Incoerências protestantes: a adaptabilidade do Evangelho

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Jacob-Jordaens-An-Apostle-Oil-Painting Os protestantes, em geral, parecem muito com um advogado que pega a lei e interpreta do modo que for mais favorável ao seu cliente, e é capaz de convencer a muitos que está certo. Só que o cliente do protestante é ele mesmo (ou não). Parece que quanto mais for capaz de moldar o Evangelho à própria vida, mais tem sucesso a denominação.

Podem-se dar muitos exemplos, como quando Jesus fala que crer Nele é condição para ser salvo, neste caso, eles entendem de modo literal, como se crer, no sentido do termo, fosse tão somente acreditar. Consideram-se salvos eles, e só eles, ignorando totalmente, por outro lado, quando Jesus diz que “o servo que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme sua vontade, será chicoteado muitas vezes”. É certo que não basta somente crer, mas aqui a condição de veracidade de interpretação é a que mais for favorável.

É incrível também, como conseguem criar teorias ou “teologias” totalmente incompatíveis com o Evangelho, e o comodismo é a única razão para o sucesso delas. A mais famosa delas, nos dias de hoje, é a heresia da prosperidade. Não se pode conceber como um Deus que nos indica que a perfeição é alcançada pela absoluta pobreza material, pelo abandono total das riquezas materiais, pode promover a alguém uma vida ostentada de todo luxo que lota “igrejas” a fim de encontra-lo.

Para alguns dos “pastores”, que se consideram ou se denominam “apóstolos” ou “bispos”, seria recomendável, ao contrário de adquirirem mansões, de viverem realmente o Evangelho, como Jesus disse aos verdadeiros apóstolos: “Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento”. (Mateus 10, 9-10) Será que continuariam cristãos se fossem obrigados a viver realmente conforme a verdade do Evangelho e da missão dos apóstolos?

É claro que existem denominações que se aproximam demais do que é pregado pelo Evangelho. E, se algum protestante ler este conteúdo e ficar incomodado, não fique, porque esse é o risco de ser protestante e viver à luz da livre interpretação da Bíblia, a de não ter uma unidade de doutrina, mas, pelo contrário, ter uma diferente a cada esquina. Essa multiplicidade de igrejas e denominações é o risco de ser injustiçado quando criticado como protestante (não digo evangélico, porque os católicos o são), porque não se tem uma unidade.

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Incoerências protestantes: a veracidade de sua doutrina

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Athanasius Imagine a história da filosofia, desde seus primórdios, ali na Grécia, onde nasceu o pensamento racional. Agora pense que um milênio e meio depois aparecesse um louco dizendo que todos os filósofos até então estavam errados e que ele que era o certo, e que crescesse um grupo de pessoas defendendo que eles é que sabiam o que era filosofia. Imaginou?

Assim é o pensamento dos protestantes, em geral. Eles creem que os cristãos que são católicos desde os apóstolos de Jesus estão errados, e eles que estão certos. Toda a tradição da Igreja não vale nada, e ainda são capazes de chegar ao disparate de dizer que a Igreja Católica é obra do maligno.

Por essa primeira ideia, tenho em mente que o princípio protestante é, antes de tudo, soberbo. Pior, do pior tipo de soberba que existe, a que é sem razão, porque chegam a loucura de crer e dizer que toda uma história, toda uma construção estava errada, e eles que estão certos, mesmo depois de mais de um milênio e meio de distância de tempo.

Assim, pessoas como São Francisco de Assis, Santo Antônio, São Martinho, Santa Clara, São Bento, São Gregório Magno, e outras figuras maravilhosas que viveram a fé cristã antes da destruição protestante são completamente ignoradas. Creio que se começassem, os protestantes, a voltar, século por século, antes da “reforma”, estudando os personagens e a história da Igreja, iriam ter um choque com essa razão de viver nada, mas nada mesmo, humilde, muito menos real ou lúcida.

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Maria, Mãe do Menino Deus

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MaryIcon Nesse tempo de Natal, não consigo pensar em outra coisa, ou em outra pessoa, senão a Virgem pela qual esse Natal se deu. O Natal não é outra coisa senão o Deus menino que sai do ventre de sua mãe para o seu colo, como o Deus na Eucaristia que é tirado de dentro do sacrário e vai para o ostensório, a fim de ser adorado.

Maria foi concebida sem pecado original, isto é, nasceu pura como seria a humanidade se não fosse o pecado dos nossos pais Adão e Eva. No ventre dessa verdadeira mulher, Deus Pai preparou morada perfeita para o Seu Filho que é Ele mesmo, em substância, fertilizando-a pelo Espírito Santo.

Maravilhoso ventre que foi pelo Filho de Deus habitado, que homem nenhum ousaria violar. Só um homem justo seria digno de pertencer àquela família que trouxe a salvação à humanidade. Assim, José aceitou ser padrasto de Deus, mesmo que terrificado por tudo que é essa posição.

De fato, foi Deus que o escolheu por seu padrasto, de modo que cuidasse bem de si e de sua Digníssima Mãe, aceitando e compreendendo aquele plano que era maior que ele mesmo e viver numa família e numa condição totalmente sobrenatural. Sua esposa era mais esposa de Deus do que sua. Ele a desposaria enquanto vivo, e, por outro lado, Deus a desposa na eternidade.

Assim, Maria é a alma verdadeiramente esposa de Deus, que fez com que se abrisse essa nova compreensão do relacionamento com Deus para todos os seus filhos: nós, que devemos desposar nossa alma à de Cristo, fazendo em tudo sua vontade, como ela mesma nos ordenou nas bodas de Caná, quando disse “faça tudo que Ele vos disser”.

Por isso, do mesmo modo que não se pode ver um bebê recém-nascido sem sua mãe, não se pode compreender inteiramente o Menino Jesus que nasce, sem olhar para a sua Virgem Mãe, recebendo-o de suas mãos. Do mesmo modo que só é digno receber nos braços um bebê se autorizado por sua mãe.

Recebamos a Deus nesse Natal pelas mãos de Maria, e prestemo-la toda honra digna de uma recém-mãe! Louvemos e glorifiquemos a Deus que nasceu por Maria!

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Apelo de misericórdia!

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crucified-robert-cunningham Diz-se que quem não é batizado não pode ser salvo. Isto destrói meu coração, porque, se num mundo de sete bilhões de seres humanos, a terça parte somente é batizada, o que se acontece com o restante?

Cresci em ambiente cristão. Os valores do Evangelho foram-me comunicados desde o ventre da minha mãe, isto por graça de Deus, que sabe bem o que seria de mim se não estivesse em minha vida desde tão cedo. Mas, eu pergunto: o que acontece com os que não tiveram a mesma sorte?

Alguns tiveram o anúncio de Cristo chegado aos seus ouvidos e decidiram-se por serem batizados, em virtude de uma experiência concreta com o Ressuscitado que passou pela cruz. Da mesma forma, pergunto-me o que será daqueles a quem esse anúncio não alcançou, ou, por uma razão ou outra, não tiveram a sorte de terem sido abertos os corações e não experimentaram o melhor que se pode ter nesta vida. E eles?

Por isso, chego à conclusão de que o mundo pode não ter ouvido, nem vivido, aquilo que é a Verdade, por inércia daqueles que não a conhecem, que poderiam ter trabalhado muito mais para que chegasse neles a voz de Deus. Por isso, chego à conclusão de que eu tenho culpa e responsabilidade por todas as vezes que não anunciei, não anuncio, e não anunciarei. Por isso, chego à conclusão de que eu também não mereço a salvação, que sou um filho ingrato e desobediente de Deus.

Entretanto, peço a Deus misericórdia de mim, porque tenho limites e o próprio Cristo, que não foi compreendido enquanto estava caminhando entre nós. Quanto mais limitado sou eu e mais limitado ainda sou em viver neste mundo, que perece do pecado em que constantemente caio. Não! A mim peço misericórdia, porque sou verdadeiramente homem, mas não sou verdadeiramente Deus.

Mais ainda, do eu que tenho a graça e não mereço, e não cumpro, sou digno de misericórdia, quanto mais que eu são passíveis de misericórdia aqueles que não conhecem o Amor! Desse modo, peço a Deus, que, se a misericórdia Dele me alcança, mesmo sendo tão incontável o número dos meus erros e tão indigno que sou do seu chamado, que a eles alcancem mais ainda, a eles que, muitas vezes são melhores e mais dignos do que eu.

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Vocação sacerdotal, segundo Dom Henrique Soares

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resize6.asp Meus queridos irmãos. Não sei vocês, mas eu, que ainda não discerni meu estado de vida, me vejo confuso, atraído por um, por outro. Confesso que me sinto mais atraído pelo matrimônio, como se pode notar pelos textos e poemas, mas Deus pode nos surpreender. Eu posso ter alguma resistência, não sei. O que tiver de ser será segundo a voz de Deus que fala no meu coração.

Entretanto, como tenho ainda minhas dúvidas, tive a curiosidade de perguntar ao querido Dom Henrique Soares como foi o chamado dele ao sacerdócio e como eu posso identificar isso na minha vida. A resposta foi de uma beleza sem tamanho que chegou a me emocionar, e eu não pude deixar de pedir autorização a ele para publicar aqui, pois sinto que muitos que tem esse chamado podem ser auxiliados por estas santas palavras, vindas de um sucessor dos apóstolos.

Segue a resposta de Dom Henrique Soares da Costa, bispo auxiliar de Aracaju-SE.

“Caro Irmão,

1. Escute seu coração. O Senhor chama dando-nos o desejo, uma saudade do ministério, uma inveja ao ver o padre celebrar, ao ver o padre exercer seu ministério.

2. O Senhor começa a incomodar nosso coração com o pensamento insistente do sacerdócio, mesmo quando gostaríamos de desviar a atenção, de esquecer, de fazer nossos planos...

Se isto acontecer, é sinal que você pode ter vocação. Aí precisa procurar um padre sábio e santo, que possa escutá-lo e orientá-lo. Se isto não acontecer, siga seu caminho... Ser padre não é questão de querer, é questão de ser chamado. Não precisa ser perfeito, não precisa já estar pronto, não precisa ser imaculado: basta ser chamado!

Deus o abençoe.”

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Bullying aos cristãos!

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2318323039_7cb075e537_o3 Perseguidos somos, nós cristãos. Glórias a Deus por isso. Que honra é ser o verdadeiro inimigo de satanás, porque incomodamos a ele de maneira absurda. Nesse mundo de hoje, em que o fedorento está mais insatisfeito, porque a Igreja cada vez mais se santifica, estamos sendo vítimas de uma perseguição muito mais intensa, do que pelo sangue, que é muito pouco, comparado ao que já sofremos. Estão querendo nos calar, nos desdizer, nos desmentir, deturpar nossas intenções, e nem sabem por quem fazem isso.

Quantas vezes o Papa falou uma coisa e foi outra que saiu nos meios de comunicação? Quantas vezes não dão ouvidos aos nossos estudiosos e só depois descobrem que nós temos razão? Qual é a dificuldade de entenderem que só queremos o bem, não nos promover? Qual é a dificuldade de entender que temos nossa fé e não temos que adequá-la aos moldes do mundo, pelo contrário, fazê-lo é perder nossa fé!

Somos a maior vítima de chacota e perseguição que hoje se tem em conta. Qualquer símbolo não faz nenhuma diferença, mas um crucifixo não pode ter. Ser budista é chique, ser protestante é interessante, ser ateu é intelectual, ser espírita é ser inteligente, ser islâmico é ser autêntico e ser cristão é... é ser otário, imbecil, alienado, pedófilo, retrógrado, burro, homofóbico. Se se for prestar atenção, nada disso é verdade, mas propalam isso aos quatro ventos, por quê?

É óbvio que isso é tudo inspiração do djabo que está cada vez com mais ódio, já que está cada vez mais próxima a sua derrota definitiva. Ódio, medo, horror... Tudo está fazendo com que ele haja com mais força. Mas Deus, tampa, permite isso também para nos corrigir. Precisamos, como Igreja, prestar atenção, como nós prestamos atenção à nossa vida pessoal. Em algo estamos errando ainda. Cada um carrega a sua cruz e seus pecados na misericórdia de Deus e a Igreja também, carrega seus pecados na história e sua cruz que tem que enfrentar.

Mas, em Cristo somos mais que vencedores. Já entramos nessa batalha vencendo! O inimigo que é o perdedor e joga sabendo que vai perder! Precisamos nos encher de todo otimismo e alegria possível de estar no caminho da verdade, e de força e coragem para enfrentar o martírio do mundo de hoje, esquecendo cada vez mais de nós mesmos e estufarmos o peito com a cruz estampada, dizendo, com honra e louvor: “Somos testemunhas da ressurreição de Cristo!”

Temos que ter coragem! Ousadia de até aconselhar aos nossos perseguidores a passar uns dias em países islâmicos, a olharem para outras religiões, inclusive o satanismo que cresce e conta as maiores mentiras já contadas. Entretanto, cordeiros como nós, cristãos, aprendemos a ser, é um alvo perfeito da caça daqueles que praticam certo tipo de bullying e não sabem. Nós somos perseguidos pelo anticristo que está no mundo, o diabo, o perdedor, e é contra ele que devemos lutar. Pois vamos, sim, esmagar sua cabeça até sua ida definitiva ao lugar que esse derrotado merece!

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Os "mártires" da contemporaneidade

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sebastian Vivemos no tempo em que há mais mártires na história da Igreja. Mas, isso não é catastrófico, em minha opinião. A população alcançou 7 bilhões de pessoas. Cem mil cristãos morrem martirizados por ano, segundo pesquisas. Já segundo cálculos da ONU, mais de 2 milhões de pessoas morrem de fome a cada dia, em 2003, num ano só, 841 milhões de pessoas morreram de fome. Isso é um fato de se alarmar, qual seja? Que alguns cristãos estão preocupados mais com os mártires, coisa que deveria ser uma honra, para um cristão, do que as pessoas que estão com fome. Por que esses números são supervalorizados, o do martírio, por alguns formadores de opinião, em detrimento da fome que existe no mundo? Algo está muito errado.

Nós, Igreja, estamos vivendo um processo de autovitimização terrível. Olhamos muito mais para os insucessos do que para os sucessos. Se não concordam em tudo conosco, é perda total. Se não concordam conosco, são nossos inimigos. Será que a Igreja precisa ser ainda mais perseguida para que nós acordemos que a nossa missão e razão de viver é o amor, e o amor não se preocupa consigo, mas com o outro? Será que se nós nos preocupássemos mais com as pessoas que morrem de fome do que com o nosso ego cristão de sempre ter de estar por cima, seríamos perseguidos da mesma forma?

Se um cristão reclama de perseguição, e assim me acuso também, isso demonstra que ele ainda não acordou para o que é ser cristão. Ser perseguido deve ser uma honra, não motivo de reclamação e vitimização, assim como fazia São Paulo. Parece que nós, cristãos, também estamos com a depressão que assola o mundo, que nos faz deixar de enxergar o outro e ficar só preocupado conosco mesmo e com o nosso próprio sofrimento. Ficamos como que deitados na cama e trancafiados dentro de casa, sem ânimo de sair e ver o mundo lindo que há do lado de fora e com preguiça e sem coragem de enfrentar os desafios que ele nos propõe.

Ser perseguido deve ser uma coroa, porque autentifica nosso ser cristão. Entretanto, precisamos diferenciar perseguição espiritual de perseguição provocada. Muitos de nós saímos falando aos quatro cantos do mundo palavras ofensivas e depois vamos reclamar de perseguição. Na verdade, não fomos nenhum pouco cristãos desde o princípio. Se proclamássemos somente palavras de amor e de bênção e mesmo assim fôssemos perseguidos, como acontece ao Papa, aí sim, poderíamos nos honrar sabendo que somos verdadeiros discípulos de Cristo. Ou ainda, que estamos próximos de sermos cristãos verdadeiros, ou seja, outros cristos.

É hora de revestimo-nos da virilidade própria de um cristão autêntico e deixar de nhenhenhém! Temos que ter a têmpera dos mártires, aceitarmo-nos na cruz que é própria de ser cristão e enxergarmos que não somos perseguidos por pessoas, não temos homens de carne e osso como inimigos, mas principados e potestades do mal, que estão espalhados pelos ares, conforme ensinamento de São Paulo. A batalha é espiritual, não somente ideológica. Devemos acordar para a honra de ser mártir, coisa que deve ser visto como um presente de Deus, poder morrer como Ele morreu, na cruz, e injustamente.

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Deus

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khalil-gibran2 Nos antigos dias, quando a primeira palpitação da linguagem chegou aos meus lábrios, subi a sagrada montanha e falei a Deus, dizendo: “Senhor, sou Teu escravo. Teu desejo oculto é minha lei, e obedecer-Te-ei para sempre.”

Mas Deus não respondeu e, como uma poderosa tempestade, seguiu adiante.

E depois de mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo: “Criador, sou Tua criação. Da argila me fizeste e a Ti devo tudo o que sou.”

E Deus não respondeu, mas, como um milhar de asas ligeiras, seguiu adiante.

E depois de outros mil anos, subi a sagrada montanha e falei a Deus novamente, dizendo: “Pai, sou Teu filho. Com piedade e amor deste-me nascimento, e através do amor e da adoração herdarei Teu reino.”

E Deus não respondeu e, como uma neblina que encobre os montes ao longe, seguiu adiante.

E depois de outros mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo: “Meu Deus, minha meta e minha completação, sou Teu ontem, e Tu és meu amanhã. Sou Tua raiz na terra, e Tu és minha flor no Céu, e juntos crescemos ante a face do sol.”

Então, Deus curvou-se sobre mim e sussurrou palavras doces ao meu ouvido, e, tal como o mar envolve um arroio, assim Ele me envolveu. E quando desci aos vales e às planícies, Deus estava lá também.

Gibran Khalil Gibran em Parábolas.

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Por que ser ateu?

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ExifJPEG Por que eu seria ateu? Parei para pensar nisso, esses dias... Isso porque nunca fui ateu, nem me lembro de, na vida, ter questionado sobre a existência de Deus. Por isso penso também, agora, por que será que eu teria razão para ser?

Deus sempre teve presença real na minha vida, de modo que, desde pequeno, eu pude reconhecê-lo. Tanto que pedi, na idade que Jesus se perdeu dos pais, para ser batizado. Talvez eu também tenha, inconscientemente, reconhecido quem são meus verdadeiros pais. Enfim, uma primeira razão para eu ser ateu, é se não pudesse reconhecer a intervenção, a paternidade e a eleição de Deus na minha vida. Em resumo: ingratidão.

Eu sou muito orgulhoso, soberbo, essas coisas assim. Tanto que, de vez em quando, deixo Deus no lugar que seria o meu e eu assumo sua posição: a do centro. Mesmo que multi-impotente, unipresente e defisciente (só não sou mais orgulhoso do que quem tentar corrigir essas três palavras). Penso que outra razão para ser ateu, é eu ser tão orgulhoso, tão orgulhoso, a ponto de não aceitar que exista um Deus e ele não ser eu. Não aceitar que só exista uma verdade e não a que eu quero que seja, uma só lei natural e não a que eu quero que seja, um só conceito de bondade e não o que eu quero que seja.

Outro motivo, que talvez me levasse a ser ateu, é não aceitar uma palavra chamada “responsabilidade” e todo o seu significado. Querer ser o dono do tempo e da razão dele, agir sem querer sofrer o ônus das consequências. Ou, de outra forma também infantil, reclamar que não existe Deus se tantas pessoas sofrem, se morrem de fome, se existe tanta violência, quando quem pratica a violência é o homem, quem é egoísta a ponto de deixar que outros passem fome é o ser humano, e a razão do sofrimento, muitas vezes, é a falta de amor. Se pensasse assim, só poderia ser por não ter saído ainda do peito da minha mãe, ou da mamadeira.

Mais uma razão, é se eu quisesse ser ateu para chamar atenção. Aquela coisa de ser diferente, de não estar de acordo com a moda, de ser rebelde. Uma mistura de carência e vaidade. Faço muita coisa para chamar atenção, mas, se dissesse que era ateu para isso, seria uma incoerência com a minha própria vida. Fazer tudo que a maioria da sociedade não faz, ser o oposto dela. Felizmente, eu não preciso disso. Mesmo querendo ser do contra, muitas vezes, não consigo chegar a esse ponto, como alguns fazem de, até, suicidarem-se, não. Deus me ama com um amor pessoal, gratuito, eterno, fiel e, ainda por cima, infinito. Eu vivo e recebo constantemente esse amor, por isso, não chego a tal ponto.

Enfim, uma última razão para que eu fosse ateu, é se eu não gostasse do que Deus é. Não gostasse de amor, bondade, misericórdia, justiça, fidelidade, humildade, castidade, generosidade, criatividade, verdade, respeito, liberdade, felicidade, eternidade, vida e paz, e quisesse me opor a isso. Contudo, gosto demais e quero tudo isso, quanto mais for possível, para a minha simples existência.

Respeito profundamente os ateus, e os defendo muitas vezes. Entretanto, quero Deus, pois o amo e também tudo que vem Dele. Ele é meu pai e também meu amigo, também uma pessoa pela qual dedicaria totalmente minha vida, como sua alma esposa, se Ele assim me convidasse. Mas, quero ser uma alma esposa mesmo sem ser totalmente. Quero ser um com Ele, estar separado Dele não me basta, não é o suficiente. Quero alcançar seu coração e deixar que Ele atinja o fundo do meu. Livremente.

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Explicando o amor esponsal

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perolas-34 Para se chegar ao casamento, faz-se necessário passar pela amizade e depois pelo namoro. Não feito isso, são etapas que se pulam, pois um passa a existir no esgotamento da função do outro. Ou seja, se não se consegue mais ser só um amigo, se isso não basta, entra-se no namoro. Quando o namoro não comporta mais e há aquele sério desejo de construção de família, chegou o tempo do casamento. Não há assim, união maior entre duas pessoas, em todos os sentidos: carnal, material, espiritual e afetivo.

Assim, quando é chegado o casamento, os amores, em vez de serem alternativos, se cumulam. O amor de amigo é somado ao amor de namorado, e esses amores somados devem estar no casamento. Os esposos devem ser, pois, amigos, enamorados e casados um no outro. Quando se namora, não se deve deixar de ser amigo, nem quando se casa, se deve deixar de ser namorado, de perder todo o romantismo do agrado recíproco, do beijo e do abraço. Nem, muito menos, da conversa, compreensão e do ombro amigo na resolução dos problemas da vida. Nesse sentido gratuito do amor que é a amizade, de darem-se um ao outro sem cobrança.

Portanto, o casamento é fruto de uma conquista. De uma amizade que deu certo e desenvolveu-se num namoro, e o casamento, do mesmo modo, é um namoro que deu certo e deu vida a um casamento. Se for assim, cada etapa vivida sem tropeços, vivendo cada marcha no seu limite. Como o sistema de aceleramento de um carro, cada coisa tem que ser vivida no tempo certo e dentro do seu limite.

Por outro lado, como isso deve ser vivido na liberdade, não se deve estragar uma amizade por recusa de namoro, nem por falta de um encantamento recíproco, já que o namoro é o sucesso da amizade. Muito menos uma amizade se acabar juntamente com o namoro, isso não se justifica, já que deveria ter dado certo, já, a amizade. Claro que existem decepções e feridas, mas na amizade existem também, e amigos perdoam-se mutuamente no amor.

No casamento, entretanto, não se admite freio nem retardo, muito menos marcha ré. Para se casar, deve-se conhecer muito bem (o suficiente) e já amar aquele com quem se quer viver e formar uma família, a fim de cumprir o compromisso firmado, que esse sim, o cumprimento, é prova de verdadeiro amor, além de sentimentos. Tudo isso, se fosse resultado de uma amizade e um namoro de sucesso, facilitaria muito a vida no casamento, que sem esses dois, deve ser difícil demais. Viver como dois estranhos, sem sentimento algum, deve ser coisa muito triste, mas, infelizmente, consequente de um erro, ou mais de um.

Não vivi um casamento, nem nenhum namoro meu teve sucesso que perdurasse até hoje, mas, tenho tudo isso como meta a se cumprir, como um sonho a se realizar. Quero ser, da esposa que Deus, se o quiser, me conceder, amigo, namorado e marido. Quero amá-la assim, triplamente, como todo amor que Deus pode por ela me dar, por ter sido fruto de Sua bondade em minha vida. E ela há de ser, com o fruto do meu amor, para a minha realidade, com toda a verdade de sua hipérbole, a mulher mais linda e santa do mundo.

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Conversa com um cientista

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mother-of-god-template Eis que vinte e cinco anos depois de terminados os estudos escolares, dois amigos antigos se encontram e começam aquela conversa de quem não se viu faz é tempo:

- Fala, cabeção! Quanto tempo, cara! Como tá tua vida?

- Que se dê um grande brado de alegria em forma de bom-dia, porque dois grandes amigos se encontram. O que responde à pergunta afirma que sua vida vai bem junto à esposa e filhos e quer saber como está a daquele.

- Hein? Cara, tu tá estranho... tu quer saber como tá a minha? Se for, eu sou missionário agora, rapaz. Tô feliz pra caramba! E conta mais aí. Tu tá fazendo o que da vida?

- Com mestrado na UNB e doutorado na USP, José Felinto de Almeida tornou-se professor concursado na UFMG de Direito Constitucional. Ainda assim, sendo doutor, o professor supracitado tem dúvidas acerca da vida missionária.

- Cara, tu tá estranho! Mas acho que tô começando a entender. Meu irmão, eu vivo da providência divina, fiz votos de pobreza, obediência e castidade. Sou muito feliz assim! E a família, tu tem quantos filhos?

- José Felinto de Almeida tem 5 filhos, sendo três mulheres e dois homens. Todos ainda menores de idade. O mesmo se interessa em saber como é a vida missionária com relação ao assunto em questão.

- Eu sou casado e tenho três filhos. Com alegria vivemos da paternidade de Deus que não nos deixa faltar nada...

(Pausa de alguns segundos)

- Cabeção, me diz aí, porque tu fala assim?

- A resposta é de fácil compreensão. “Faz parte da linguagem científica o uso da terceira pessoa. Perde-se a identidade e a voz no mundo acadêmico e o interlocutor, sempre que usa a fala de outra pessoa, deve citá-la.” Isso se encontra na obra “Epistemologia da Ciência”, página 98, de Igor Almério de Souza.

- Grande amigo, foi um prazer te reencontrar, mas tenho de ir. Te desejo toda a felicidade do mundo nessa sua jornada. Fica com Deus. Shalom!

- "Felicitações sinceras são comuns entre amigos. Por isso, deve-se corresponder sempre na mesma medida." Isso está em “Ética da Amizade”, página 236, de Rafael de Farias Gondim.

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Vocação: chamado ou convite?

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Artists Party in Skagen Vocação, chamado. Duas palavras muito cheias de significado, dentre os quais está “convite”. Convite, diferente de vocação e chamado, que são palavras extremamente românticas, gera obrigação da parte de quem convida. Por isso prefiro convite, porque é mais real, pelo menos para o contexto que aqui se quer.

Se Deus chama à santidade como uma coisa iminentemente vocal, é como se fosse aquela coisa informal que o chamado vai se quiser e quem chamou não se obriga para com isso. Já quando pensamos em convite, vamos mais além, pensamos que aquele que convidou gerou uma obrigação para conosco e, de fato, se Deus nos chama a santidade, algo que com nossas forças é impossível, Ele nos dá a senha, que é a graça. Com ela e só com ela poderemos participar da festa.

Entretanto, a quem se entrega a senha, dá-sa o direito de ir para a festa. Quem recebe a senha vai se quiser, mas tem direito de ir e usufruir de tudo que a festa tem. Ou seja, o convite à santidade gera o direito à graça. Quem é convidado a ser santo, tem, do mesmo modo, direito de ser santo e tem direito também a todos os meios para atingir tal meta. Deus, obviamente, como a justiça em nome próprio, dá-nos mais do que precisamos para isso. Infelizmente, parece que nós não damos muita importância à sua festa.

Do mesmo modo, e assim ainda pode se perguntar, por que não podemos fazer o mesmo raciocínio para chamados, ou melhor, convites específicos. Como um carisma, por exemplo: se Deus me dá um carisma, e esse carisma é o modo pelo qual posso ser mais feliz em vida e correspondendo à sua vontade, isso também gera um direito perante todos de viver a minha vocação, o meu convite. Se Deus, que é o dono da festa, me convida, quem é outro mero convidado para me dispensar dela?

Quando a voz de Deus é explícita e não se respeita o convite que Ele dá a determinada pessoa é, do mesmo modo, o que sente um aniversariante sendo dispensado por outro convidado da sua festa. São papéis invertidos, já que só o dono pode e deve fazê-lo. Do mesmo modo, e não custa advertir: Deus deve ficar muito irritado com uns convidados seus que tem o grande costume de fazer isso.

Ora, se Deus convida, é porque Ele quer, e se Ele quer, Ele dá as condições, dá a graça! É de Deus que estamos falando, o Onipotente! Se Ele diz, Ele faz; se Ele chama, Ele quer; e se Ele quer, Ele dá a graça para que tudo aconteça! E ai de quem ousar impedir os seus planos!

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