Sou eu o vilão da história?

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Essa é a pergunta que ecoa em meus pensamentos. Que sou eu, mocinho ou vilão?

É insuportável ser tachado do culpado de tudo! Sou culpado pela discórdia entre famílias, pela falta de liberdade de quem amo, até mesmo culpado pela minha infelicidade.

Minha história é, sim, cheia de mistérios, os quais não exponho o código para decifrar. Na verdade, decifrar o mistério da minha vida é ter a alegria de descobrir um gênio fiel e a tristeza de penetrar num profundo sofrimento.

Não nego que tão profundo é o abismo em que caí no dia em que nasci, e que tentar sair dele me sufoca. Desistir é algo que não posso cogitar, já que só eu consigo suportar não suportar o que não suporto. Dizer que não tenho mais forças é decretar o sofrimento absoluto a quem me ama.

De fato, sou muito amado. Tão amado, que pessoas involuntariamente se fizeram de mim dependentes. Na verdade, não é de mim que assim são, mas Daquele que fala por mim, a quem inspiro e expiro para todos. Mas de mim, são tão dependentes, que não posso eu estar mal, que a revolta é instantânea.

A burrice do homem, dessarte, passa dos limites. Sou também dependente. Preciso de férias de mim mesmo. Preciso não ser cobrado de ser quem sou. Preciso ser quem sou gratuitamente. Infelizmente, hodiernamente, o único bem que quero é a mim mesmo. Vence-me, pois, a tentação de querer que provem um pouco do meu abismo para saberem um pouco do sabor, do terrível sabor.

É notório que o perfume mais doce é ainda mais insuportável do que o cheiro da fossa, para quem lá está. Por isso que, do mesmo modo que sou amado, sou terrivelmente odiado. E, terrível é, para mim, saber que meu perfume incomoda tanto.

Causa-me terrível sofrimento ser odiado. Provoca-me sofrimento maior ainda lembrar-me do sofrimento. Aumenta tudo o saber do não reconhecimento de minha luta.

Não quero que tenham acesso a minha história, não a desejo a ninguém. Lembrar-me das vitórias não me causam mais bem. De que vale, afinal, uma vitória sem glória?

Para que lutar se a vitória não vem pelas minhas mãos? Que mérito tenho eu se não fui eu, mas Deus que ficou em terceiro lugar? De fato, não sou nada, Deus é tudo. Mas o nada que sou cada vez mais vazio está, quanto mais o tudo que há não se vê em mim.

De que vale esperar o céu se não se quer morrer? De que vale querer o céu se não se espera a morte? Quero eu, assim como Teresa, viver o céu na terra! Quero a felicidade aqui e hoje! A felicidade que passo para todos quero eu também! Porque não posso guardá-la só para mim?

Uma coisa eu tenho certeza que acontecerá. É que ficará cheio de angústia aquele que ler tudo que foi escrito, já que tenho, infelizmente, para o bem ou para o mal, o grande poder de influenciar.

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Da Liberdade Humana

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Peço perdão desde já porque não estou lá com muita capacidade para escrever. Nem para pensar. Vou escrever o que já sei.

O ser humano, mesmo com todas as limitações impossíveis a ele, é definitivamente livre.

A liberdade é um dos três direitos naturais (vida, liberdade, propriedade) inatos ao homem. Afora a vida, é o bem mais importante e valioso que o ser humano possui.

Sem receio de dar uma conotação religiosa ao texto, digo que Deus fez o homem livre, e qualquer limitação a essa liberdade foge aos planos de Deus para ele. Repare bem no que eu disse: "Deus fez o homem" - isso quer dizer que Ele é nosso Criador e a Ele devemos nossa existência. No entanto, Ele "fez o homem livre". O que isto quer dizer? Quer dizer que mesmo sendo nosso Criador, mesmo que nós devamos nossa existência e também a continuidade da nossa existência a Ele, Ele não nos obriga a nada, nos fez livres. Deus nos ama tanto que preparou uma casa para morarmos e deixa-nos fazer o que quisermos com ela e nela. Não diz: "Eu criei a Terra, e já que você mora na Terra, só vai fazer o que eu quiser." Não! Deus nos deu tudo, e toda a liberdade para fazer tudo o que quisermos com tudo que Ele nos deu. No entanto, a nossa inteligência ou a falta dela é que dirá o que faremos com essa liberdade. Suportaremos as más consequências dos nossos atos.

Alguém pode dizer: "Mas Deus fez a lei, e devemos obedecê-la". Quem possivelmente disse isso o fez bem ao dizer que "devemos". Porque assim como já disse, Deus nos fez livres para cumprir ou não os seus preceitos. Se não cumprirmos, suportaremos as consequências. Disso que falei podemos depreender uma coisa: "A lei não é limitação à liberdade". E isso é verdade! Seja qualquer tipo de lei, norma, regra, nenhum limita a nossa liberdade, nós podemos obedecê-las ou não e, novamente, se não o fizermos, suportaremos as consequências.

Tanto falei de liberdade e não conceituei como penso que seja. Fá-lo-ei assim como dou o conceito de amor, transformando-o em verbo. Se o significado de amor é amar, já que ele se concretiza na ação, o significado de liberdade, para mim, nada mais é do que escolher. É livre quem tem essa capacidade.

Entretanto, assim como todos os bens que possuímos, não podemos abusar da liberdade (não estou nem aí para as repetições). Não sou eu que vou dizer como é que se abusa da liberdade, todos têm inteligência suficiente para discernir, ou melhor, quando se há vontade de discernir (existe ser "inteligente" mais perigoso [leia-se demoníaco] do que o egoísta?). Contudo, vou fazer uma simples demonstração de um abuso terrível da liberdade: é quando limitamos a liberdade do outro! Se formos falar em Deus, lembremos que Ele fez os homens livres e que ninguém pode limitar a liberdade de ninguém, ainda mais por motivos egoísticos. Na verdade, pode-se haver casos em que a limitação da liberdade seja lícita, contanto que o dono da liberdade não saiba o que fazer com ela. Aí se limita a liberdade por amor!

Sem mais o que falar, repito o que disse Ulpiano, visto que nos socorre bastante. São os preceitos do direito: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere. Traduzindo: Viver honestamente, não prejudicar a outrem, e dar a cada um o que é seu. Quer ser justo? Então use a sua liberdade pautando-se nestes preceitos!

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Das religiões

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Religião não se discute. Eis uma grande descoberta. Não me venham, todavia, dizer que esse ditado é mais que conhecido e que estou muito atrasado em pensar o contrário. Na verdade, não é por se evitar discutir sobre religião para evitar discussões, as razões são outras (sem tirar o mérito da sabedoria popular).

Ressalte-se aqui, com toda a limitação que se deve haver, o relativismo. É deste que a maioria das religiões (já que não se pode conhecer a todas) fogem, até porque não existe lógica nenhuma em ser adepto de uma religião crendo que ela pode não ser verdadeira. Também não se pode dizer que todos estão certos (até porque a verdade é só uma, e dizer que existe mais de uma é o mesmo que dizer que ela não existe). O problema é que, para cada um, cada um está certo, não cada outro. Já para cada outro, cada um está errado, não ele.

O problema vai mais além. Independente de cada um estar certo ou errado, a questão é que cada um e cada outro têm razões para serem adeptos de suas respectivas religiões, seja culturais, familiares, entre outras. No meio das contas, fica cada um querendo convencer cada outro, e cada outro querendo convencer cada um. No final, briga. Isso se dá porque não existem razões, no sentido de razão, para se ser de uma religião ou outra. Exemplificando: Um católico passa pela praia no dia de Iemanjá e vê candomblistas (se é assim que se chamam) fazendo oferendas a "rainha do mar", logo pensarão - "Os peixinhos vão ficar é contentes...". Por outro lado, vai um candomblista a uma missa, e vê aquele pedaço de pão que dizem que é Deus, em Sua própria carne, não se tratando de nenhuma representação nem simbologia, e que os católicos comem desses corpo e sangue, vai achar que são todos doidos varridos.

É por esses motivos que, a priori, as religiões são relativas e, em uma primeira análise, pode-se considerar todas como verdadeiras. É possível afirmar, também, que contra elas não há argumentos, que não se pode discutir acerca da veracidade de um dogma. Enfim, não tem para que buscar comprovar a falsidade de seus fatos.

Por outro lado, falo de uma análise a posteriori quando esta é comprovada pessoalmente, no íntimo de cada ser. E há como se convencer definitivamente da verdade de uma religião, e a muitos isso já aconteceu.

Vide São João 16,8.

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