Mãe Corajosa

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icone Enquanto dormia, andava por uma rua (em sonho) e vi, dentro de uma casa, uma garotinha me pedindo socorro. Passei pelo portão que estava aberto para saber o que se passava e, quando cheguei perto, vi um capetinha - ele era baixinho, menor que a garotinha, era vermelho e escarnecedor - que ficou à frente dela, de forma a demonstrar que ela estava sob seu domínio. Parei. Fiquei um tanto atordoado com esta visão (eu tinha medo) e pensava em alguma forma para ajudar. Não sei por que, o minúsculo entrou na casa e deixou a menina lá no terraço. Aproveitei, lógico, para correr, pegar a menina nos braços e joga-la por cima do muro. O fiz. Quando era a minha vez de fugir, já estando os braços apoiados em cima do muro, senti um puxão na barra da calça. Acordei.

Acordei com meu coração em disparada. Aquela experiência havia me deixado perplexo a tal ponto de não conseguir pensar em outra coisa senão no sonho. Tentava dormir e não conseguia. Até que tive a ideia de ir para o quarto da minha mãe para lhe contar o ocorrido. Cheguei logo dizendo: “Mainha, tive um pesadelo horrível. Não consigo dormir mais, não...” Pensando que ia receber algum consolo, enganei-me. Disse ela que fosse rezar o terço e voltou a dormir. Eu, pobre medrosinho da mamãe, fui desconsolado pegar meu terço. Peguei. Decidi ir para a sala rezar o terço na minha cadeira preferida. Sentei. Aí aconteceu o que eu não esperava.

Na sala da minha casa, havia uma imagem de Nossa Senhora das Graças de porcelana com meio metro de comprimento que minha mãe ganhou quando do seu casamento. Quando sentei na cadeira, fiquei defronte à ela e vi o que não esperava, a imagem estava verde! Pense num susto foi o que levei! Pensando que minha mãe do Céu poderia aparecer ali mesmo, parei de rezar e fui correndo para o quarto com medo. Deitei-me na cama e dormi. Só fui perceber o que aconteceu no outro dia. É que já havia muito tempo que tentava dormir e não conseguia, porque o pesadelo roubara todo o meu sono, e, após aquela visão, ocorreu que dormi imediatamente, fato estranho porque deveria estar, sim, muito mais acordado.

Foi a minha mãe do meu Senhor que, de modo também assustador, veio me visitar. Ela não queria que eu tivesse medo daquele coitado. Por isso, se ela esmaga a cabeça da serpente, quero eu ter a ousadia e coragem de dizer, com a graça de seu filho, como ele: “Cala-te e sai!”

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Carpe Diem

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O tempo é uma realidade mortal, por causa dele os anos se passam e nós morremos. Quando morremos, essa história de tempo se acaba, entramos na eternidade. Uma realidade particular da eternidade é que nela nada se modifica. Por isso, para nós, humanos e mortais, o tempo é uma dádiva, por meio dele podemos evoluir, já que na eternidade nada muda. Outra dádiva é o sofrimento que, bem aproveitado através do tempo, eleva-nos até o estado de perfeição saboreado pelos santos. Todavia, ocorre que o homem, sem saber o sentido da vida, no desespero da incerteza quanto ao seu destino espiritual, contenta-se com este mundo mortal e cruel e, tentando fazer dele uma morada eterna, eterniza o hoje, esquece o ontem e abandona o amanhã.
 
Nós morremos, disto todo mundo sabe. Todavia, só o nosso corpo morre, somos, na verdade, eternos. Feitos de corpo, alma e espírito, aquele primeiro padece inevitavelmente, estes últimos não, não se destroem nem podem ser destruídos.  Recordemos que o homem foi criado eterno, passou a morrer por causa do pecado, mas, repetimos, só o corpo passou a morrer. Entretanto, assim como o homem antes da desobediência não morria, também não encontrava em si defeitos. Tinha, diferente de nós, inteligência, memória, vontade, afetividade, imaginação, espiritualidade e amor perfeitos, tudo estava voltado para Deus, assim como o espírito inteiramente elevado e a alma perfeitamente unida a Deus. Mas, veio o pecado e, de tudo isso, só restou imune a inteligência e a vontade, todas as outras faculdades  se encontram no homem como recém-nascidas. Do mesmo modo, o espírito é regredido e a alma separada de Deus.
 
Até que Deus, em seu infinitos amor, misericórdia, bondade, ..., decidiu que aquele homem, que Ele tanto amava e que o traíra, desunindo-se a Ele, deveria ser resgatado, redimido; queria o Amor destruir a morte que o próprio homem pelo pecado construiu. Apeteceu à Verdade que se tornaria homem e daria o exemplo de como assim ser; que iria mostrar-lhe o verdadeiro sentido da vida; que iria passar por toda humilhação, sofrimento e rejeição possíveis para que não possa o homem nada ter a reclamar sabendo que seu Criador havia passado por pior situação; que iria também afastar as tendenciosas interpretações e corrigir as distorções que a vaidade humana havia feito em sua lei, veio torna-la perfeita; e, enfim, quis afastar a morte que o homem havia criado para si, por ele morrendo e, definitivamente, a ela vencendo; além de outras maravilhosas obras. Fez tudo isso porque à sua amada criatura deu um bem maravilhoso, que é sua liberdade. Eu, mesmo, quando alguém que amo erra, tenho vontade de tomar sua própria vontade e por essa pessoa acertar. Pois sou assim, imperfeito, diferente de Deus, que respeita a nossa vontade. Por isso tudo, Jesus é o modelo de homem a ser imitado. Sendo perfeito em todas as suas faculdades, é o verdadeiro homem, completo e feliz. Imitar a Cristo é procurar a felicidade, terrena ou eterna.
 
Disso resulta algo que não é normal pensar e que, como a grande maioria das coisas que aqui escrevo, não tirei de mim, li em “O Diálogo”, de Santa Catarina de Sena. Ocorre que nessa vida temos, sim, a oportunidade de buscar essa elevação e sermos provados nela, numa dinâmica absurdamente perfeita. É por isso que Deus permite que em nossa vida existam adversidades, é nela que podemos treinar nossas virtudes. Devemos, pois, aproveita-las, se possível, refletindo em cada uma que passamos, qual é a virtude que o Professor vem nos provar. Pense sempre assim, como a vida sendo uma gigantesca escola na qual Deus é o professor. Quando não frequentamos à Igreja, deixamos de ir às aulas, porém, das provas não podemos nos ausentar, assim como ocorre em qualquer instituição de ensino que se preze. Na Igreja, temos os ensinamentos sobre a vida e as virtudes, os mandamentos, os conselhos, que não são nada mais do que manifestações do amor de Deus. Vemos também na Igreja a vida de Jesus, que é a coerência do Pai, de modo que o que o Pai diz, o Filho faça, é o próprio professor que ensina e que faz. Vendo os ensinamentos e o exemplo de Deus, somos bem mais capazes de sairmos melhores nas provas.
 
Ainda se pode crescer na graça. Quando estamos unidos a Deus por meio da oração, nossas faculdades são cada vez mais iluminadas por Deus. Todavia, existe um certo equilíbrio entre nelas, como que estas faculdades fossem a escala harmônica na qual Deus solasse. Nossa vida é, assim, uma música solada que Deus toca, as sete faculdades são a escala que Deus usa para tocar. Ocorre que assim como em uma música, nossa vida também possui um tom. Este tom é uma faculdade preponderante que o Pai nos deu,  de modo que cada uma tenha a sua,e também cada um tenha a sua harmonia, nas combinações entre os tons quando dos semitons. Eu, por experiência própria, creio que Deus deixado quase nada na afetividade e muito pouco na vontade, para que deixe quase completo em outras. Lembro a você que estar fora da vontade de Deus é cantar fora do tom. É terrível aos ouvidos de Deus e ao nosso quando do findar desta vida.
 
Findar desta vida. Não sabemos o momento em que vamos embora para a vida que presta. Por isto, só possuímos o hoje, o agora. O ontem já passou, não podemos modificar, mas, podemos recordar-nos dos erros passados para que assim não cometamos mais. O futuro, bem, quando se está na vontade de Deus, Ele o organiza para que estejamos preparados sempre para a Sua vontade. Entretanto, é o hoje, o agora, que importa. Pense no problema que você tem pra resolver hoje como uma equação que Deus nos dá. Esqueça do mundo e os seus “ensinamentos” diabólicos que dizem: “Aproveite o hoje, porque esta vida é efêmera.” Aí nós, idiotas como somos, damos ouvidos a este infeliz. Só que ele, astuto do jeito que é, nunca vai dizer que você vai estar destruindo seu amanhã! Aproveite, sim, o seu hoje, de modo que o seu amanhã seja preparado; aproveite o hoje para cantar conforme a música da sua vida; aproveite o hoje para tirar a nota máxima nas avaliações; aproveite hoje para começar a frequentar as aulas; aproveite o hoje porque você não sabe se existirá amanhã, e, se este não existir, talvez você seja reprovado.
 

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Da infinitude de Deus

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Deus é infinito... Misteriosamente infinito. Nós, humanos e limitados por condição não conseguimos ter a menor noção do que se trata este infinito. Enlouqueceríamos, sim, de amor. Queria eu ter a graça de ganhar bastante tempo em incessantes orações com a pergunta que Francisco, o santo de Assis, fazia. “Quem és tu, quem sou eu?” De fato, mais facilmente respondemos a indagação acerca de quem somos quando temos alguma noção de quem é Deus. Depois de um certo tempo, vem-nos a notícia de que não somos nada e de que Deus é tudo. Deus é tudo que não somos. Se não somos santos, puros, perfeitos, inteligentes, misericordiosos, bondosos, ..., Deus é.  Entretanto, muitas vezes ficamos limitados à nossa humana compreensão e só porque somos nada, não queremos dar a Deus o lugar de tudo.
 
Imagine alguma qualidade sua. Agora multiplique por infinito esta sua qualidade, assim Deus é. Se você se acha belo, Deus é infinitamente mais; se você se acha inteligente, Deus é infinitamente mais; se você se acha bondoso, Deus é infinitamente mais. Pra você não dizer que me contradisse, dizendo que se você tem alguma qualidade, se você é pelo menos um pouco bondoso, você não é nada. Não deixa de ser. Comparado a Deus você não deixa de ser. Entenda uma coisa, Deus deve ser para nós o único parâmetro, se quisermos por um acaso ser dignos de algo, não nos comparemos nunca com ninguém, mas sim com Deus. Não é ousadia, não, querer ser igual a Deus, até porque isto é impossível, mas é possível tentar. Alguém já dizia que “uma meta, se for alcançável, não é uma meta.” Por isto, infinito menos qualquer quantidade finita, continua sendo infinito.
 
Toda idolatria é sem sentido, é burrice. Devemos trocar nossos ídolos por Aquele que pode preencher nossa necessidade de eternidade, de infinito. O homem mais inteligente do mundo, com seu QI 210, não se compara ao de Deus, que é infinito. O mais sábio ou douto, que já leu uma biblioteca inteira, não se compara a Deus, que tem sabedoria e conhecimento infinitos. O maior cientista não descobre nada mais do que a Criação. Não falarei nem de bondoso, nem de puro, nem de misericordioso, perfeito e muito menos santo, porque só se pode assim ser com a Graça de Deus, e assim não há como haver idolatria. Mas, se é possível que alguém idolatre algum santo ou alguém que viveu a palavra de Deus heroicamente, aviso que o que ele foi, Deus é infinitamente mais. Há alguns que se encantam pela beleza, pois digo que Deus é infinitamente mais belo, apaixone-se por Ele.

Do mesmo modo, o amor de Deus é infinito, de modo que se possa assim serem preenchidas todas as nossas carências e necessidades de amor. Deus é infinitamente justo, de modo que não esquecerá nenhum dos momentos nos quais rendemos a Ele toda a nossa vida. Deus é infinitamente misericordioso, de modo que o maior pecador do mundo pode ser muito bem compreendido e sujeito de graça ainda maior do que seu pecado. Deus é infinitamente bondoso, e tanto, que tudo nos quer dar, ainda que nós, pequenos idiotas, não o queiramos e, para isto, foi capaz de se rebaixar a nossa natureza, sofrer tudo que podemos sofrer. Mesmo sendo Deus, a Majestade do Universo, foi humilhado , mesmo sendo infinitamente amoroso, puro, casto, santo, justo e inocente, foi castigado; no fim de tudo isto, morreu por nós. Tão infinito é seu cuidado para conosco, que Ele próprio se dá na Eucaristia. Tão infinita é a sua liberalidade, que Ele, em seu Espírito, habita em nós e nos faz pequenos deuses por participação.
 
Por outro lado, tudo que não provém Dele é finito. A própria maldade é finita e é sobreposta pela bondade de Deus. É tanto que Deus aproveita-se de satanás para elevar-nos, ou existe outro modo de provar nossas virtudes do que nas contrariedades? Sou tentado a sentir pena daqueles que possuem o derrotado como senhor, que o veem lá com algum título de divindade. Ele pode ser eterno, em seu suplício, mas infinito, o coitado, não é. Meu Senhor, sim, é! Meu Pai do Céu é infinito e não se cansa de me dar tão graciosos presentes. Meu Jesus é tão infinito que me leva a Ele mesmo, ao próprio infinito, se faz um comigo. E o Santo Espírito, é infinito ao ponto de me revelar, a mim, impuro e inútil, algo do Pai, do Filho, ou Dele mesmo. É esse Deus, tão infinitamente grande, forte e poderoso, que me conquista e me faz, cada vez mais, coloca-lo em Seu devido lugar, na Majestade de tudo. Até porque Ele é tão bondoso, habilidoso, inteligente, sábio, amoroso e carinhoso, que não posso querer outro rei. Eu mesmo, sou ruim, débil, burro, inculto, odioso, indelicado e, ainda mais, soberbo, para querer ser senhor de mim mesmo.
 
É por isso tudo que desejo a nós, que bebamos sempre dessa fonte inexaurível que é o próprio Deus, que é em si mesmo por nós inacessível, mas é infinitamente humilde ao ponto de se rebaixar a nós a dizer: “Põe aqui a tua mão.” É Ele próprio que se deixa tocar, não só tocar, mas se dá como alimento, não só alimento, mas nos dá uma verdadeira vida. Nesta vida, nos dá o sentido, para que assim possamos aqui ainda sermos um pouco felizes. Mas, o que Ele tem de bom mesmo para nos dar é a capacidade de contempla-lo e conviver com Ele, dentro Dele, no Céu, numa vida tão infinita que se soubéssemos um pouco dela, desejaríamos a morte desta pseudo-vida.
 

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Do ódio

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O ódio, que será ele? O que lhe dá origem? É uma questão um tanto interessante. Desta vez estou aberto a, quem sabe, discordar de mim mesmo.Vamos primeiro à primeira questão.

O que penso, o que sinto, quando odeio? Se odeio algo, é algo que eu tenho total repugnância, que rejeito absolutamente de mim, do meu gosto, da minha vida. Quando sinto ódio por algo, isto me dá repulsa daquele algo, não sinto vontade de estar nem próximo, quanto mais no mesmo ambiente. Dou-me parcialmente por satisfeito pela resposta. Vamos à segunda questão.

O que é que origina este sentimento tão temido por tantos? Bem, tenho ódio por alguém que me prejudicou com pujança, ou odeio algo que me faz mal. Disso só posso (não que não seja possível outra interpretação) entender que o ódio é proveniente do pecado ou do que não é bom, e isto que não é bom, obviamente, é proveniente do pecado. Lógico que enquanto não se coloca no outro lado da moeda, quando por exemplo algum bandido odeia o policial que irá prende-lo, mesmo que sabendo que ele é errado e o policial, sim, é que é o correto, Enfim, odeia-se algo que se prejudica.

Disso se abre uma grande questão. Qual a utilidade do ódio? É uma questão em parte simples e em parte complexa. Para lembrar o lado complexo da coisa, trago à lume algo Bíblico, é quando o Apóstolo diz que “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador.” Isso nos mostra o que é difícil de se engolir, se Deus odeia o pecado, Deus odeia. Aí é que entra o lado cético da história. Por quê? Se Deus é o bem, o sumo bem, o bem em pessoa e criou tudo que é bom, e amou tudo que criou, por que ele odeia? Só respondemos isso quando lembramos o que é amor e o que é pecado. O amor, em nível verdadeiro e divino, aquele pregado por Jesus, não é um tão simples sentimento, mas a exteriorização dele; amar é, destarte, querer, querer bem, querer o melhor. Já pecado é uma negação, na verdade, uma negação de Deus; pecado, portanto, é dizer não à Deus. Se, por outro lado, Deus diz “que teu sim seja sim e teu não seja não”, quer dizer que Ele assim pensa e, por isso, entendemos que Deus, ou ama, ou odeia, não fica indiferente. Deus nunca amará o pecado, assim, Deus odeia o pecado. Só uma lembrança, Ele não criou o pecado.

Por outro lado, não se deve odiar a nenhuma criatura, já temos os mandamentos! Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como conosco mesmos, e, se não bastasse, devemos amar assim como Cristo nos amou. Não existe sentido nenhum em se odiar ao irmão (já que somos todos filhos amados por Deus), visto que é da condição humana a imperfeição, o erro. Devemos, sim, ter misericórdia, uma amante misericórdia, daquela capaz de amar mesmo a quem nos fez mal.

Todavia, existem alguns ódios tanto necessários quanto utilitários. Ódios necessários? É porque acredito que se Deus odeia o pecado, devo também eu odiar, sendo esta uma condição para a minha salvação, e também quando odeia-se o diabo, que é o ser odiável, rejeitável, repugnável, por tudo que ele significa e por tudo que ele faz. Há também ódios utilitários, isto acontece com tudo que não vem de Deus, seja a injustiça, a mentira, a indiferença, por aí vai.

Só existe uma questão, assim como quem ama age, quem odeia deve agir também. Se você odeia o pecado, procure não pecar, se você odeia o diabo, ame. Assim como não adianta dizer que ama e não fazer nada.

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