Da origem do mal

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pilares da criação Meu amigo, antes de começar a dizer o que quero, quero que você pense em uma coisa: é que todo conceito vincula outro. Se eu digo que sou homem, afirmo de modo peremptório que não sou mulher e você imagina que eu tenho características físicas e psicológicas de homem, e eu tenho, porque assim sou. Você pensa também que eu gosto de mulher, que é o normal e isso acontece comigo, sou fascinado por tudo aquilo que é belo e perfeito, e a mulher é assim. E o que tem a ver uma coisa com a outra? Sim, eu sei que você viu o título e está esperando algo sobre o demônio e tal, mas não tem nada a ver com ele. O demônio nada criou.

Deus criou tudo que existe. Tudo que existe, existe. O que não existe, não existe. Óbvio, não é? Nem tanto. Nessa parte é que vem a minha limitação, aí eu pergunto a você, caro amigo, o que me pergunto: “Se algo não existe eu posso fazer aquele algo?” É mais ou menos assim… O nada existe? Não. Já existiu? Já. - Até porque Deus criou tudo do nada (2 Mc 7, 28). Entretanto, deixou de existir e não existe mais. O nada, pois, existe só em hipótese. Êpa. Então pode-se dizer que o nada só não existe in concreto, mas existe uma ideia do nada. - Deus criou o nada? Deus criou todas as coisas existentes e o nada não existe, então Ele não o criou. Então, pensando assim, não existe uma vinculação da ideia à existência do objeto, isto é, eu dizer uma coisa não quer dizer que ela exista, é um simples símbolo que remete à ideia. E o que danado isso tem a ver com o mal ou a origem dele? Tudo!

Deus criou o mal? O mal existe? Vamos lá. A palavra "mal" existe, é um símbolo que nos remete àquilo que não é bem, que não é Deus, enfim. – Prepare a sua imaginação porque vamos usa-la. - (Pausa na continuidade do texto), Imagine-se um escultor talentosíssimo fazendo aquilo que melhor sabe fazer, qual seja, uma escultura de argila. Crie aquilo que você acha mais belo. Criou. Pergunto a você: pode existir a deformação daquilo que você criou? Você, como escultor de exímio talento, pode criar algo deformado, sem talento? Você consegue ser incoerente consigo mesmo? E Deus, consegue? - Deus, como amor, pode criar o desamor? Deus, como bondade, pode criar a maldade? Não, não é? É tudo uma questão de símbolo, de ideia e sua concretização. Toda ideia suporta o seu oposto, todo conceito possui seu contrário. Tudo em ideia, em hipótese.

Deus não criou o mal, isto é óbvio, mas permitiu, como permite em tudo, que o conceito que existe possua a sua negação. Deus criou, sim, a liberdade, e para esta é necessário haver possibilidade de escolha. Quando  da era do Paraíso, não existia a árvore do conhecimento, da qual o homem não podia comer? Pois é, se ela não existisse, teria o homem alguma escolha? Existiria alguma possibilidade do pecado para o homem? Não existiria liberdade! E o pecado não seria propriamente comer da árvore, mas desobedecer à ordem dada por Deus. Pois Deus, com grande desgosto, pensou: “Isso aqui não sou eu, vou dar a isto o nome de mal.” (Não sei em que língua pensou) E teve de criar mais um caminho. – use mais uma vez a sua imaginação – Deus não criou o mal, mas teve de criar um caminho pra ele (imagine que você está numa estrada e tem dois caminhos a seguir, em um tem uma plaquinha com o nome “BEM” inscrito, já no outro o nome “MAL”. Deus criou o caminho e a plaquinha com o nome. Nesta hora, você deve pensar em todos aqueles momentos em que você cogitou que Deus feria a sua liberdade, veja que era mentira da sua cabeça, porque, desde o início, antes mesmo de cria-lo, Deus pensou em sua liberdade.

Agora, e o inferno? O inferno não seria a “casinha” do mal? Bem, se você considera o lixo uma casa, tudo bem? Quer morar no lixo? Pode ser opção sua, minha não é. Mas, o que importa, é que o inferno é o banimento da criação de Deus. Só em pensar que falar sobre o inferno e a origem dele é muito mais complicado do que falar sobre o mal e sua origem, fico “tentado” a terminar o texto. Agora, nesse parágrafo, já disse algo que considero ser importante sobre o inferno. É o seguinte: se o inferno é o banimento da Criação, quer dizer que existe uma incompatibilidade com esta. Incompatibilidade nos recorda algo que não pertence, pois é isso mesmo que você deve pensar. Para pertencer ao mundo de Deus, você deve ser compatível com Ele, possuir as mesmas características que Ele e o resto do Seu Reino que é de unidade e coerência. Quem não quiser, fez sua escolha. Se Deus é, as coisas assim são. Se Deus é porque é, as coisas assim são porque são.

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