Do ódio

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O ódio, que será ele? O que lhe dá origem? É uma questão um tanto interessante. Desta vez estou aberto a, quem sabe, discordar de mim mesmo.Vamos primeiro à primeira questão.

O que penso, o que sinto, quando odeio? Se odeio algo, é algo que eu tenho total repugnância, que rejeito absolutamente de mim, do meu gosto, da minha vida. Quando sinto ódio por algo, isto me dá repulsa daquele algo, não sinto vontade de estar nem próximo, quanto mais no mesmo ambiente. Dou-me parcialmente por satisfeito pela resposta. Vamos à segunda questão.

O que é que origina este sentimento tão temido por tantos? Bem, tenho ódio por alguém que me prejudicou com pujança, ou odeio algo que me faz mal. Disso só posso (não que não seja possível outra interpretação) entender que o ódio é proveniente do pecado ou do que não é bom, e isto que não é bom, obviamente, é proveniente do pecado. Lógico que enquanto não se coloca no outro lado da moeda, quando por exemplo algum bandido odeia o policial que irá prende-lo, mesmo que sabendo que ele é errado e o policial, sim, é que é o correto, Enfim, odeia-se algo que se prejudica.

Disso se abre uma grande questão. Qual a utilidade do ódio? É uma questão em parte simples e em parte complexa. Para lembrar o lado complexo da coisa, trago à lume algo Bíblico, é quando o Apóstolo diz que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” Isso nos mostra o que é difícil de se engolir, se Deus odeia o pecado, Deus odeia. Aí é que entra o lado cético da história. Por quê? Se Deus é o bem, o sumo bem, o bem em pessoa e criou tudo que é bom, e amou tudo que criou, por que ele odeia? Só respondemos isso quando lembramos o que é amor e o que é pecado. O amor, em nível verdadeiro e divino, aquele pregado por Jesus, não é um tão simples sentimento, mas a exteriorização dele; amar é, destarte, querer, querer bem, querer o melhor. Já pecado é uma negação, na verdade, uma negação de Deus; pecado, portanto, é dizer não à Deus. Se, por outro lado, Deus diz “que teu sim seja sim e teu não seja não”, quer dizer que Ele assim pensa e, por isso, entendemos que Deus, ou ama, ou odeia, não fica indiferente. Deus nunca amará o pecado, assim, Deus odeia o pecado. Só uma lembrança, Ele não criou o pecado.

Por outro lado, não se deve odiar a nenhuma criatura, já temos os mandamentos! Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como conosco mesmos, e, se não bastasse, devemos amar assim como Cristo nos amou. Não existe sentido nenhum em se odiar ao irmão (já que somos todos filhos amados por Deus), visto que é da condição humana a imperfeição, o erro. Devemos, sim, ter misericórdia, uma amante misericórdia, daquela capaz de amar mesmo a quem nos fez mal.

Todavia, existem alguns ódios tanto necessários quanto utilitários. Ódios necessários? É porque acredito que se Deus odeia o pecado, devo também eu odiar, sendo esta uma condição para a minha salvação, e também quando odeia-se o diabo, que é o ser odiável, rejeitável, repugnável, por tudo que ele significa e por tudo que ele faz. Há também ódios utilitários, isto acontece com tudo que não vem de Deus, seja a injustiça, a mentira, a indiferença, por aí vai.

Só existe uma questão, assim como quem ama age, quem odeia deve agir também. Se você odeia o pecado, procure não pecar, se você odeia o diabo, ame. Assim como não adianta dizer que ama e não fazer nada.

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