Das religiões

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Religião não se discute. Eis uma grande descoberta. Não me venham, todavia, dizer que esse ditado é mais que conhecido e que estou muito atrasado em pensar o contrário. Na verdade, não é por se evitar discutir sobre religião para evitar discussões, as razões são outras (sem tirar o mérito da sabedoria popular).

Ressalte-se aqui, com toda a limitação que se deve haver, o relativismo. É deste que a maioria das religiões (já que não se pode conhecer a todas) fogem, até porque não existe lógica nenhuma em ser adepto de uma religião crendo que ela pode não ser verdadeira. Também não se pode dizer que todos estão certos (até porque a verdade é só uma, e dizer que existe mais de uma é o mesmo que dizer que ela não existe). O problema é que, para cada um, cada um está certo, não cada outro. Já para cada outro, cada um está errado, não ele.

O problema vai mais além. Independente de cada um estar certo ou errado, a questão é que cada um e cada outro têm razões para serem adeptos de suas respectivas religiões, seja culturais, familiares, entre outras. No meio das contas, fica cada um querendo convencer cada outro, e cada outro querendo convencer cada um. No final, briga. Isso se dá porque não existem razões, no sentido de razão, para se ser de uma religião ou outra. Exemplificando: Um católico passa pela praia no dia de Iemanjá e vê candomblistas (se é assim que se chamam) fazendo oferendas a "rainha do mar", logo pensarão - "Os peixinhos vão ficar é contentes...". Por outro lado, vai um candomblista a uma missa, e vê aquele pedaço de pão que dizem que é Deus, em Sua própria carne, não se tratando de nenhuma representação nem simbologia, e que os católicos comem desses corpo e sangue, vai achar que são todos doidos varridos.

É por esses motivos que, a priori, as religiões são relativas e, em uma primeira análise, pode-se considerar todas como verdadeiras. É possível afirmar, também, que contra elas não há argumentos, que não se pode discutir acerca da veracidade de um dogma. Enfim, não tem para que buscar comprovar a falsidade de seus fatos.

Por outro lado, falo de uma análise a posteriori quando esta é comprovada pessoalmente, no íntimo de cada ser. E há como se convencer definitivamente da verdade de uma religião, e a muitos isso já aconteceu.

Vide São João 16,8.

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1 Comentários

Um comentário :

  1. Concordo com você, religião não se discute, ou melhor não no sentido de tentar impor ao outro a fé que professamos, porém pode e deve ser debatido o ponto de vista de cada um a cerca daquilo que considera como sendo positivo ou negativo na religião. Aqui surge a pergunta, o que é a religião?
    Você citou o Candomblé, que se não estou enganada é o mesmo que Umbanda, na minha concepção de religião esta eu não considero como tal, mas lá está tudo é relativo e depende do referencial, como bem exemplificou.
    A propósito da verdade ou verdades, esta também é relativa, depende do ponto de referência, há muitos anos uma peça teatral representou bem essa relatividade a cerca da verdade, o título era. "assim é se lhe parece", cuja trama gira em torno de um crime e as várias versões apresentadas e o espectador que assistiu a cada versão concorda que é verdadeira,porque cada pessoa interpreta uma cena de acordo com o seu momento interior, sua observação, seus princípios e conceitos. Se assim não fosse não existiria a necessidade de haver um advogado de defesa, um advogado de acusação e muito menos um juíz para condenar ou absolver um réu acusado de cometer algum crime, porque a verdade seria absoluta e incontestável, não é mesmo?
    Um abraço

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