A tentação do filósofo

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rodin Ele lê e reflete. Pensa. Sempre está atrás de uma solução diferente, de uma novidade. Vive para pensar e esse pensar é o combustível para o seu viver. Quer gritar quando não está contente com a realidade que invade seu coração inocente, ele não vê maldade, nem em si mesmo. Com sua potente caixa pensante, tenta adequar o mundo a si, porque o si não se adequa o mundo. Ele pensa.

Ele tem que estar certo na sua versão da verdade, porque existe todo um sistema montado na sua cabeça, e uma parte do quebra-cabeça diferente, fere toda a imagem. Ele tem que refazer tudo de novo para ficar coerente. E assim vai à sua trajetória em busca da verdade, seja a verdade verdadeira, seja a que mais a si acomoda, não lhe causa tanto sofrimento nem aumenta sua angústia, tormento que existe por ver com os olhos da razão.

Ele não segue a ninguém, só tem uns colegas com quem concorda. Porque seguir reduz sua capacidade de pensar e chegar por si mesmo à mesma conclusão. Ele quer ir sozinho desbravando a floresta, abrindo novos caminhos por entre as pedras a fim de achar seu próprio tesouro. Seguir alguém, para ele, é perder a liberdade, e não quer andar por caminhos já trilhados, isto lhe tira o gosto da descoberta.

Aí é que está o grande problema: ele quer achar um novo caminho e quer que o vejam nesta trajetória, já que ele é um desbravador, não uma formiga que segue em comboio, então ele grita a anunciar que está em um novo caminho, e que este tem árvores e animais que em outros não tem, que é melhor, mais rápido. Ele tem de chamar atenção, porque não tem graça todo esse esforço se ninguém ver o que ele conseguiu. O pior de tudo, é que mesmo que termine num precipício, ele tem que ser diferente, o caminho é o dele.

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Inspiração ou revelação? Uma abordagem aos carismas.

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Levitation-Of-St.-Francis Pode-se crer ser muito útil tomar cuidado e sempre fazer distinção entre revelação e inspiração. Revelação, segundo Edith Stein: “o que for percebido pela inteligência como coisa nova e desconhecida” (Ciência da Cruz, p. 68), “conhecimentos intelectuais, em que são desvendadas verdades ocultas referentes a coisas materiais e espirituais; e revelações em sentido próprio e estrito, pelas quais são revelados mistérios” (p. 70).
 
Por outro lado, num sentido não bíblico, pode-se dizer que inspiração é ação divina diferente de revelação. Na qual Deus se utiliza dos conhecimentos intelectuais referentes a coisas materiais e sobrenaturais que já se conhecem, ou que já existem na memória do inspirado, para comunicar-se com ele ou com outrem. Por que não assim dizer? E, além do mais, qual a utilidade dessa diferenciação?
 
Serve para aqueles que confundem dom de ciência com dom de revelação. O dom de ciência se manifesta nas faculdades inferiores da alma: afetividade e imaginação. Por outro lado, o dom de revelação se manifesta na inteligência. É muito bom não se confundir, até para não se vangloriar de ter um dom de revelação, quando é simplesmente uma ciência ou sabedoria de Deus. Existem dons de ciência mais profundos, lógico, entretanto, revelação só há daquilo que não se sabia, daquilo que estava oculto, escondido, não visto nem sabido ou conhecido.
 
Mais ainda, serve para que se acorde quando se esperar uma inspiração Divina. Ela só há de se dar naquilo que se conhece, isto é: se uma pessoa não ouve boa música, a inspiração de Deus para que ela faça uma nova, será no nível daquela que o autor ouvia. Quando se há de escrever algo, seja poesia, prosa, texto ou livro, a inspiração acontecerá naquilo que o autor adquiriu de experiência pessoal, ou de experiência dos outros, lendo muitos livros, assistindo a muitos filmes e peças de teatro, estando presente em várias aulas ou seminários. Enfim, assim acontecerá.
 
Quando acontece algo novo, inesperado, é ação direta do Espírito Santo, e o autor deve saber logo que ele não tem mérito nenhum, a não ser de ser um bom canal da graça de Deus. Mas, se não for inspiração e tiver mais teor de revelação, que ele não se glorie e saiba que foi ação direta da misericórdia de Deus, que quis ir além da preguiça ou das limitações intelectuais, físicas e espirituais do agraciado.
 
No mais, é bom que sempre se esteja sujeito à inspirações, vivendo, lendo, lendo, ouvindo e assistindo tudo aquilo que há de mais bom gosto no mundo e esperar, quando for da vontade de Deus, que Ele haja além dos nossos limites, para fazer algo muito maior do que o que nós podemos fazer, porque seu amor por nós, diferente de nós, não conhece limite.

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Liberdade aos passarinhos!

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alimentador- passaros Existe uma coisa que eu tenho horror, chegando quase ao ódio, é quando colocam pássaros em gaiolas. Chego até a pensar que é uma inveja inconsciente de não poder voar, aí, para saciar, impede o animalzinho de fazer aquilo que ele foi criado pra fazer.

Tá bom, alguém pode dizer que é para admirar ou para ouvi-lo cantar, já que é difícil alguém prender um passarinho feio ou que não cante, ou então comparar com animais que se comem. Bem, se uma pessoa estivesse faminta e só tivesse uma arara-azul para comer, nem crime era.

O negócio é que a pessoa quer admirar um passarinho e não pode, porque ele vive voando, por isso, prende na gaiola. Já alguns, para não prender o bichinho, fazem o pior: quebram as asas. Arranque a língua do seu cachorro ou a cauda do seu gato, infeliz!

Se não tivesse esse tipo de gente sádica, não teríamos tantos pássaros em extinção! Quer ver um raro, a viagem custa a metade do preço dele, aposto que vai ser inesquecível. Outro não tão raro, coloca aquele negocinho com água e açúcar que eles vão atrás. Já vi tantos na casa da minha avó por causa disso... Melhor ainda! Encha a casa de flores!

Eu me guardo na minha vontade, mas quando vejo um passarinho preso, tenho vontade de colocar o dono dentro da gaiola e o passarinho fora, pra ele ver o que é bom pra tosse!

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O amor a si mesmo

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hug1 Fazer um exercício físico, cuidar da saúde, ir ao médico, tomar medicação, passear, dar uma curtida na natureza, ler, adquirir uma boa cultura frequentando a cinemas e teatros, ter bons amigos, rezar, ir à missa e também a grupo de oração, não seria tudo isso também o cumprimento de um mandamento?

Dormir um bom sono para quem precisa, não seria cumprir o mandamento de amar-se a si mesmo? Jesus disse “amai ao próximo assim como a ti mesmo” como condição de amar ao próximo, ou podemos fazer uma leitura diferente, como se ele tivesse dito: amai ao próximo, como também ame a ti mesmo? Prefiro essa segunda leitura.

Amar-se, sim, não como vaidade ou orgulho, mas como verdadeiro sintoma daquele que cuida do corpo que é templo do Espírito Santo e da alma que é onde Deus habita. Amar ao próximo não exclui nosso amor a si mesmo, pelo contrário, devem viver harmonicamente, sem que um anule o outro.

Entretanto, existe um amor que deve vencer o amor a si mesmo e é uma razão pra desprezar até esses sintomas que foram ditos anteriormente: é o amor a Deus, que deve ser maior do que tudo. Sobre todas as coisas, todas as pessoas e até sobre a si mesmo. Por isso o martírio. Pelo serviço e pela causa de Deus podemos até deixar de nos cuidar, que não vai deixar de ser amor, mas vai ter ainda mais valor.

Aliás, o amor ao próximo já deve vencer o amor a si mesmo, de modo que Jesus disse que “não há amor maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”. O amor a si mesmo deve, sim, existir, mas é o último na fila: primeiro a Deus, segundo ao irmão e só por último, a si mesmo. Mas esse amor a si mesmo, mesmo sendo o último, deve existir, até como prova de amor ao irmão que corresponde ao amor, e a Deus que quer esse amor mais do que tudo.

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Parábola do bom ateu

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[1] Certo jovem descia da universidade para sua casa quando caiu na mão dos malfeitores, aqueles que falam demais. Estes arrancaram-lhe tudo que tinha de amor próprio, espantaram sua autoestima e foram-se embora, deixando-o querendo morrer.

[2] Por acaso, encontrou um sacerdote tradicionalista pelo caminho. Ao conversarem, despediu-se dele com desgosto, porque descobriu que gostava do socialismo. [3] O mesmo aconteceu com um consagrado de uma comunidade sequer. Conversou um pouco e disse que aquilo era a cruz que ele tinha que carregar, que era sua via de salvação aceitar toda aquela condição, que era vontade de Deus.

[4] Mas um ateu, que o conheceu por causa de um trabalho na universidade, chegou perto dele, viu seu sofrimento, e movendo-se de compaixão, [5] começou a conviver com ele, levou-o para sair, para a praia, para se divertir. Apresentou uns amigos e mais umas amigas e convidou-o várias vezes para sua casa.

[6] Depois de um tempo, vendo a necessidade do amigo de um tratamento psiquiátrico, entrou em contato com um especialista conhecido, recomendando: “Olha, esse meu amigo precisa de ajuda, toma conta dele aí que eu pago o que for preciso”.

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Não sou um adododeta

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cruzadas Ai de mim quando me achar superior por ser cristão. Cristo veio para os piores, e se Ele me escolheu, aí está um sinal de quem é verdadeiramente inferior. Jesus é Deus e se humilhou numa morte na cruz. Pergunto-me, pois, quem sou eu para querer me impor? Jesus se fez de cordeiro indefeso e morreu na cruz. Posteriormente, o sangue dos mártires fez a Igreja crescer de forma assustadora e inexplicável. Eles também eram cordeiros indefesos e o sangue deles deu ao mundo o testemunho e a vitória do amor, sempre com o auxílio do poder do Espírito Santo.

Não defendo a verdade, ela se prova. Não adianta insistir que o céu é vermelho quando ele por si demonstra a cor que aparenta. Assim, a verdade, por mais que defendida, imposta ou o que for, só é mesmo verdade se se provar em vida, na realidade. Imagino Deus ao meu lado e eu o defendendo... Isso não faz sentido. Se está dito que a sabedoria de Deus é loucura para os homens, é porque, ora, isto é verdade, mas a mediocridade dos homens querem fazê-la racional e humanamente racional, quando é algo impossível.

Se eu viver a verdade, não só minha vida como minha morte há de provar, pois Deus, que é verdade, não há de me abandonar. E eu não preciso sair por aí defendendo aquele que vai me julgar, é uma inversão de posições. O diabo acusa a qualquer um, mas na verdade ele não se atreve a tocar, só os humanos que insiste enganar, ludibriar, já que são burros. Se Adão se fizesse de surdo e não quisesse conhecer, não teria pecado.

O cristianismo não é superior a nada, nem veio pra isso. A verdade não é uma teoria, a verdade é Cristo e que o homem tem esperança, esperança de viver eternamente, esperança de ser feliz, de ter alegria mesmo com tanto sofrimento. A esperança da vida eterna e de ser um só com Deus, de ser redimido além dos defeitos, sem se preocupar com merecimento. A verdade é que o homem, criatura, é amada além do tempo.

Portanto, quantas vezes quiserem eu defendo, na verdade, que quem ficar por aí discutindo teorias só se passa por ridículo, e um ridículo perdedor de tempo. Pode não ser burro, mas é insensato, provido de qualidade intelectual, mas desprovido de sabedoria e inteligência espiritual. Só não é inútil porque Deus é misericordioso. Eu não quero ser um, por isso que Ele seja comigo piedoso e que eu não caia na cegueira, na grande baboseira de ser um arrogante.

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Explicando o amor de amor

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A-true-love-story-never-ends Amor de amor é assim, porque não é amor de paixão, não é confusão. É rocha, não areia do mar que se move com o bater das ondas, efêmero como si só. Não, é amor de amor.

Esse amor é como um barquinho que é lançado no mar, que tem tudo para ir e jamais voltar, mas, não se sabe como, volta ao mesmo posto. Não se importa com correnteza, nem com ondas, nem com o vento. Nem, ao menos, na tempestade, afunda. Sobrenaturalmente se inunda em si mesmo e sobrevive além das circunstâncias, além da distância e do tempo.

Ele é filhote que briga. Filhote? Será que filhote briga? Ele nem sabe direito o que faz, e a mordida se confunde com brincadeira. Mágoa entre eles não acontece, e o que era para causar mágoa e desgosto, a contragosto, se dissipa, efervesce e dá mais cor e sabor. O sabor do amor provado e comprovado.

Ele é um beijo sem laço, ou laço sem beijo, porque não precisa nem de abraço. Ele existe por si só e subsiste inteiramente. Ele é atado, fixo, permanente. Nó cego de nascença, sem cura, sem resolução, sem recurso. Mas um processo em curso, em latente evolução. Crescimento-construção.

Ele é perfeito, além dos perfeitos. Ele é amor, e o amor é o único sinal resquício de perfeição que o ser humano possui, é só o algo que ele tem de perfeito. O próprio Deus-Amor que vive e morre dentro dele. Essência perfeita, e quando esse perfeito se encontra com outro perfeito, entra na eternidade e não sofre os efeitos da morte.

Ele é um trenó que anda sobre o gelo e não congela. Trenó de fogo que o derrete, ao contrário do que se espera. Ele é vivido, não só dito, e se dito, é só para se ver, porque ele mesmo se deixa notar. É sentido e esse sentir que não se contém, e quando não se age a confirmar, se diz, porque nada mais pode se fazer.

O amor, como perene, não perde o gosto. Chega o calor e ele derrete, vira fondue gostoso, e se sólido, outro sabor acontece, mas, do mesmo modo, é saboroso. É perene, saboroso e livre, diferente da paixão. Já passou por todo tipo de comprovação e não se há como fugir, mas se render e dar graças a Deus, porque se é esse amor de amor, o Amor em pessoa é Deus, e só dele pode ter vindo, então, foi Nele que nasceu.

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