“Jesus é socialista”

5 comentários
Há tempos pensava que a proposta do socialismo era compatível com a proposta do Evangelho e que o capitalismo era coisa diabólica. Era daqueles convencidos pelos professores de história do ensino médio de que o dinheiro é o mal do mundo. Acontece que eu cresci e pus em cheque muitos dos conceitos, derrubei seus tijolos e não quis construir novamente. Não tinha razão.
Desde garoto eu tive certo ímpeto revolucionário e insatisfeito. Não conseguia entender porque umas pessoas tinham tudo e outras não tinha nada. A pobreza sempre me comoveu bastante e acaba sendo a preocupação mestra da minha vida, desde pequeno, influenciando até meus trabalhos científicos. Enquanto a pobreza mexia comigo, o berço de ouro me revoltava. Não andava, por própria revolta, com gente rica, com dinheiro. Depois de muito tempo refletindo, fui entender que, excetuando-se o problema crônico da pobreza na sociedade brasileira, e a possível desonestidade (corrupção e todo tipo de falcatrua para enriquecer), o sucesso financeiro é resultado do trabalho. Não pensava que se um amigo meu vivia bem, é porque o pai ou mãe trabalhou ou estudou o suficiente para dar-lhe aquela boa condição de vida.
A segunda questão bíblica que pensei semelhante ao socialismo foi a da comunidade fraterna dos cristãos. É aquele trecho de Atos 2, 44-45. Eu pensava: “Olha, o cristianismo foi a primeira forma de socialismo!” – Só mais tarde, inclusive tendo experimentado uma vida semelhante àquela dos primeiros cristãos, é que eu pude entender de forma a refutar completamente a mim mesmo (eu me importo, por mim mesmo, com a verdade). O que acontece: não há semelhança alguma com o socialismo, a não ser que seja aparente. Enquanto o socialismo é um regime político que acorrenta todos na mesma situação, uma comunidade cristã é um lugar para onde se vai por vocação, e de onde se partilha e desprende-se dos próprios bens por pura liberalidade. Além do mais, um desprendimento total de bens é questão vocacional, há quem seja chamado a ser imponente, financeiramente, e também à santidade (esses podem abrir muitas portas). Ninguém é obrigado a ser rico. Uma pessoa pode muito bem ser desapegada de seus bens e desfazer-se constantemente de sua fortuna em prol dos pobres. Ao contrário, no socialismo, isto é coisa impossível. Afinal, todos são pobres, e não pobres por liberdade, mas por falta dela. Pobres por obrigação.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje...” – Certa vez ouvi um sacerdote associar a oração do Pai-Nosso com a política. Só pode ser ateu, esse sacerdote, porque no socialismo o “deus pai” é o Estado, é ele que distribui o pão de cada dia, e não é com fartura, exceto se se pensar como fartura a situação daquilo que “farta”. Jesus multiplicou os pães e os fez sobrar. No socialismo, principalmente no que se viu ao longo da história, falta pão para o povo e sobra para a elite governante. Mas, não. Não é uma oração política. Por sorte minha, naquele tempo, tinha acabado de ler Jesus de Nazaré, do Papa Bento XVI e Caminho de Perfeição, de Santa Teresa d’Ávila, e ambos falam do trecho dito com relação à dependência de Deus. Ao Deus que é Pai, nos abandonamos como filhos, e foi isso que Jesus nos ensinou.
Uma pausa para o mais óbvio de tudo. Ao contrário de se estabelecer um Reino de Deus na Terra, o socialismo procura e sempre procurou o estabelecimento de um mundo sem Deus, um mundo utópico onde todos são iguais, pela força da força. Nowa Huta é o grande exemplo, que, é claro, não funcionou, o que se deve ao amado João Paulo II, quando era bispo de Cracóvia. Jesus anunciava o Reino de Deus, que é Ele próprio. Ao contrário, qualquer pensamento revolucionário socialista ou comunista se baseia, como diz Saul Alinsky, no prólogo do seu livro “Rules for Radicals”, no próprio Lúcifer, que ele afirma ser o primeiro revolucionário. É o que se pode considerar, espiritualmente, como sendo a intenção diabólica por trás do socialismo: um mundo sem Deus. É, na prática, o que se viu e se vê em todos os lugares em que existe e existiu o socialismo: perseguição a todo tipo de religiosidade. Ainda mais que se fale em um mundo sem liberdade, porquanto sempre que houve socialismo, houve lesão a liberdades fundamentais.
Jesus não convidou o jovem rico para um país comunista, mas à perfeição: “... vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me”. (Mat 19, 21) – “Terás um tesouro no Céu”: O socialista não pensa no Céu. E quanto à partilha do pão? Todos que devem ter cuidado e amor para com todos, e não há a menor possibilidade de isso acontecer sem liberdade, o direito com o qual não existe socialismo. Afinal, o amor só existe com liberdade. Aliás, como se pode pensar em um tesouro no Céu com mentiras, armas nas mãos, estrutura difamatória organizada, publicidade desonesta e emburrecedora? Como?
Os socialistas usam a autopromoção moral para afirmar, indiretamente, que só os socialistas se importam com os pobres, e nisso a heresia teologia da libertação se promove, como se a Igreja só ligasse para os ricos, o que toda a história desmente. Supremos e soberbos morais, os socialistas se consideram o bem, enquanto associam, em suas mentes, tudo que não acreditam como fascista, e não entendem como um pobre pode ser liberal, ou coisa semelhante. E, por isso mesmo, associaram a imagem de Jesus com o socialismo/comunismo. Levando o sumo bem para o seu lado, podem com toda facilidade colocar todo o oposto no lado do mau. Baseiam ainda essa supremacia moral num ódio de classes, e, assim, odeiam os ricos e querem, por métodos sinuosos e imbuídos de atitudes utilitaristas, tirar o que é deles e tomar para si.
Pergunto, portanto: Como se pode se afirmar Jesus ser socialista, enquanto existem tantos documentos da Igreja e, inclusive, aparições de Nossa Senhora, alertando dos males dessa maré vermelha? Como podem dizer Jesus ser comunista quando era amigos tanto de ricos quanto de pobres? Como Jesus pode ser chamado de socialista quando não veio para estabelecer um Reino neste mundo, mas no outro? Como Jesus pode ser chamado de socialista quando essa doutrina tem muito mais viés diabólico do que de qualquer outra coisa? Alguém me diga! Como?






Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Isso sim é visão de um cristão polido! Discernimento é o que muitos precisam! Muito bom!

    ResponderExcluir
  2. Meu amigo, no geral eu concordo contigo. E teu texto é muito bom!

    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Comparou com países comunistas e não com o conceito... a promessa de Jesus é o comunismo, inclusive autocrático, o comportamento de Jesus é socialista pois em nenhum momento prega o acúmulo de riquezas senão como amaria o meu próximo vendo ele morrer de fome mas pensando de maneira liberal e querendo acumular riquezas, desapego aos bens materiais e amor ao próximo, conheçam primeiro a ideologia socialista que Jesus ensinou.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O conceito de socialismo/comunismo é errado desde o começo. Jesus não ensinou nenhuma ideologia socialista, ensinou o amor, o que nunca foi e nunca será vivido no socialismo, que só vive o terror e a falta de liberdade.
      Além do mais, só existe amor, só existe caridade, na liberdade que é essencial ao ato.
      O socialismo é diabólico.

      Excluir