade que nos santifica. Desta vontade de Deus, arrisca-se dizer que mora dentro de nós, e que é a nossa verdadeira vontade, do fundo do nosso coração, do fundo da nossa alma. É, principalmente no que toca às vocações que isto mais se vê. Vivências erradas de vocações frustram e deixam más consequências. Isto é o que se vê em famílias com pais sem vocação para tal, na criação de seus filhos, ou mesmo na quase impossível vivência em dois, que constitui numa série causa de infelicidade. Isto se depara também, talvez com maior gravidade, em sacerdotes que não tem vocação para o serem. Muito da origem disto se dá nos tempos antigos, quando tinha de ser religioso para ter acesso à ciência, deste modo, vários e vários padres o foram com nenhum interesse no verdadeiro sentido de o ser. Por outro lado, quando se sente um chamado específico para uma vocação, não se deve nunca ver algo de externo, mas de interníssimo, de modo que o que é vontade de Deus para cada um é o que Ele sabe que os deixará felizes e realizados. Não há, pois, o que se temer, porque, se é mesmo Deus que chama a algo, Ele nunca decepcionará! O oposto sim, é que pode ocorre, e é o que ocorre usualmente. Frustrar a Deus, é, por fim das contas, frustrar a si mesmo.

Outra acepção de vontade de Deus, que se pode refletir, é sobre a efemeridade da vida, dos tempos. Tal fato é bem exemplificado naquela bela passagem, Eclesiastes 3. Isto se dá porque, Deus, pensando na nossa felicidade eterna, mais aproximadamente, na nossa santidade aqui na terra, prepara diversas realidades para a nossa vida, tudo para o nosso crescimento. É real o que afirma São Paulo: “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Rom 8, 28) Nessas horas muito se questiona a Deus, principalmente quando o tempo em que está se passando é de dor ou de dificuldade. Ah, se todos possuíssemos a devida visão espiritual, veríamos, assim como Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz ou Santa Catarina de Sena, que o sofrimento é providência e graça de Deus. Deus usa até dos demônios, a ponto de nenhuma ação diabólica fugir da permissão de Deus, quanto mais das realidades do nosso dia-a-dia! Nesse ponto, Ele se faz como um professor, dando-nos verdadeiros exercícios e avaliações. Como afirma Catarina, é no sofrimento que são provadas as nossas virtudes.

Por fim, a vontade de Deus funciona, quase que diariamente, como estratégia de guerra. O demônio anda ao nosso redor como o leão que ruge, procurando alguém para devorar (I Pd 5, 8),e é contra ele, muitas vezes que temos de lutar. Nossa inteligência, incrivelmente limitada (quase zero), algumas vezes, não pode disputar com a de seres espirituais de natureza angélica. Por isso, na alma onde não há pecado mortal, Deus constantemente está a avisar, a conduzir. Essa é a vontade de Deus com a qual nos deparamos mais corriqueiramente e, obviamente, a de menor importância. Mas, de muita utilidade é a escuta. O caminho certo, a hora certa, o jeito certo. Pode ser que estejamos distante desta realidade tão sobrenatural de combater junto a Deus, atendendo os seus direcionamentos, todavia, é certo que chegaremos lá se formos fiéis!

Não há dúvida, portanto, que a vontade de Deus é a nossa felicidade, não só porque mora dentro de nós, mas porque é o caminho seguro a seguir. Nossa liberdade é limitada, sim, quando estamos no mundo. A união com Deus liberta, ao contrário do que se possa parecer, mas isto ocorre porque Deus mostra à alma sempre o melhor caminho.

7 comentários :

Postar um comentário

Dos Ladrões da Glória de Deus

2 comentários

VERONESE AND STUDIO-XX-Jesus falls under the weight of the cross

Na vida espiritual há diversas minúcias das quais muitas vezes esquecemos, e é importante sempre lembrarmos, na tentativa de não alegrarmos o demônio, nem muito menos irritarmos a Deus. Convém, é certo, que não somente oremos, por vista que para o próprio Jesus, isto não basta, mas que vigiemos, para que não caiamos em situações de pecado (São Mateus 26,41). Interessante é notar o que afirma Santa Edith Stein, a título de introdução: “nos principiantes, transferem-se para ordem espiritual os sete pecados capitais…” (A Ciência da Cruz, p. 60) Não afirmo, de modo algum, que não cometo tal ou tais pecados, pelo contrário, mas, não requer que eu seja santo para que fale sobre pecados. Até porque que um passo para santidade é preocupar-se em sê-lo, todavia, quem diz que busca a santidade e não está nem aí para o espelho, achando que não tem nenhum cravo nem espinha, quando o rosto está repleto, é um mentiroso.

Imagine a seguinte situação. Uma Certa Pessoa sentia necessidade de amar e, para isto, criou diversas realidades, materiais e espirituais. Nas espirituais, criou seres perfeitíssimos, inteligentíssimos, cheios de poder e beleza, como que reflexos de Sua glória. Até que, em determinada situação, um destes, repleto de si, por seu poder, beleza e inteligência, quis ser como Aquele que o criou, adorado - não sei porque, não lembrou-se, ou  não estava nem aí para isto, de que era uma criatura. Acabou sendo expulso das realidades espirituais, o infeliz.

Aquela Pessoa, além disso, criou todas as realidades materiais, a fim de amar. Criou uns bichinhos bonitinhos, umas plantinhas maravilhosas e um bocado de gente. No começo, Ele colocou duas plantazinhas no jardim, lá, que ele criou para o povinho dele brincar, aí apareceu aquele infeliz, nojento, bandido, desgraçado, e instigou àqueles felizes para que comessem da plantazinha que o Pai deles tinha dito que não o fizessem, afirmando que eles seriam sábios como Ele (era mentira!). Coitados de nós, que, por causa desses benditos, nascemos cheios de defeitos e temos que viver a vida para superá-los (não nego que seria capaz de fazer o mesmo, ou pior, se estivesse em semelhante situação).

O problema é o seguinte. Aquele bandido, nojento, desgraçado, assassino e mentiroso de que falei, até nos dias de hoje, fica aconselhando a gente a fazer o mesmo, e nós, bandidos, nojentos, mentirosos, assassinos e ladrões, como ele, caímos nessa ilusão! Deus nos dá tudo, tudo e tudo! Nosso corpo foi Ele que deu e nós insistimos em usá-lo para o que não presta! Deu nossa inteligência e nós insistimos em criar coisas terríveis. Enfim, deu-nos tudo, tudo, as pessoas que amamos, até a nossa realidade material permitiu que fosse assim, e nós, bandidos, jogamos tudo contra Ele! Pior é quando a nossa vaidade é tão grande e imbecil, que atribuímos algo que é de Deus a nós, como se fosse mérito nosso! Ah, coisa terrível! Se você não se detesta quando o faz, se questione, meu amigo, porque você não tem um mínimo de amor por Deus. Diga-se mais, o seu amor por Deus não consegue ser maior nem que o seu orgulho e vaidade! Como dizer que Ele é seu tudo, seu mentiroso?! E falo isso olhando no espelho!

Meus irmãos, na graça, e meus semelhantes, no pecado, acordem para esta realidade! Nós não somos nada! Tudo que temos foi-nos dado de presente, não obstante, imerecidamente! Deus é como um pai de um filho desobediente, aquele filho bem ruim, sabe? Só que Ele ama tanto o filho idiota, que quando chega em seu aniversário lhe dá o melhor presente que podia dar. Em nossa realidade, deu-se a Si mesmo, a nós, na figura de Seu filho, que partilha de Sua mesma substância. Ainda mais, ainda não contente com isto, ainda achando pouco, deu-se a Si mesmo também, a nós, na figura do Seu Espírito Santo, que procede do Dele e do Filho, para que habitasse em nós! Que amor é esse?! Totalmente louco e apaixonado! Imagina Deus fazendo isso a mim, bem mais pecador que você?! Deus é louco! Realmente, louco de amor!

Agora, todos esses presentes Ele nos dá e nós fazemos o que com eles? O que você faz, infeliz? Quando não pega e joga fora, deixando ali do lado, ou se acha indigno de receber e o recusa, ou, agindo de maneira mais perversa, sai dizendo que aquilo que Ele lhe deu é seu, de sua propriedade! Eu também, talvez muito mais vezes, quando me deparo com as graças de Deus em minha vida fico cheio de mim!

Olha, Deus fez tudo primeiro! Tudo que você faz não passa, muitas vezes, de uma cópia do que Deus fez, quando é bom! Toda resposta que você dá, de amor a Deus, não é nem novidade, nem nada demais. Era, sim, na verdade, o mínimo que você podia corresponder daquele que o ama com tanta força! Se você não estiver contente com esta realidade, de ser uma simples criatura, um instrumento, um nada, por si mesmo, mas, um tudo em Deus, por Deus e para Deus, meu colega, vá com o demônio, porque você se assemelha a ele, e prepare-se para a eterna infelicidade!

Agora, por outro lado, meus irmãos, a todos vocês que se vêem como soberbos e orgulhosos e sentem vergonha disto, minha saudação! Porque Deus é misericordioso! Seu amor é cheio, repleto de misericórdia! Ele se irrita, mas espera de nós uma evolução. Portanto, demos a Ele uma resposta de humildade, atribuindo a Ele, e só a Ele, tudo que nós porventura possuímos de bom, se é que o existe!

2 comentários :

Postar um comentário

Da origem do mal

26 comentários
pilares da criação Meu amigo, antes de começar a dizer o que quero, quero que você pense em uma coisa: é que todo conceito vincula outro. Se eu digo que sou homem, afirmo de modo peremptório que não sou mulher e você imagina que eu tenho características físicas e psicológicas de homem, e eu tenho, porque assim sou. Você pensa também que eu gosto de mulher, que é o normal e isso acontece comigo, sou fascinado por tudo aquilo que é belo e perfeito, e a mulher é assim. E o que tem a ver uma coisa com a outra? Sim, eu sei que você viu o título e está esperando algo sobre o demônio e tal, mas não tem nada a ver com ele. O demônio nada criou.

Deus criou tudo que existe. Tudo que existe, existe. O que não existe, não existe. Óbvio, não é? Nem tanto. Nessa parte é que vem a minha limitação, aí eu pergunto a você, caro amigo, o que me pergunto: “Se algo não existe eu posso fazer aquele algo?” É mais ou menos assim… O nada existe? Não. Já existiu? Já. - Até porque Deus criou tudo do nada (2 Mc 7, 28). Entretanto, deixou de existir e não existe mais. O nada, pois, existe só em hipótese. Êpa. Então pode-se dizer que o nada só não existe in concreto, mas existe uma ideia do nada. - Deus criou o nada? Deus criou todas as coisas existentes e o nada não existe, então Ele não o criou. Então, pensando assim, não existe uma vinculação da ideia à existência do objeto, isto é, eu dizer uma coisa não quer dizer que ela exista, é um simples símbolo que remete à ideia. E o que danado isso tem a ver com o mal ou a origem dele? Tudo!

Deus criou o mal? O mal existe? Vamos lá. A palavra "mal" existe, é um símbolo que nos remete àquilo que não é bem, que não é Deus, enfim. – Prepare a sua imaginação porque vamos usa-la. - (Pausa na continuidade do texto), Imagine-se um escultor talentosíssimo fazendo aquilo que melhor sabe fazer, qual seja, uma escultura de argila. Crie aquilo que você acha mais belo. Criou. Pergunto a você: pode existir a deformação daquilo que você criou? Você, como escultor de exímio talento, pode criar algo deformado, sem talento? Você consegue ser incoerente consigo mesmo? E Deus, consegue? - Deus, como amor, pode criar o desamor? Deus, como bondade, pode criar a maldade? Não, não é? É tudo uma questão de símbolo, de ideia e sua concretização. Toda ideia suporta o seu oposto, todo conceito possui seu contrário. Tudo em ideia, em hipótese.

Deus não criou o mal, isto é óbvio, mas permitiu, como permite em tudo, que o conceito que existe possua a sua negação. Deus criou, sim, a liberdade, e para esta é necessário haver possibilidade de escolha. Quando  da era do Paraíso, não existia a árvore do conhecimento, da qual o homem não podia comer? Pois é, se ela não existisse, teria o homem alguma escolha? Existiria alguma possibilidade do pecado para o homem? Não existiria liberdade! E o pecado não seria propriamente comer da árvore, mas desobedecer à ordem dada por Deus. Pois Deus, com grande desgosto, pensou: “Isso aqui não sou eu, vou dar a isto o nome de mal.” (Não sei em que língua pensou) E teve de criar mais um caminho. – use mais uma vez a sua imaginação – Deus não criou o mal, mas teve de criar um caminho pra ele (imagine que você está numa estrada e tem dois caminhos a seguir, em um tem uma plaquinha com o nome “BEM” inscrito, já no outro o nome “MAL”. Deus criou o caminho e a plaquinha com o nome. Nesta hora, você deve pensar em todos aqueles momentos em que você cogitou que Deus feria a sua liberdade, veja que era mentira da sua cabeça, porque, desde o início, antes mesmo de cria-lo, Deus pensou em sua liberdade.

Agora, e o inferno? O inferno não seria a “casinha” do mal? Bem, se você considera o lixo uma casa, tudo bem? Quer morar no lixo? Pode ser opção sua, minha não é. Mas, o que importa, é que o inferno é o banimento da criação de Deus. Só em pensar que falar sobre o inferno e a origem dele é muito mais complicado do que falar sobre o mal e sua origem, fico “tentado” a terminar o texto. Agora, nesse parágrafo, já disse algo que considero ser importante sobre o inferno. É o seguinte: se o inferno é o banimento da Criação, quer dizer que existe uma incompatibilidade com esta. Incompatibilidade nos recorda algo que não pertence, pois é isso mesmo que você deve pensar. Para pertencer ao mundo de Deus, você deve ser compatível com Ele, possuir as mesmas características que Ele e o resto do Seu Reino que é de unidade e coerência. Quem não quiser, fez sua escolha. Se Deus é, as coisas assim são. Se Deus é porque é, as coisas assim são porque são.

26 comentários :

Postar um comentário

Mãe Corajosa

Um comentário

icone Enquanto dormia, andava por uma rua (em sonho) e vi, dentro de uma casa, uma garotinha me pedindo socorro. Passei pelo portão que estava aberto para saber o que se passava e, quando cheguei perto, vi um capetinha - ele era baixinho, menor que a garotinha, era vermelho e escarnecedor - que ficou à frente dela, de forma a demonstrar que ela estava sob seu domínio. Parei. Fiquei um tanto atordoado com esta visão (eu tinha medo) e pensava em alguma forma para ajudar. Não sei por que, o minúsculo entrou na casa e deixou a menina lá no terraço. Aproveitei, lógico, para correr, pegar a menina nos braços e joga-la por cima do muro. O fiz. Quando era a minha vez de fugir, já estando os braços apoiados em cima do muro, senti um puxão na barra da calça. Acordei.

Acordei com meu coração em disparada. Aquela experiência havia me deixado perplexo a tal ponto de não conseguir pensar em outra coisa senão no sonho. Tentava dormir e não conseguia. Até que tive a ideia de ir para o quarto da minha mãe para lhe contar o ocorrido. Cheguei logo dizendo: “Mainha, tive um pesadelo horrível. Não consigo dormir mais, não...” Pensando que ia receber algum consolo, enganei-me. Disse ela que fosse rezar o terço e voltou a dormir. Eu, pobre medrosinho da mamãe, fui desconsolado pegar meu terço. Peguei. Decidi ir para a sala rezar o terço na minha cadeira preferida. Sentei. Aí aconteceu o que eu não esperava.

Na sala da minha casa, havia uma imagem de Nossa Senhora das Graças de porcelana com meio metro de comprimento que minha mãe ganhou quando do seu casamento. Quando sentei na cadeira, fiquei defronte à ela e vi o que não esperava, a imagem estava verde! Pense num susto foi o que levei! Pensando que minha mãe do Céu poderia aparecer ali mesmo, parei de rezar e fui correndo para o quarto com medo. Deitei-me na cama e dormi. Só fui perceber o que aconteceu no outro dia. É que já havia muito tempo que tentava dormir e não conseguia, porque o pesadelo roubara todo o meu sono, e, após aquela visão, ocorreu que dormi imediatamente, fato estranho porque deveria estar, sim, muito mais acordado.

Foi a minha mãe do meu Senhor que, de modo também assustador, veio me visitar. Ela não queria que eu tivesse medo daquele coitado. Por isso, se ela esmaga a cabeça da serpente, quero eu ter a ousadia e coragem de dizer, com a graça de seu filho, como ele: “Cala-te e sai!”

Um comentário :

Postar um comentário

Carpe Diem

4 comentários
O tempo é uma realidade mortal, por causa dele os anos se passam e nós morremos. Quando morremos, essa história de tempo se acaba, entramos na eternidade. Uma realidade particular da eternidade é que nela nada se modifica. Por isso, para nós, humanos e mortais, o tempo é uma dádiva, por meio dele podemos evoluir, já que na eternidade nada muda. Outra dádiva é o sofrimento que, bem aproveitado através do tempo, eleva-nos até o estado de perfeição saboreado pelos santos. Todavia, ocorre que o homem, sem saber o sentido da vida, no desespero da incerteza quanto ao seu destino espiritual, contenta-se com este mundo mortal e cruel e, tentando fazer dele uma morada eterna, eterniza o hoje, esquece o ontem e abandona o amanhã.
 
Nós morremos, disto todo mundo sabe. Todavia, só o nosso corpo morre, somos, na verdade, eternos. Feitos de corpo, alma e espírito, aquele primeiro padece inevitavelmente, estes últimos não, não se destroem nem podem ser destruídos.  Recordemos que o homem foi criado eterno, passou a morrer por causa do pecado, mas, repetimos, só o corpo passou a morrer. Entretanto, assim como o homem antes da desobediência não morria, também não encontrava em si defeitos. Tinha, diferente de nós, inteligência, memória, vontade, afetividade, imaginação, espiritualidade e amor perfeitos, tudo estava voltado para Deus, assim como o espírito inteiramente elevado e a alma perfeitamente unida a Deus. Mas, veio o pecado e, de tudo isso, só restou imune a inteligência e a vontade, todas as outras faculdades  se encontram no homem como recém-nascidas. Do mesmo modo, o espírito é regredido e a alma separada de Deus.
 
Até que Deus, em seu infinitos amor, misericórdia, bondade, ..., decidiu que aquele homem, que Ele tanto amava e que o traíra, desunindo-se a Ele, deveria ser resgatado, redimido; queria o Amor destruir a morte que o próprio homem pelo pecado construiu. Apeteceu à Verdade que se tornaria homem e daria o exemplo de como assim ser; que iria mostrar-lhe o verdadeiro sentido da vida; que iria passar por toda humilhação, sofrimento e rejeição possíveis para que não possa o homem nada ter a reclamar sabendo que seu Criador havia passado por pior situação; que iria também afastar as tendenciosas interpretações e corrigir as distorções que a vaidade humana havia feito em sua lei, veio torna-la perfeita; e, enfim, quis afastar a morte que o homem havia criado para si, por ele morrendo e, definitivamente, a ela vencendo; além de outras maravilhosas obras. Fez tudo isso porque à sua amada criatura deu um bem maravilhoso, que é sua liberdade. Eu, mesmo, quando alguém que amo erra, tenho vontade de tomar sua própria vontade e por essa pessoa acertar. Pois sou assim, imperfeito, diferente de Deus, que respeita a nossa vontade. Por isso tudo, Jesus é o modelo de homem a ser imitado. Sendo perfeito em todas as suas faculdades, é o verdadeiro homem, completo e feliz. Imitar a Cristo é procurar a felicidade, terrena ou eterna.
 
Disso resulta algo que não é normal pensar e que, como a grande maioria das coisas que aqui escrevo, não tirei de mim, li em “O Diálogo”, de Santa Catarina de Sena. Ocorre que nessa vida temos, sim, a oportunidade de buscar essa elevação e sermos provados nela, numa dinâmica absurdamente perfeita. É por isso que Deus permite que em nossa vida existam adversidades, é nela que podemos treinar nossas virtudes. Devemos, pois, aproveita-las, se possível, refletindo em cada uma que passamos, qual é a virtude que o Professor vem nos provar. Pense sempre assim, como a vida sendo uma gigantesca escola na qual Deus é o professor. Quando não frequentamos à Igreja, deixamos de ir às aulas, porém, das provas não podemos nos ausentar, assim como ocorre em qualquer instituição de ensino que se preze. Na Igreja, temos os ensinamentos sobre a vida e as virtudes, os mandamentos, os conselhos, que não são nada mais do que manifestações do amor de Deus. Vemos também na Igreja a vida de Jesus, que é a coerência do Pai, de modo que o que o Pai diz, o Filho faça, é o próprio professor que ensina e que faz. Vendo os ensinamentos e o exemplo de Deus, somos bem mais capazes de sairmos melhores nas provas.
 
Ainda se pode crescer na graça. Quando estamos unidos a Deus por meio da oração, nossas faculdades são cada vez mais iluminadas por Deus. Todavia, existe um certo equilíbrio entre nelas, como que estas faculdades fossem a escala harmônica na qual Deus solasse. Nossa vida é, assim, uma música solada que Deus toca, as sete faculdades são a escala que Deus usa para tocar. Ocorre que assim como em uma música, nossa vida também possui um tom. Este tom é uma faculdade preponderante que o Pai nos deu,  de modo que cada uma tenha a sua,e também cada um tenha a sua harmonia, nas combinações entre os tons quando dos semitons. Eu, por experiência própria, creio que Deus deixado quase nada na afetividade e muito pouco na vontade, para que deixe quase completo em outras. Lembro a você que estar fora da vontade de Deus é cantar fora do tom. É terrível aos ouvidos de Deus e ao nosso quando do findar desta vida.
 
Findar desta vida. Não sabemos o momento em que vamos embora para a vida que presta. Por isto, só possuímos o hoje, o agora. O ontem já passou, não podemos modificar, mas, podemos recordar-nos dos erros passados para que assim não cometamos mais. O futuro, bem, quando se está na vontade de Deus, Ele o organiza para que estejamos preparados sempre para a Sua vontade. Entretanto, é o hoje, o agora, que importa. Pense no problema que você tem pra resolver hoje como uma equação que Deus nos dá. Esqueça do mundo e os seus “ensinamentos” diabólicos que dizem: “Aproveite o hoje, porque esta vida é efêmera.” Aí nós, idiotas como somos, damos ouvidos a este infeliz. Só que ele, astuto do jeito que é, nunca vai dizer que você vai estar destruindo seu amanhã! Aproveite, sim, o seu hoje, de modo que o seu amanhã seja preparado; aproveite o hoje para cantar conforme a música da sua vida; aproveite o hoje para tirar a nota máxima nas avaliações; aproveite hoje para começar a frequentar as aulas; aproveite o hoje porque você não sabe se existirá amanhã, e, se este não existir, talvez você seja reprovado.
 

4 comentários :

Postar um comentário

Da infinitude de Deus

4 comentários
Deus é infinito... Misteriosamente infinito. Nós, humanos e limitados por condição não conseguimos ter a menor noção do que se trata este infinito. Enlouqueceríamos, sim, de amor. Queria eu ter a graça de ganhar bastante tempo em incessantes orações com a pergunta que Francisco, o santo de Assis, fazia. “Quem és tu, quem sou eu?” De fato, mais facilmente respondemos a indagação acerca de quem somos quando temos alguma noção de quem é Deus. Depois de um certo tempo, vem-nos a notícia de que não somos nada e de que Deus é tudo. Deus é tudo que não somos. Se não somos santos, puros, perfeitos, inteligentes, misericordiosos, bondosos, ..., Deus é.  Entretanto, muitas vezes ficamos limitados à nossa humana compreensão e só porque somos nada, não queremos dar a Deus o lugar de tudo.
 
Imagine alguma qualidade sua. Agora multiplique por infinito esta sua qualidade, assim Deus é. Se você se acha belo, Deus é infinitamente mais; se você se acha inteligente, Deus é infinitamente mais; se você se acha bondoso, Deus é infinitamente mais. Pra você não dizer que me contradisse, dizendo que se você tem alguma qualidade, se você é pelo menos um pouco bondoso, você não é nada. Não deixa de ser. Comparado a Deus você não deixa de ser. Entenda uma coisa, Deus deve ser para nós o único parâmetro, se quisermos por um acaso ser dignos de algo, não nos comparemos nunca com ninguém, mas sim com Deus. Não é ousadia, não, querer ser igual a Deus, até porque isto é impossível, mas é possível tentar. Alguém já dizia que “uma meta, se for alcançável, não é uma meta.” Por isto, infinito menos qualquer quantidade finita, continua sendo infinito.
 
Toda idolatria é sem sentido, é burrice. Devemos trocar nossos ídolos por Aquele que pode preencher nossa necessidade de eternidade, de infinito. O homem mais inteligente do mundo, com seu QI 210, não se compara ao de Deus, que é infinito. O mais sábio ou douto, que já leu uma biblioteca inteira, não se compara a Deus, que tem sabedoria e conhecimento infinitos. O maior cientista não descobre nada mais do que a Criação. Não falarei nem de bondoso, nem de puro, nem de misericordioso, perfeito e muito menos santo, porque só se pode assim ser com a Graça de Deus, e assim não há como haver idolatria. Mas, se é possível que alguém idolatre algum santo ou alguém que viveu a palavra de Deus heroicamente, aviso que o que ele foi, Deus é infinitamente mais. Há alguns que se encantam pela beleza, pois digo que Deus é infinitamente mais belo, apaixone-se por Ele.

Do mesmo modo, o amor de Deus é infinito, de modo que se possa assim serem preenchidas todas as nossas carências e necessidades de amor. Deus é infinitamente justo, de modo que não esquecerá nenhum dos momentos nos quais rendemos a Ele toda a nossa vida. Deus é infinitamente misericordioso, de modo que o maior pecador do mundo pode ser muito bem compreendido e sujeito de graça ainda maior do que seu pecado. Deus é infinitamente bondoso, e tanto, que tudo nos quer dar, ainda que nós, pequenos idiotas, não o queiramos e, para isto, foi capaz de se rebaixar a nossa natureza, sofrer tudo que podemos sofrer. Mesmo sendo Deus, a Majestade do Universo, foi humilhado , mesmo sendo infinitamente amoroso, puro, casto, santo, justo e inocente, foi castigado; no fim de tudo isto, morreu por nós. Tão infinito é seu cuidado para conosco, que Ele próprio se dá na Eucaristia. Tão infinita é a sua liberalidade, que Ele, em seu Espírito, habita em nós e nos faz pequenos deuses por participação.
 
Por outro lado, tudo que não provém Dele é finito. A própria maldade é finita e é sobreposta pela bondade de Deus. É tanto que Deus aproveita-se de satanás para elevar-nos, ou existe outro modo de provar nossas virtudes do que nas contrariedades? Sou tentado a sentir pena daqueles que possuem o derrotado como senhor, que o veem lá com algum título de divindade. Ele pode ser eterno, em seu suplício, mas infinito, o coitado, não é. Meu Senhor, sim, é! Meu Pai do Céu é infinito e não se cansa de me dar tão graciosos presentes. Meu Jesus é tão infinito que me leva a Ele mesmo, ao próprio infinito, se faz um comigo. E o Santo Espírito, é infinito ao ponto de me revelar, a mim, impuro e inútil, algo do Pai, do Filho, ou Dele mesmo. É esse Deus, tão infinitamente grande, forte e poderoso, que me conquista e me faz, cada vez mais, coloca-lo em Seu devido lugar, na Majestade de tudo. Até porque Ele é tão bondoso, habilidoso, inteligente, sábio, amoroso e carinhoso, que não posso querer outro rei. Eu mesmo, sou ruim, débil, burro, inculto, odioso, indelicado e, ainda mais, soberbo, para querer ser senhor de mim mesmo.
 
É por isso tudo que desejo a nós, que bebamos sempre dessa fonte inexaurível que é o próprio Deus, que é em si mesmo por nós inacessível, mas é infinitamente humilde ao ponto de se rebaixar a nós a dizer: “Põe aqui a tua mão.” É Ele próprio que se deixa tocar, não só tocar, mas se dá como alimento, não só alimento, mas nos dá uma verdadeira vida. Nesta vida, nos dá o sentido, para que assim possamos aqui ainda sermos um pouco felizes. Mas, o que Ele tem de bom mesmo para nos dar é a capacidade de contempla-lo e conviver com Ele, dentro Dele, no Céu, numa vida tão infinita que se soubéssemos um pouco dela, desejaríamos a morte desta pseudo-vida.
 

4 comentários :

Postar um comentário

Do ódio

Nenhum comentário
O ódio, que será ele? O que lhe dá origem? É uma questão um tanto interessante. Desta vez estou aberto a, quem sabe, discordar de mim mesmo.Vamos primeiro à primeira questão.

O que penso, o que sinto, quando odeio? Se odeio algo, é algo que eu tenho total repugnância, que rejeito absolutamente de mim, do meu gosto, da minha vida. Quando sinto ódio por algo, isto me dá repulsa daquele algo, não sinto vontade de estar nem próximo, quanto mais no mesmo ambiente. Dou-me parcialmente por satisfeito pela resposta. Vamos à segunda questão.

O que é que origina este sentimento tão temido por tantos? Bem, tenho ódio por alguém que me prejudicou com pujança, ou odeio algo que me faz mal. Disso só posso (não que não seja possível outra interpretação) entender que o ódio é proveniente do pecado ou do que não é bom, e isto que não é bom, obviamente, é proveniente do pecado. Lógico que enquanto não se coloca no outro lado da moeda, quando por exemplo algum bandido odeia o policial que irá prende-lo, mesmo que sabendo que ele é errado e o policial, sim, é que é o correto, Enfim, odeia-se algo que se prejudica.

Disso se abre uma grande questão. Qual a utilidade do ódio? É uma questão em parte simples e em parte complexa. Para lembrar o lado complexo da coisa, trago à lume algo Bíblico, é quando o Apóstolo diz que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” Isso nos mostra o que é difícil de se engolir, se Deus odeia o pecado, Deus odeia. Aí é que entra o lado cético da história. Por quê? Se Deus é o bem, o sumo bem, o bem em pessoa e criou tudo que é bom, e amou tudo que criou, por que ele odeia? Só respondemos isso quando lembramos o que é amor e o que é pecado. O amor, em nível verdadeiro e divino, aquele pregado por Jesus, não é um tão simples sentimento, mas a exteriorização dele; amar é, destarte, querer, querer bem, querer o melhor. Já pecado é uma negação, na verdade, uma negação de Deus; pecado, portanto, é dizer não à Deus. Se, por outro lado, Deus diz “que teu sim seja sim e teu não seja não”, quer dizer que Ele assim pensa e, por isso, entendemos que Deus, ou ama, ou odeia, não fica indiferente. Deus nunca amará o pecado, assim, Deus odeia o pecado. Só uma lembrança, Ele não criou o pecado.

Por outro lado, não se deve odiar a nenhuma criatura, já temos os mandamentos! Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como conosco mesmos, e, se não bastasse, devemos amar assim como Cristo nos amou. Não existe sentido nenhum em se odiar ao irmão (já que somos todos filhos amados por Deus), visto que é da condição humana a imperfeição, o erro. Devemos, sim, ter misericórdia, uma amante misericórdia, daquela capaz de amar mesmo a quem nos fez mal.

Todavia, existem alguns ódios tanto necessários quanto utilitários. Ódios necessários? É porque acredito que se Deus odeia o pecado, devo também eu odiar, sendo esta uma condição para a minha salvação, e também quando odeia-se o diabo, que é o ser odiável, rejeitável, repugnável, por tudo que ele significa e por tudo que ele faz. Há também ódios utilitários, isto acontece com tudo que não vem de Deus, seja a injustiça, a mentira, a indiferença, por aí vai.

Só existe uma questão, assim como quem ama age, quem odeia deve agir também. Se você odeia o pecado, procure não pecar, se você odeia o diabo, ame. Assim como não adianta dizer que ama e não fazer nada.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Da Realidade Extrasensorial

3 comentários

Vivemos nesse mundo de realidade. Realidade? É verdade, não vivemos bem uma realidade. Deixa-me explicar o que quero dizer. Nosso olho humano vê as coisas materiais e isto para nós se torna “realidade”. Ah, sim! Assim tudo bem, então você acredita que existe toda uma realidade sobrenatural ao nosso redor? Acredito sim. Creio que há coisas que nós não vemos... Bem, não são coisas. Porque coisa é tudo aquilo que se pode medir e quantificar, e não podemos medir nem quantificar os seres espirituais. Então, do que posso chama-los? Chame-os como diz aquele escritor, como é o nome dele? Dan Brown... Lembrei! Isso é porque você só leu a capa do livro dele. Não acha melhor chamar, então, como aquela música de Angra? Não me atrevo a ler um livro dele, é muito complexo e mentiroso pra mim, prefiro escutar “Angels and Demons”.

Anjos e demônios, traduzindo. É a realidade real, a que nós não vemos, mas que nos cerca. É, existe uma batalha terrível que nós não vemos. Nenhum filme seria capaz de descreve-la. Nenhum filme é capaz, é bem verdade, mas, e nós, podemos pelo menos tentar? Não sei se podemos, talvez nos atreveremos. Topa? Na hora!

Você concorda comigo que essa batalha consiste na intenção de Deus em salvar-nos e na de satanás de nos matar? Estou de pleno acordo. Só que Deus não entra nessa batalha, ela seria muito injusta. Ele envia seus anjos para nos proteger. É verdade, mas a recíproca não é verdadeira, satanás entra nessa batalha pra ver se consegue ganhar alguma coisa. Falando nisso, há pessoas que acham errado odia-lo e vingar-se dele. Hahahaha! Peraí! E qual foi o argumento? O argumento foi de que ódio e vingança não são sentimentos bons, vê se pode? É, realmente, ódio e vingança não são sentimentos bons, quando mal canalizados. Até porque quando odiamos satanás, amamos a Deus. E também porque a melhor maneira de nos vingar dele é amando, não é. Pois é! Não existe coisa que mais o irrita que o amor e tudo que dele provém. Que tal amarmos bem muito, pra deixar esse otário cada vez mais infeliz no inferno? É uma boa, mas vê se não irrita muito ele, porque ele vem pra te pegar com força. Eu já estou acostumado com esse infeliz querendo me matar, me fazer infeliz como Ele, e é por isso que meu ódio cada vez aumenta mais! Quem se atreve a me separar de Deus?

Olha. Cuidado com o que você fala! Mas, voltemos ao assunto. Vou falar tudo logo de uma vez e depois você diz se concorda. Os anjos estão a serviço de Deus para nos proteger, nos livrar do mal e tentar convencer-nos do pecado. Por causa desses anjos maravilhosos é que, muitas vezes, somos livrados de perigos, não é por causa do destino. É porque existem mais seres a nosso favor. Entretanto, os demônios, esses capangas de satanás, ficam nos tentando a fim de nos separar de Deus. Quando não conseguem, se irritam e ficam querendo nos inutilizar. Seja por doenças, seja pela morte. Eu concordo. Nessa história de ele querer nos inutilizar quando já estamos unidos a Deus, li isso em Caminho de Perfeição, de Santa Teresa d’Ávila. E o resto, se coaduna com as palavras de São Paulo, quando diz que “não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares.” (Efésios 6,12)

É bom mesmo ser confirmado, até porque não podemos basear nossas ideias em meras elucubrações cerebrinas. Até porque entre o que nós achamos e o que realmente é a verdade, existe um imenso abismo. Pois é o que eu digo a você: estude! Porque as pessoas podem até discordar de você em virtude da contundência de suas palavras. Você é muito duro com elas. Mas não está errado. O problema é que o trabalho que você tem ao pensar para escrever um texto, não libera o que deve ter os leitores para interpretar e refletir.

3 comentários :

Postar um comentário

Da minha cruz

Um comentário

Deus me criou e me amou, amou-me antes. Todo amor que eu render-lhe será pequeno, pouco, e nunca será gratuito, porque tenho obrigação de amá-Lo. Tenho obrigação de amá-Lo porque me criou, mas não só, tenho a obrigação de amá-lo porque Ele primeiro me amou! Não sou mais do que ninguém, menos que isso, sou pior do que todos! Eu não mereço nada que Deus me deu, nada que Deus me dá! Ele amou-me antes, repito! Antes de viver, Ele já havia me amado. Antes que eu aprendesse a falar e dissesse Deus, Ele já havia me amado!

Não sou eu mais do que ninguém, mas pior, reafirmo! Quem sou eu para pensar que por ter sido alvo da misericórdia de Deus, outros não serão! Que ousadia seria a minha de pensar que Deus me amou quando me criou e a outro não! Eu, que cometi o mesmo pecado de Adão, desobedecendo à ordem do Pai e preferi não desagradar aquela que, só durante aquele momento estava junto de mim! Quem sou eu para me achar melhor? Não mereço a salvação que entrou na minha vida! Eu não mereço!

Um desejo no coração eu tenho é de roubar almas das mãos de satanás, e peço a Deus que me muna cada vez mais com um desejo santo, inteligência e gratidão a tudo que Ele me fez. Sei que se existem pessoas que vão para o inferno é porque deixei de fazer minha obrigação, esta eu possuo desde o momento que foi salvo e ela consiste em pregar o evangelho a toda criatura! Ninguém é excluso disto e o que há fora disto vem do demônio! Esse demônio que quer me fazer infeliz, quer roubar-me de Deus, esse desgraçado sem vergonha que não aceita sua derrota, quero vingar-me dele!

Ah, como eu odeio tudo que é mentira e amo tudo aquilo que é Verdade! Verdade eterna e imutável! Detesto a mentira que desune, que divide! E sou apaixonado por toda verdade que une e reintegra ao que deve ser! Relativismo? Também o odeio! Sua “verdade” ou minha “verdade”, não existem! A Verdade que busco é única e imutável, não é nada meu ou seu. Ponho-me à prova e venha Deus me revelar! Sim, Ele algumas vezes dá-me a oportunidade! Seria demasiada ousadia minha crer que possuo algum talento para escrever!

Quero, de todo o meu coração, ir em busca de tudo isso! Ah, se pudesse não dormir! Ah, se pudesse não comer para estar mais sujeito às revelações! Ah, se tivesse dinheiro e tempo para acumular conhecimento! Seria como touro a chifrar toda a mentira e ilusão que o egoísmo humano prega no mundo! Esse homem maldito que insiste em fazer como verdade tudo aquilo que satisfaz à sua vaidade! Imbecil! Se puder ir a algum lugar com esse pavor da mentira, eu irei!

São duas coisas a combater, o demônio infeliz e derrotado pela oração e sacrifício, e a limitação intelectual humana com amor, estudo e reflexão! Não sei se fiquei louco o suficiente e se esse desejo do meu coração vem de Deus ou se é tão somente presunção minha de querer ser útil, mas, se for para a minha salvação e para a de muitos quero ficar louco de vez!

Um comentário :

Postar um comentário

Da Predestinação (Teoria Geral)

4 comentários

Todos são predestinados a salvação! Dizendo isso já instigo o orgulho intelectual de muita gente que adota corrente diversa. É a verdade que acredito e acredito que seja verdade. Na verdade, nenhuma outra me atrai, visto que são incompatíveis com alguns princípios que vou lembrar. Todavia, aviso desde logo, isso é a teoria geral, para todo mundo; existe uma teoria especial muito mais complexa, sobre a qual não me considero ninguém para falar. Prefiro, por enquanto, pensar no caso geral e isto me serve.

Em primeiro lugar, o futuro não existe, assim afirma Santo Agostinho. Se não existe futuro, não existe destino, nada há nesse mundo que não se possa mudar de rumo. Portanto, se tratamos essa questão de predestinação como algo que está certo para acontecer, como que se eu nascesse para ser médico eu estou fadado a sê-lo, ela não existe. Todavia, pode-se questionar acerca das profecias divinas, argumentando-se que ela falava sobre um futuro certo. Sim, elas falam do futuro, isto é certo, entretanto, mesmo não existindo futuro, existe tempo. O tempo foi criado por Deus, para que o homem morresse, e Ele é eterno, portanto, vê o nosso atual, passado e futuro presente como eterno presente.

Um segundo ponto é o nosso livre-arbítrio. Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Criou assim com suas características, uma delas é a liberdade. Deus, que é livre, e plenamente livre, criou o homem também livre. Esse homem, em seu primeiro ser existente, usou sua liberdade para negar, desobedecer Àquele que o criou. Adão era predestinado a ser feliz, eterno, livre, santo. Todavia, escolheu não sê-lo, preferiu cair na mentira da serpente e querer ser como Deus. Assim como Adão foi predestinado a tudo isso que eu disse, nós também somos. Contudo, podemos negar tal predestinação. Deus tem um plano de amor para cada um de nós, isto é, cada um nasceu para ser algo, entretanto, todos somos livres para escolher. Destino não é algo certo. Predestinação não é predeterminação. Destino é o fim para o qual fomos criados. Nosso destino é Deus.

Um terceiro ponto, e talvez o mais simples deles, é que Deus é amor. Sendo amor, no ato da criação, amou tudo. Ele olhou para Adão e o amou, assim como para Eva, Caim, Abel, Moisés, Maria, Francisco, Catarina, João, Igor. Ele olhou para todo homem, em toda história, “presente”, “passado” e “futuro”, e os amou. São Paulo afirma, “Dele, por ele e para ele são todas as coisas.” (Romanos 11,36a) Se o Pai criou todas as coisas para seu Filho, criou também todos os homens para Ele. Se criou toda a humanidade para Jesus, a criou para si, este é o fim dela, de onde veio e para onde deve ir. Isso bate de frente com alguns que dizem que Cristo morreu só para alguns, que a predestinação é porque alguns que nascem devem ir para o Céu e outros para o inferno. Eu, na minha humilde burrice, acredito que o Deus que ama criou todos para serem salvos e até por isso quis redimir toda a humanidade por meio do Seu sacrifício (leia-se do sacrifício do Seu Filho).

Meu Deus, se não for limitação minha, se não for por cegueira, falta de estudo, oração ou qualquer outra coisa e isso for muito mais complicado e eu estiver errado, me corrija, por favor. Mas, isso realmente for simples, como foi meu raciocínio, porque tanta gente não consegue entender?

4 comentários :

Postar um comentário

Da inatingibilidade de Deus

5 comentários

São João da Cruz disse, “Deus é inacessível”. Se Deus é inacessível, também é inatingível, intocável. São Pio de Pietrelcina, ao dar a comunhão a quem estava em pecado mortal, via Jesus chorando; e ao dá-la a quem estava na graça, via-o sorrindo. Parece que Jesus chora porque se deixa atingor. Contudo, não é assim que ocorre.

Nenhum pecado do homem pode ferir a Deus, nem na pessoa do Pai, nem na do Filho, nem na do Espírito Santo. Seria igualar o homem a Deus se este pudesse atingi-lo. Na verdade, o pecado fere a Deus infinitamente (já que Ele é infinito, nada de finito pode O ocorrer), pois Deus sofre pelo homem, pelo pecado do homem, pela negação do homem, não porque este pecado o atinge. Repito, Deus sofre infinitamente por causa do pecado do homem, por amor a este.

Mas, então, por que não se pode comungar em pecado mortal? Creio que seja por uma razão simples. Quando morremos em pecado mortal não atingido pela contrição ou qualquer outra coisa que o perdoe, não podemos entrar no Céu, a exceção dele é a morte! Explicando melhor, só existe o sim ou o não, o Céu ou o inferno, por isso, se não se vai para Aquele, se vai para este. Disso podemos depreender que, a pessoa que comunga em pecado mortal não pode entrar em Cristo, e Cristo nele, assim como a pessoa que morre neste pecado não pode entrar no Céu. Resta-nos, pois, a morte e o que leva a ela aqui na terra. É por isso que São Paulo nos diz: “Esta é a razão por que entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos.”

Pergunto-me e pergunto também a você, se comungar em pecado mortal nos leva ao que nos foi descrito por São Paulo, Deus, que nos ama infinitamente, iria sorrir ou chorar? Eu respondo o mesmo que você, chorar. O amor de Deus pelo homem, em vez de fazê-lo irar-se conosco, faz com quer Ele derrame lágrimas. Eu tive a graça de perceber isto e não querer mais fazer Deus chorar. E você, fica contente ou indiferente com o sofrimento de Deus por si?

É por isso tudo que Deus Pai informa a Santa Catarina de Sena que “o cristão infiel padecerá mais do que o homem não batizado” (O Diálogo, p. 58).

5 comentários :

Postar um comentário

Do Céu

7 comentários

Ative a sua imaginação e acompanhe-me no raciocínio. Não tratarei aqui o Céu como um lugar, já que acredito que qualquer descrição, por mais maravilhosa e perfeccionista que fosse, seria pouco. Creio que o melhor que pudermos imaginar do Paraíso é nada, e isso São Paulo confirma ao dizer que “o que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1Cor 2,9) Não mudarei a linha de raciocínio do blog. Vamos à viagem.

Em primeiro lugar, devemos pensar que o Céu é a plena comunhão com Deus, é estar dentro Dele. É como que estar no ventre de uma mãe, ali, em comunhão plena, de corpo, sangue e alma. Algo isso nos lembra, é que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Sendo Filho, Ele está presente na eucaristia, e esta é uma prefiguração do que viveremos além desta vida. A eucaristia é Jesus presente, e Jesus é Deus. Comungar é estar em comunhão com Jesus, é estar em comunhão com Deus. Estando em comunhão com Deus, estamos no céu! O corpo e o sangue de Cristo presentes na eucaristia são o Céu aqui na terra.

Entretanto, para se estar dentro de Deus, deve-se estar assim como Ele é, puro, santo. A santidade, pureza, grandiosidade, majestade não podem ser manchadas, é por isso que para se estar dentro Dele, no Céu, deve-se estar apto. Não se pode entrar numa piscina num clube com alguma doença contagiosa. Não se pode, do mesmo modo, entrar no Céu com qualquer doença da alma, como Kierkegaard afirma que o pecado é. Assim acontece também com a Eucaristia, não podemos comungar doentes da alma.

Não entendo alguns que dizem que o Céu é entediante, isso mostra que são tolos o suficiente para acreditar na fala de Satanás. Nessa tolice já caí. Todavia, cai-se nessa quando a gente pensa que o Céu é um lugar bonitinho onde nós voamos como anjinhos por toda a eternidade. Isso é ridículo. Esse céu eu não quero para mim. Ainda desenham uma porta com umas nuvenzinhas, como se fosse o céu que vemos. Não é. Se existe uma porta para o Céu, ela está no coração de Deus. Agora eu quero que alguém diga que é possível se enjoar de partilhar da felicidade, alegria, sabedoria, e tudo de bom que vem de Deus.

Vivendo este Céu aqui na terra, ou seja, recebendo a eucaristia sempre que possível, e tomara que seja possível sempre, podemos saborear em nível imensurável de tão pequeno a satisfação que lá teremos. Mas, já é algo. E é muito bom receber pouco a pouco os bens espirituais de lá provenientes e, mais ainda, é maravilhoso estar cada vez mais perto do verdadeiro e grandioso Paraíso. Participando do Reino de Deus aqui na terra, que é Jesus, estamos cada vez mais perto da vida mais saborosa que se pode ter e, além do mais, eterna.

7 comentários :

Postar um comentário

Da Presunção (ou soberba)

14 comentários

Este texto é dedicado a você e a mim (bem enfatizado) que pensa que é grande, quer ser ou acha belo ser assim. Digo logo que não há besteira maior a se pensar, querer ou achar. Afinal, o que é ser grande?

Ser grande é ser maior que os outros? Pode-se pensar assim, até porque tudo depende de um referencial. Consideramos algo grande até que encontramos algo maior, não é verdade? Por isso, se eu me acho grande, é porque me vejo maior que os outros. Todavia, meu querido colega, trata-se de uma imensa ilusão, eu não sou maior do que ninguém. Deveria, sim, me reconhecer como pior.

Na verdade, os talentos, que muito ou pouco eu os possa ter e, assim,  considerar-me grande ou pequeno, devem ser tratados com a devida  proporcionalidade. Não existe pessoa mais detestável do que um talentoso soberbo, nem existe pessoa mais admirável do que o humilde. Para quem não tem muitos talentos não é tarefa difícil ser humilde, é só se reconhecer como realmente se é. Aí é que mora o problema, o talentoso soberbo pelo menos é talentoso, mas e o soberbo que não tem nenhum motivo para o ser? Resumo esse infeliz em uma palavra: Ridículo! Assim me classifico.

É ridículo o meu peito estufado, meu olhar duro e seco, meu sorriso escarnecedor. É de se merecer o desbravar da razão dessa fuga da realidade, desse não reconhecer, desse iludir-se. Por que quero ser grande sem o ser? Isso é, na verdade, o desenvolver da semente que satanás plantou em cada um de nós. Por que não pensar que isso é mesmo influência de satanás na minha vida se a soberba é sua maior característica? É verdade, sim! Hoje sei que, se quiser dar um presente a Deus e um grande desgosto ao seu inimigo, é só arrancar de mim a soberba e buscar, como a quem procura água com sede, ser humilde.

Crescer em humildade, isto sim, é o abrir as portas para a grandeza. Deus não dá nada ao homem soberbo, visto que o ama, e torná-lo grande é condená-lo. Se eu quiser ser grande, que busque ser pequeno. Não é difícil chegar a esse raciocínio, para isto basta-nos imaginar uma árvore que quer crescer muito, mas não aprofunda suas raízes. Esta árvore acabará por ficar torta, já que não tem estrutura para ser grande. É um princípio muito simples: ao se crescer para baixo (em humildade), dá-se subsídio e sustento para o desenvolvimento no sentido oposto e concreto.

Não quero eu, nem você, creio, ser como aquele coqueiro: torto. Deus é que irá nos fazer grandes ou pequenos, dependendo de Sua vontade, até porque o tamanho de uma planta não depende dela mesma. Portanto, se desejo algo, hoje, desejo ser pequeno, ou pelo menos aprender a sê-lo.

14 comentários :

Postar um comentário

Retrato de Mau Gosto

12 comentários

Aquele bicho feio e fedido, que, graças a meu Bom Deus, vive longe de mim, não deseja que meus irmãos reflitam sua mais verdadeira beleza. Ele não decide como é, hora quer se passar por belo e exuberante, hora por monstruoso e assustador. A sua verdadeira aparência, se é que verdadeiramente existe, qual será?

Não quer se parecer fraco, já que de modo algum se aceita como perdedor, por esse motivo, busca nos acostumar com sua imagem ridícula. Para dizer que fere, mostra-se com dentes afiados, isso para não apresentar-se como banguela. Mostra-se com a pele branca, em virtude da sua existência sem luz, aparentando uma falsa beleza ebúrnea, de alabastro; na verdade, não quer deixar transparecer que pele alguma possui, é tão somente um espectro tosco. Sempre com vestes exuberantes, quer se parecer austero, nobre, senhor de algo, quando, na verdade, é escravo de si mesmo; suas vestes podres e rasgadas refletem sua verdadeira essência.

Não obstante, sentindo saudade de sua divina beleza perdida na eternidade, quer tirar a beleza do homem. Quando não quer que vistamos roupas escuras, ridículas, mesmo debaixo de um sol massacrante, quer tirá-las ou diminuí-las ao mínimo possível, fazendo com que pareçamos produtos pedindo para serem consumidos. Quer nos encher de metais, tatuagens, para tentar mostrar que a pele que Deus criou não é bela o suficiente, é sem graça. Depois ele fica rindo da pelanca cheia de riscos, dos buracos e infecções em nossa pele, da nossa dignidade perdida e da nossa morbidez idiota. Esse seu comportamento demonstra a profunda inveja que sente de nós.

Soberba decorrida em inveja. Por ela quer roubar as almas originadas e predestinadas a Deus. Para isto, às vezes mostra-se atraente por meio do luxo, do prazer, do poder, tudo que, na verdade, ele não possui. Vivendo em eterno e infinito desespero, oferece-nos um bocado de bijuterias, para que, enganando-nos, não fique sozinho em seu eterno suplício e derrota. Se Deus ele não pode derrotar, quer fazê-lo sofrer, retirando Dele alguns de seus filhos amados.

Ainda mostra-se a nós assustadoramente, de modo que o temamos. Mais uma vez, tenta nos ludibriar. Será que tem ele coragem de mostrar sua aparência pequena, curva, tosca e vazia? Ele sabe que se mostrasse sua verdadeira aparência nós nunca o respeitaríamos. Aí aparenta ser grande, monstruoso, assustador. E nós, com medo, às vezes fazemos o que ele pede, como se tivesse algum poder e fosse nos dar algo concreto em troca; outras vezes ficamos fascinados por ele e nos apaixonamos. Quão terrível desilusão nos espera, a nós que nos deixamos iludir por aquele pobre infeliz.

Aquele nojento pode não ser poderoso, grandioso, coisa que só Deus é. Mas, por tudo isso que pensamos, depreendemos um atributo que ele não quer deixar transparecer de modo algum, que ele é muito astuto. É por isso que devemos, portanto, tomar muito cuidado com ele.

12 comentários :

Postar um comentário

Da Felicidade. Final?

8 comentários

Para por fim e, quem sabe, não voltar mais a este assunto que tanto dá nó em minha cabeça, vamos falar sobre ela que tanto nos atrai e apavora. Desconsidere, portanto, em parte o que já escrevi, já que aquilo é o que acredito ser necessário para se buscar a felicidade. Está na hora de, pelo menos uma vez na vida, pensar em algo que não seja em mim, por mim e para mim.

Felicidade é corresponder às expectativas que se tem sobre si. Aquele que quer ser rico e deposita nisto a sua felicidade, satisfazendo tal desejo, considera-se feliz. Do mesmo modo o que considera felicidade uma realização familiar e a alcança, assim por diante. Todavia, tais metas são estritamente terrenas, passageiras, e que não satisfazem, de verdade, os anseios de nosso espírito, já que somos também eternos, como afirma Kierkegaard. Por isso, o conceito de felicidade deve ultrapassar o senso finito e alcançar também o nosso infinito, já que felicidade é plenitude, plenitude é por inteiro, e por inteiro deve atingir nossa realidade passageira e eterna.

Nasce agora, todavia, o desespero dos desesperos. Como posso ser feliz satisfazendo também minha alma? E agora, quem poderá me ajudar? Não é o Chapolin Colorado! Há alguém que me responde.

Talvez seja eu aquele jovem rico que pergunta ao Senhor: Bom Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna? O Senhor me responde que devo cumprir os mandamentos. Todavia, mesmo guardando-os, não me sinto satisfeito, e fico a pensar o que mais me falta. Desse modo, respondo: Eu já faço tudo isso há um bom tempo, Jesus. Ele, sabendo o que penso e o que sinto, conhecendo minha sede de felicidade e a infinitude da minha alma, responde-me que ainda me falta algo, e diz-me que eu venda tudo que tenho, dê aos pobres, já que assim terei um tesouro no céu, depois vá o seguir.

Depois de muito pensar, discordar de mim mesmo e pensar novamente, cheguei à conclusão de que a felicidade, diferente da alegria, satisfação, do prazer, não é um estado de espírito, mas do espírito. Vale-me mais o meu espírito do que meu corpo e mente, já que estes são finitos e aquele não. Tem mais peso a minha realização eterna do que a passageira. Por isso, ser feliz, para mim, é viver o Céu na terra. É fazer por onde, constantemente, ter meus anseios de eternidade correspondidos, estando pronto para, a qualquer tempo, partir para ela.

Será por isso que Montaigne diz que filosofar é aprender a morrer? Talvez não tenha pensado assim, mas, o que o homem não cansa de buscar é a felicidade, e talvez não a encontre porque não sabe o que realmente ela é. Sabendo, não tem coragem de buscá-la.

8 comentários :

Postar um comentário

Da Felicidade

3 comentários

Não há como se falar em felicidade sem lembrar-se de tudo que aqui já abordamos, qual seja, verdade, liberdade, amor e Deus. Estes são setas que convergem para o fim único e, ausentando-se um, excluem-se os outros. Isto é, não existe felicidade, verdade, liberdade e amor sem Deus, assim como não há Deus sem felicidade, verdade, liberdade e amor.

No final das contas, tudo se resume em Deus. Aqui queremos pensar sobre nós, mas até para tanto devemos pensar Nele, já que é por Ele que fomos criados, de onde vimos e para onde devemos ir.

Não é difícil o raciocínio para conosco concordar, é só pensar que quando queremos dar significado a uma palavra devemos buscar, antes de tudo, sua etimologia. Em vista disso, perguntamos, qual a nossa etimologia? Quem acredita que veio do nada, sinto muito, mas sua vida não tem sentido, já que não tem nem origem! Nós, por outro lado, acreditamos que temos em Deus nossa origem, e Ele que por ser perfeito, não pode criar nada que também não seja. Assim fomos nós criados, perfeitos.

Dizer perfeição é dizer plenitude, falar plenitude é falar completude, e nisto pensar é pensar em felicidade. De fato, já fomos felizes. Não somos mais. Somos degenerados. Degeneramo-nos pelo pecado, e este é o motivo de todo sofrimento e infelicidade. Assim pensamos por que acreditamos que Deus, nosso Criador, criou-nos à Sua imagem e semelhança, ou seja, perfeitos. Dizer origem, natureza, é dizer essência. Acreditamos, pois, que o pecado é incompatível com nossa natureza, e essa nossa essência, na verdade, é santa. Se sofremos, é porque somos pecadores.

Quando se vive uma mentira não há como ser feliz, no máximo, vive-se uma grande ilusão de felicidade. Quero dizer que enquanto não se corresponder ao verdadeiro eu humano, que é, em primeiro lugar, santo, não há felicidade. Assim como não há como se dizer feliz enquanto se é escravo do erro. Ainda sendo verdadeiro e livre, não se pode de modo algum ser feliz enquanto não se ama, já que fomos criados pelo Amor e para o Amor.

Se se quer ser feliz, portanto, deve-se buscar tudo isso.

3 comentários :

Postar um comentário