Da Beleza

Um comentário

Sun Drenched Garden

A beleza de cada criatura reflete o seu criador. Como a rosa, que em seu esplendor, só o tem por causa da seiva que em si corre. Quando prendida ao solo, tem o máximo de sua beleza, mas, se a ele desprendida, pouco dura. É desse modo, pois, que a beleza por si só não tem utilidade. A flor não tem mérito de ser bela, não tem do que se orgulhar, o que nela há de verdadeiro para se admirar é a grandiosidade do seu criador.

Ela recorda aquilo que se teve e ainda que se poderá ter na eternidade. Beleza, portanto, é promessa de felicidade. Crê-se que se encontrará, pois, naquilo que é belo. É o contrário, todavia, que se vê até mesmo na natureza. Muitas vezes algo que é belo pode esconder um potente veneno. Isso é a sabedoria dela que nos ensina que não devemos dar atenção demasiada àquilo que os olhos podem ver.

Alguém compra livro pela capa? Por acaso a capa de um CD corresponde à qualidade daquilo que está lá dentro? O refrigerante tem rótulo, mas só se bebe com confiança porque se enxerga o líquido que está dentro. Com as pessoas, entretanto, acontece diferente. Há pessoas que sentem terrível atração por aquilo que é belo, a ponto de não ter encanto algum com quem a beleza não possui. É com muita dificuldade que este encontrará alguém que corresponda à propaganda realizada pelo seu exterior, não porque as pessoas mais belas não são boas, mas que a probabilidade é menor.

Só os loucos, totalmente incapazes, fazem algo sem tino. Então, mesmo que inconsciente, para todo o ato existe uma finalidade. Quando se procura alguém formoso, pois, pode ser até por uma intenção aceitável e inocente, como quando motivado pelo complexo de Édipo, se o sujeito tem uma mãe muito bela. Mas, o comum, é procurar alguém bonito para saciar o ego, dizendo para si ou para os outros que é capaz de possuir aquela pessoa; por uma vaidade grande, quando se achar digno demais para conviver com alguém que não seja belo; ou até mesmo por puro desejo carnal, atração sexual.

Que tipo de relacionamentos procura uma pessoa que vê a beleza como critério? Nem sempre as coisas acontecem como se vê nos filmes... Acontece que nos filmes são os belos que o mercado oferece, fazendo papéis espetaculares das ficções ou adaptações a agradar. Na realidade, pode haver incríveis rótulos de conteúdo vazio. A finalidade do consumo não é o invólucro, mas o que nele contém. O que não pode acontecer, de modo algum, é o julgar aqueles que têm um aprazível envoltório, mas o contido correspondente, ou até melhor, por aqueles outros que por dentro são vazios, podres, ou venenosos.

Quem procura beleza, pode encontrar ou não felicidade. Mas, quem se gloria da formosura, esse sim, mais cedo ou mais tarde, encontrará a infelicidade. É uma vaidade de imensa indignidade, porquanto nada é meritório. Essa beleza dura pouco tempo, comparada à eternidade, basta um infortúnio e ela num instante se acaba. É a beleza da alma, essa sim, que deve ser cultivada e procurada, ela é que certamente trará felicidade e que deverá perdurar por toda eternidade.

Um comentário :

Postar um comentário

Vômito juvenil

Nenhum comentário

Nicolas_Poussin_003_OBNP2009-Y07828

Existe uma confusão na minha cabeça com relação a algumas coisas que vive a juventude. Existe não, é mentira. Eu sei muito bem do que falar, mas faço o questionamento unicamente para provocar o raciocínio. E aviso que esse texto vai ser coloquial mesmo.

Pra ser jovem é necessário ter merda na cabeça? Me diga aí! Por que ser jovem significa fazer besteira, ser irresponsável, viver realidades passageiras e sem valor? Qual é a consequência de ficar, por exemplo? O ficar por ficar é um uso mútuo, um paga o outro pelo prazer que recebe com o prazer que dá, é uma coisificação recíproca. Os tipos de “fica” eu não vou ficar falando aqui, não! Não interessa! O que importa é a finalidade com que tudo é feito.

A bebida é outra coisa. Existe algo de muito interessante no álcool que é o favorecer à diversão, à descontração. Mas, o que se vê não é nada de moderação. Muitos tem o álcool como fonte de felicidade. Disso vai havendo uma regressão de valores imensa que resulta na “filosofia” dos festeiros por aí. O negócio é farrar, beber e raparigar. Os próprios epicuristas achariam disso tudo um absurdo, pelo menos os gregos e romanos pensavam... Mas, não! O que se vê é um bando de cabeças vazias!

Se não fosse bastante, vão se transformando em pratos de comida. As meninas com saias minúsculas, que só inocência demais de quem usa para não saber que aquilo desperta tudo que é instinto masculino. E os homens, os babacas mor, desfavorecem o que tem de melhor (a inteligência), que os fazem ser homens, aliás, diferente dos animais que não pensam, e têm de ser musculosos. Quando esses panacas não estão sem camisa, estão com aquelas coladinhas, que, pelo menos, mostre a marcação dos músculos. O que eles querem mesmo é o prato de comida, e se tornam esse objeto de desejo para possuírem aquelas que os desejam.

A situação vai piorando. É que todos esses babaquinhas não gostam muito de estudar, muito menos de pensar. Mais cedo ou mais tarde, quando precisarem de dinheiro, vão partir para a desonestidade. Ou não, vão ganhar dinheiro explorando aquilo que viviam: festa e bebida. Aí fica um ciclo tremendo de idiotas.

Disso vêm meus questionamentos. Se fazem isso tudo em nome da juventude, até porque mais tarde vão parar, porque se tornaram adultos, o que é ser jovem? Existe verdadeiro prazer na imbecilidade? Existe sentido numa vida ridícula e inútil, quando nada se faz com uma verdadeira finalidade, mas com o único intuito de obter a sensação? Existe valor na irresponsabilidade?

É tanta imbecilidade, que essas criaturas não pensam ao menos que não sabem o momento da morte, e quando se depararem com ela, naquela final reflexão, vão pensar: “Muito farrei, muito bebi, muita mulher peguei, nada de verdade vivi. Só de uma coisa eu sei, que muito tempo perdi… que me lasquei!”

Nenhum comentário :

Postar um comentário

A Coroa

Um comentário
coroa de espinhos

Se fosse eu usando aquela coroa, sabendo a grandeza do rei que era, nem digo o que faria. Talvez, a primeira coisa que diria era o famoso jargão: “Você não sabe quem sou eu...”, e tiraria aquela coisa que estava me ferindo. Quem sabe depois, se eles insistissem, começasse a brigar, sabendo que fui eu que dei força a Sansão, Davi e Gideão? Eu ia humilhar mesmo aqueles pobres coitados…

Podia eu ser mais sutil, dizendo: “A planta que foi usada para fazer essa coroa fui eu quem criou...”. Ou ainda, de modo sarcástico, diria que era o rei do universo... Uma coisa é certa: aqueles soldados idiotas não iriam ficar impunes por tal humilhação, como é que pode se fazer uma coroa de espinhos e colocar na cabeça de Deus, por dizerem que Ele era rei dos judeus? É muita ousadia…

Podia ser essa, realmente, a minha reação, e nem haveria necessidade de tanta gravidade da situação. Simplesmente pelo fato de ser Deus, não suportaria ser contrariado de maneira alguma. Isso é fato. Contudo, eu não sou tão idiota assim. Uma coisa é o agir e outra coisa é como deveria. Colocar-me em tal posição não me faz pensar de Jesus um covarde. Pelo contrário, vejo que me assemelho muito pouco a este que digo servir e seguir. Não tenho nada de humildade.

Um comentário :

Postar um comentário

A vida tem sentido

Nenhum comentário

tumblr_l807fu5fFm1qd7ygho1_500

Existem duas realidades humanas que devem ser buscadas: são o ser e o dever ser. O que se prega no mundo, entretanto, é o quero ser, ou aparento ser, e as realidades interiores nada tem de validade.

Entretanto, tudo isso tem um preço. E é o maior que se paga, que é o de viver uma vida sem sentido, de nunca ter sido quem se é de verdade e de nunca ter sido quem poderia ser. Viver sem ter nenhuma utilidade. Não. Há certa utilidade… uma utilidade destruidora que vai esvaziando tudo que é verdadeiro e tem valor.

Por outro lado, o que deve ser procurado, em primeiro lugar, é aquilo que se é de verdade, em confronto com tudo aquilo que se deu saber e pensar de si. Deixar-se descobrir. Pois há uma grande felicidade em estar integrado consigo mesmo: corpo e alma. Ser e reconhecer aquilo que se é afasta tudo que é mal e errôneo conceito de si, pois se torna tudo amor, dom e valor. A vaidade não tem chances contra a verdade.

Nesse processo de integração do homem, se erige a missão. Sem essa, a vida não possui sentido, nem valor. Se navegar é preciso, e não viver, ter um destino é primordial para poder navegar.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Do pecado como um todo

Um comentário

edward_hopper_summer_interiorNão há como se enganar num mundo escondido, nem não há nenhum mal que a ninguém ofenda. Se o mundo não vê o pecado que cometemos, quem mais vê é quem mais é ofendido. Deus tudo vê, mas, como é de tanto costume, esquece-se.

Há uma inocência disfarçada, um pecar sem mal fazer. A verdade, pois, é a que se mais tem capacidade de esconder. É-se Deus no escondido e demônio no íntimo. A bondade a todos se deve estender, mas, a maldade só no íntimo se deve cometer. Seria isto verdade? Então, qual é a realidade. O que pode de si chamar aquele que na vida íntima só comete iniquidade? Para isto, cada um que seja juiz de si mesmo.

O mal que no íntimo se comete, aquele pecado do qual mais ninguém sabe, engana-se o sujeito em pensar que por ele mais ninguém é afligido. Assim como é todo o corpo que sofre com o mal de uma parte dele, a Igreja inteira sofre com o pecado de um membro. Nesse sentido, todo pecado é um pecado social.

Não há motivo para enganar nem mentir para si mesmo, fazer isto é criar uma ilusão. Portanto, se existe mais um motivo para não pecar além do amor a Deus, além do amor ao próximo, além do amor a si mesmo, além do receio do inferno, além do agrado do demônio, é o amor à Igreja. Não há, pois, como haver verdadeiro amor à Deus e ao próximo sem este amor à Igreja, nem há verdadeira bondade, pureza e santidade que não seja manifestada, mais do que sempre, na intimidade.

Um comentário :

Postar um comentário

Do Teólogo

Nenhum comentário

Saint Thomas Aquinas

Eu não sei quem sou para falar sobre esse assunto, mas se tiver razão, ainda que somente em alguns pontos, vão concordar comigo. Ainda que não seja ninguém, vai valer a pena ter escrito.

Não vamos falar aqui da importância da teologia, porque basta um mínimo de inteligência para abaixar a cabeça para ela. Mas, para focar na figura dos teólogos, principalmente do teólogo cristão, católico. Esse, que sempre existiu na história da Igreja. Entretanto, a sua existência não bastou, se ser teólogo tão somente fosse algo importante, teríamos o nome de muitos eternizados, entretanto, o que se vê é que a teologia cresce de acordo com a prática suscitada pelo Espírito Santo e com a evolução da sociedade humana.

Eu disse isso, porque experimento, na minha vida, que os teólogos santos foram gigantes da Igreja, por outro lado, o que não, são como velas que derretem e se apagam. Por outro lado, houve muitos que, em vez de debruçarem-se em livros para pensarem sobre Deus, viveram na prática, conhecendo a Deus e apaixonando-se por Ele. Esses tiveram seu nome cravado na história, e seu testemunho de vida prática e mística são, ou deveriam ser fonte objetiva de estudo teológico, tendo em vista que a teoria sem comprovação prática, de nada vale. Eis o valor da mística.

Assim, um teólogo que não tem vida de oração, que não tem vida mística, é como alguém que pega uma apostila, por melhor que seja, e começa a estudar sobre a guitarra, vai saber somente de ouvir falar. Pode discordar da apostila, pensando que deveria ser diferente o que está ali exposto, porque não sabe a essência do objeto, visto que nunca tocou nele. Obviamente, Deus, que é absoluto, não comporta discordâncias, posto que é absoluto, por outro lado, quando há discordância, é porque, pelo menos um dos que divergem não tem nenhuma intimidade com Deus. Se os homens todos tivessem intimidade com Deus, nunca discordariam, porque beberiam da mesma fonte, mas, o que o ocorre é que os homens bebem da fonte de si mesmo, que é relativo, e acabam por colocar conceitos que são, ou provenientes, ou contaminados pela sua vaidade.

Por outro lado, há aqueles que tocam a guitarra sabem realmente, porque viram, ouviram, tocaram, experimentaram, aquilo que ela é realmente, na sua essência. É claro que a pura experiência de tocar a guitarra não vai fazer lá muito significado. Do mesmo modo, a pura experiência mística sem nenhum fundamento, pode muito facilmente levar ao erro, à alienação, até a uma tola vaidade. Tola porque é uma vaidade advinda da falta de conhecimento. Ser místico sem saber de nada é como conhecer um amigo, porque convive-se com ele, mas, muitas vezes, não lhe compreende, porque não tem conhecimento de psicologia. Acaba julgando, condenando e medindo aquele que pode ser totalmente inocente, e o sujeito, por ignorância, não sabia. Assim, o teólogo sem vida de oração, quando não cai no erro, cai na soberba; já o místico sem conhecimento, pode-se tornar um babaca.

Entre eles, prefiro o místico, porque o teólogo, da mesma forma que o psicólogo, entenderá Deus e a sua palavra muito melhor se for de perto, desse modo, todo seu conhecimento de nada vale, se não experimentar do próprio Deus. Por outro lado, o místico pode não ser lá tão inteligente e sábio, mas vai conhecer, gostar, se apaixonar e amar aquele com quem convive.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

O mérito de Francisco

Nenhum comentário

sao-francisco-de-assis

Pode ser que, em algumas vezes, o estudo exagerado seja para não entender aquilo que é óbvio, tanta interpretação a fim de ludibriar a verdadeira mensagem que o texto quer passar. Isso acontece muito com o Evangelho. Tantas teologias existem aí com vertentes que cada um dá, para se eximir da responsabilidade dos atos, como que dizer: “se não entendo dessa forma, é porque não é”. E assim acontece que cada um vai tendo o entendimento que for mais favorável a si.

Os pequeninos tem mais facilidade de entender a mensagem de Jesus, digo os pobres, os doentes, daí se entende que para entender o principal do Evangelho não é preciso lá muito estudo. Jesus, que é inimigo da soberba, não ia falar algo que só os doutores entendessem, mas “dispersou os homens de coração orgulhoso”, como disse sua mãe. Daí se pode entender a fuga que tantos teólogos fazem do verdadeiro entendimento do Evangelho, que é simples.

Assim viveu São Francisco, não querendo entender a Palavra como lhe fosse útil, mas sendo humilde e submisso a ela. Tinha o Evangelho como regra de sua vida, não de forma interpretada, mas na sua literalidade. Assim, tornou-se, sem interesse algum nisso, o maior santo da história da Igreja. Ele é a prova maior que a soberba “inteligência” nada aproxima de Cristo, por outro lado, é mais coisa do diabo. Querer entender o Evangelho do jeito que se quer é tirar o título de Deus do Espírito Santo e o título de Verbo Encarnado de Jesus, para assumir o papel de deus, de senhor da razão, até mesmo das escrituras.

O certo é seguir, portanto, o exemplo de tão grande homem, de deixar a verdade o moldar, não moldar a verdade a si. De ser humilde e rebaixar-se não só ao outro, mas também à razão e à verdade. De saber que existem Deus Pai, Filho e Espírito Santo que são maiores que a si, e que se deve assumir uma posição submissa, servil, diante deles e do que é deles.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Apelo para o dia de São Francisco

5 comentários

vida-de-sao-francisco-de-assis

Meus amigos,

Faço um apelo a vocês para o dia de amanhã: dia de São Francisco, padroeiro dos animais. Assim é porque ele, mais do que qualquer outro homem que não é Deus, teve amor pela natureza. Foi um homem como que reconciliado, como se, pela semelhança a Cristo que alcançou, recebesse status de homem anterior ao pecado original, tempo em que era amigo de todos os animais, não somente dos cachorros. Era, inclusive, amigo de um falcão, este que o acordava todos os dias às cinco e meia da manhã, para que Francisco fizesse suas orações.

Entretanto, muito mais que aos animais, Francisco teve amor aos homens. Não gastava seu tempo cuidando de animais abandonados, porque dos animais Deus cuida. Mas, sim, dos homens excluídos, dos pobres, dos leprosos de seu tempo. É por isso que eu peço a vocês, meus queridos, que no dia de amanhã, trate o seu, outro animal, ou qualquer ente da natureza da maneira que merecem ser tratados, isto é, como criatura de Deus. E não só amanhã, como em todos os dias de suas vidas.

Contudo, principalmente amanhã, trate aos homens como Francisco os tratou, esqueça um pouco até seu animal, porque ele é extensão da sua propriedade, é algo seu, e se lembre daquele que foi criado à imagem e semelhança de Deus, o que não foi feito aos animais. Lembre-se daquele carente, aquele necessitado. Falou-se hoje do bom samaritano, até mesmo aqui, e São Francisco não foi nada menos que um bom samaritano.

Por isso, peço novamente a vocês, sejam bons samaritanos de homens, não de animais. Deem a cada coisa seu devido valor, e o valor do homem, diferente de qualquer outra parte da natureza, é imensurável.

5 comentários :

Postar um comentário

O Bom Samaritano

Nenhum comentário

436px-Good_Samaritan_(Watts)

Comprazo-me do meu sentimento de compaixão. Regozijo-me quando em mim é despertada tal emoção. Sinto-me humano, bom samaritano. Mas, não quero lembrar que entra e sai ano, e não pago meu dízimo, nem aquele pão eu doei. Nem todas aquelas roupas que eu tenho guardadas, todo o museu que eu tenho em casa...

Que tenho eu, que gosto de me sentir santo sem disso nada ter? Por que me satisfaz essa ilusão tão tenaz, já que não sou quem penso ser? A verdade, mesmo, é diferente. Recordo que para aquele cachorrinho na rua eu dei comida, já para aquele mendigo com bafo de bebida... Grosseria!

Na verdade, não é compaixão, é pena. Porque a pena não me deixa em igualdade, nem me desperta humildade, já que por alimentar a minha vaidade, a compulsão é mais amena.

Nenhum comentário :

Postar um comentário