Manifesto pela liberdade nº1
As praguinhas de Jesus
Coisa alheia e estranha à moral são algumas tendências que possui o ser humano, coisa que não precisa de nenhuma influência exterior. Como explicar toda uma inclinação à religiosidade e espiritualidade que possuem alguns e a aversão ao sobrenatural que possuem outros? Uns acreditam no que se prega e ainda inventam mais no que crer; já há outros que vedam seus olhos espirituais e só depositam sua fé naquilo que podem ver e tocar. Se isto é alheio à moral, é porque algo de anterior a ela deve existir no homem.
No cristianismo é bastante interessante. Quer dizer, naquilo que se inventa de chamar de cristianismo, já que Cristo era bem equilibrado. Ele, tendo todo o poder do universo e mais, praticava seus milagres só quando realmente tinha de ser, vivia no mundo real mesmo sendo o sobrenatural em pessoa. Mas, há alguns segmentos (se é que assim se pode chamar) do cristianismo que a tudo dá uma explicação incrível. Se não encontra emprego é porque está com encosto, e até se a pessoa fala alto, ela precisa de cura. Propagam um Deus meio liberalista e capitalista, que gosta muito de dinheiro e de fazer com que ninguém tenha trabalho nenhum. Eles não têm pecado algum, porque o mal que eles praticam não é deles, é do diabo; por outro lado, condenam o que não é parecido com eles ao quinto dos infernos.
Vergonha na cara é o que falta para muitos desses. Já para outros, o que falta é um tanto de leitura de coisa que realmente preste. É muita cara-de-pau não querer ter culpa de nada que faz e tirar a de quem gosta, é muito fácil viver num mundo sem enxergar a realidade, colocando asinha e auréola em uma parte, e chifre e rabo no resto do tudo. É muito bom viver errando com a desculpa de que é pecador, que é miserável, um vaso de argila! Eles são como capim-annoni, verdadeira praga espalhada por todo lugar, são enganados por todo mundo e acabam enganando o resto que falta. O que acaba acontecendo é uma cadeia de alienados e alienadores, parece que a idade média ainda existe, ou que o cristianismo apareceu antes dos pensadores gregos.
Por outro lado, há os ceguinhos. Eles não param para ver a realidade mais real ainda do que a que conseguem enxergar. Estes acreditam que todos que têm experiências sobrenaturais são mentirosos, que todos os milagres não passam de uma farsa e de tudo que é mais lindo e sagrado retiram todo o significado. Aqueles astronautas absolutizam até o que é relativo, mas estas emas fazem o contrário, relativizam até o absoluto. Elas, em vez de pensarem que às vezes um valor sobrepõe a outro, preferem dizer que tudo é relativo (preguiça de pensar). Na verdade, a vaidade move ambos. Os inquisidores são daquele modo para serem superiores, pois são os abençoados, os escolhidos, um dos 144 mil do apocalipse. Já estes narcisistas se acham superiores a tudo aquilo que não podem tocar, seja com a razão, seja com a sensibilidade. Essas ervas daninhas tentam tirar até de Deus aquilo que é propriedade Dele, de Sua razão e derivação. O resultado é que um guerreia com o outro sem ver que são os dois que estão errados.
Estes exagerados bem que podiam seguir o caminho do meio, deixando a idiotice de lado e abrindo o coração. A mistura deles seria um cristão legal, porque o que é acostumado com a mediocridade enxergaria um mundo todo fantástico, e o tendente ao mágico buscaria enxergar o óbvio. Por isso, está na cara que se se diz por aí que a religião é o ópio do homem, não é por culpa dela, não, e sim pela sua burrice e incredulidade, astigmatismo e miopia, que fazem reconhecer os homens de bom senso, muitas vezes ateus, que eles não têm nada a ver com aquele que dizem seguir.
Do Aprisionamento Moral
Eu não sei quem sou. Prefiro aceitar o que dizem que eu sou. Sou o resultado de um mundo de linha de montagem, de produtos fungíveis e consumíveis. Nada mais tem seu valor próprio, e eu também não tenho. Sou preso a fazer o que consideram ser comum, porque não quero, de modo algum, me sentir deslocado da realidade em que vivo.
O homem e essa sua tendência de pertencer ao grupo, será que é essa minha natureza que limita tanto as minhas opções? Se eu estou perto de pessoas corretas, sou tendente a não querer fazer coisas erradas, já quando estou perto das erradas, me constranjo ao contraria-las fazendo o certo.
Mas, uma coisa eu sei, é que uma coisa é o que eu sou e outra é o que eu estou sendo. Não entendo porque tanta gente confunde o ser, na essência, com aquilo que se construiu com toda uma influência exterior. O que eu sou, na verdade, está no interior de mim, o que não pode ser visto com olhos carnais. Contudo, mesmo sabendo disso, existe toda uma força a me constranger a querer entrar na linha de montagem de pessoas.
Ainda mais, agora, sabendo de todo esse aprisionamento moral que existe dentro de mim, o que me leva a querer ser o que é comum, a fim de não ser excluído, é que me preocupo em buscar cada vez mais o que é realmente que há dentro de mim. Começo a ter medo, já que os valores que são impostos pela mídia são o que favorecem ao consumo, do que posso me transformar. O que será que será feito de mim se não aprender a ser eu mesmo em vez de um alienado midiático.
Burro digo que sou se, imbuído de toda tolice possível, num grande momento de revolta, cantar que nasci assim e vou morrer assim. Que assim é esse que sou e que irá morrer imutável? O que eu sou de verdade, este sim, desconhecido e imutável, é o que eu não consigo ser. Esse meu ser escondido é o que pode ser realizado, satisfeito, afagado, se encontrado. E é por isso que não quero ser aquele passarinho que, por não saber por onde voar, acabou por ser machucado por um caçador.
Confio em tudo e em todos, menos naquele caçador. Aquele que não quer o melhor para mim, aquele que não me ama, que me vê como número, produto a ser satisfeito para se satisfazer. Aquele grupo dominante, o do dono do dinheiro, que me impõe o que é certo ou errado. Nele, só nele é que eu não devo confiar. Sei que, quando estou ali sentado na poltrona sou visto como aquele peixe a ser pescado, e a programação não é aquilo que irá me fazer bem, mas a isca saborosa. Sei também que se for me deixar dominar por aquela isca saborosa, o meu destino será o mesmo do peixe.
Mesmo sabendo como é difícil de achar o verdadeiro eu, vou continuar procurando. Sei que não sou eu que irei encontrar por meus próprios méritos, mas que ele será paulatinamente revelado. E só o que sei é que a única coisa que não serei é o que querem que eu seja.
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