O Bom Samaritano
Comprazo-me do meu sentimento de compaixão. Regozijo-me quando em mim é despertada tal emoção. Sinto-me humano, bom samaritano. Mas, não quero lembrar que entra e sai ano, e não pago meu dízimo, nem aquele pão eu doei. Nem todas aquelas roupas que eu tenho guardadas, todo o museu que eu tenho em casa...
Que tenho eu, que gosto de me sentir santo sem disso nada ter? Por que me satisfaz essa ilusão tão tenaz, já que não sou quem penso ser? A verdade, mesmo, é diferente. Recordo que para aquele cachorrinho na rua eu dei comida, já para aquele mendigo com bafo de bebida... Grosseria!
Na verdade, não é compaixão, é pena. Porque a pena não me deixa em igualdade, nem me desperta humildade, já que por alimentar a minha vaidade, a compulsão é mais amena.
Nenhum comentário :
Postar um comentário