O alinhamento diametral

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“Se eu não gosto de você, tudo que você é, vou me esforçar para não ser, e tudo que você não é, eu serei.” – Parece que esse pensamento rodeia as mentes inconscientes sem ser percebido, e vamos vendo no mundo tantos opostos desnecessários. Os exemplos são muitos e muito contraditórios, incoerentes, incongruentes. Alguns são porque seu grupo não tem força de fundamentos e aparentemente o único desejo é fazer oposição, já outros parece ser por falta de personalidade. Vejamos alguns:
O homossexual de esquerda:
De um certo ponto de vista dá para entender essa união de homossexualidade e comunismo, mas só porque está nas bases do socialismo a destruição dos valores “burgueses”, valores que esses associam com os valores cristãos tradicionais. Mas, ao contrário, os países mais abertos a essa questão são os liberais e, no mesmo sentido, os que proporcionam e proporcionaram menos liberdade não só, mas também nessa questão da sexualidade, são e foram os países que tem e tiveram uma política de esquerda (exceto, é claro, os países islâmicos). O baluarte dessa contradição, o senhor Jean Wyllys, que consegue, na suposta luta contra a suposta homofobia, travestir-se de Che Guevara, que era não pouco homofóbico, a ponto de matar uma pessoa só por ser gay.
Claro que essa oposição ocorre porque os que mais ferrenhamente combatem o socialismo são os conservadores, que também, obviamente, são os maiores defensores da família e, por algumas vezes, não são muito abertos à liberdade de escolha alheia e se consideram os defensores da moral e dos bons costumes, estando assim acima e separado de todos.
A questão dos protestantes:
Quanto a esses dá para escrever um livro. São inumeráveis oposições que fazem à doutrina católica que, se for pensar bem, elas só existem mesmo por serem oposições. O mais clichê de todos é dizer que os católicos são adoradores de imagens e, para não serem nada errados, não colocam em suas igrejas imagem alguma a não ser de alguma paisagem da natureza. A fim de imputar aos católicos uma falha grave e se acharem certos, abrem mão da memória, de homenagens e, por incrível que pareça, da arte. Seus templos são incrivelmente sem graça.
Outra questão é a dos livros da Bíblia. Isso só se consegue com muito esforço para ser irracional. Chegam a dizer que os católicos acrescentaram mais livros no Livro Sagrado, quando foi a Igreja Católica que fez a Bíblia no século IV, e mesmo contendo, na tradução de Lutero, os livros que sem saber porque chegam a chamar de apócrifos.
Essas são as duas oposições mais evidentes. No mais, aceito, conclusão de que cheguei na leitura de Dom Bosco, que o protestantismo é um castigo permitido por Deus pelos pecados da Igreja.
A tolerância exagerada a ofensas:
Graças aos absurdamente intolerantes islâmicos, somos forçados a crer que devemos ser tolerantes à ofensas, sobretudo religiosas. O Charlie Hebdo bateu recordes de desrespeito às religiões, seguidos pelo porta dos fundos, e tudo em nome de uma suposta liberdade de expressão. Posso dar a isso uma razão espiritual, que é aquela anunciada por Jesus de que os cristãos seriam perseguidos, mas também creio que os cristãos tem sido demasiadamente mansos e permitido essa confusão de conceitos, como se a liberdade de expressão desse direito a ofender. Sobre isso tenho crônica publicada de nome “Libertinagem de Expressão”.
Para ser breve, o pensamento inconsciente é esse: ser intolerante é errado, então devemos ser tolerantes e suportar a liberdade de expressão dos outros.
Por último, os conservadores e além:
Esses são fáceis de cair nas presas do oposicionismo, porque, como pensam na conservação dos valores, acabam por esquecer que alguns não são absolutos nem imutáveis, e que existe sim certa razão em um limitado relativismo, como também não aceitamo próprio desconhecimento acerca da real essência de alguns valores.
Sabendo muito bem que os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos, não fazem muito esforço para pensar que algumas mudanças valorativas são reais e naturais pelo desenvolver cultural. Hoje é inaceitável pensar que a homossexualidade é diabólica, e fomos forçados a crer que o Glorioso Apóstolo São Paulo escreveu não era lá bem o que Deus pensa, até porque não pode pensar, porque não é verdade, não é real, mas que é resultado de sua cultura, do seu tempo. Mas, em outros assuntos, ainda são muito fechados a enxergar mudanças reais e verdadeiras.
Os conservadores têm de tomar muito cuidado, até porque os mais criticados por Jesus na Bíblia eram os fariseus, que eram de costume muito parecido. A propósito dos sepulcros caiados, é interessante que para aliviar a carga de serem tão aficionados pela manutenção de bons costumes, os conservadores tem uma válvula de escape e geralmente guardam algum comportamento totalmente inapropriado, seja público ou secreto. De tanto condenar pecados, acabam por escolher um mortal para cometer sem pesar a consciência.
Falando em pecados, em termos de Igreja Católica, um pensamento parece não entrar na cabeça dos conservadores: é que a Igreja cada vez mais se santifica e muda. Muda no que pode e deve ser mudado e guarda o que não pode e não deve ser mudado. Por soberba e preconceito acabam não aceitando qualquer tipo de mudança, a não ser que seja retroativa.
Em termos gerais:
É bom se fazer determinado esforço para alcançar um pensamento crítico – no sentido verdadeiro de crítica, que é separar o bom do mau –, e ver que, muitas vezes, o “adversário” tem razão, ou mesmo não está errado. Digo adversário porque, em termos de vaidade humana, quem não é do mesmo grupo, quem não é igual, acaba sendo o adversário. O mau costume dos filósofos, de perseguirem comprovar por meio de raciocínios intermináveis a própria opinião, em vez de perseguirem com humildade e simplicidade a verdade, nos fez entrar nessa Torre de Babel.
















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