Do Aprisionamento Moral

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Eu não sei quem sou. Prefiro aceitar o que dizem que eu sou. Sou o resultado de um mundo de linha de montagem, de produtos fungíveis e consumíveis. Nada mais tem seu valor próprio, e eu também não tenho. Sou preso a fazer o que consideram ser comum, porque não quero, de modo algum, me sentir deslocado da realidade em que vivo.

O homem e essa sua tendência de pertencer ao grupo, será que é essa minha natureza que limita tanto as minhas opções? Se eu estou perto de pessoas corretas, sou tendente a não querer fazer coisas erradas, já quando estou perto das erradas, me constranjo ao contraria-las fazendo o certo.

Mas, uma coisa eu sei, é que uma coisa é o que eu sou e outra é o que eu estou sendo. Não entendo porque tanta gente confunde o ser, na essência, com aquilo que se construiu com toda uma influência exterior. O que eu sou, na verdade, está no interior de mim, o que não pode ser visto com olhos carnais. Contudo, mesmo sabendo disso, existe toda uma força a me constranger a querer entrar na linha de montagem de pessoas.

Ainda mais, agora, sabendo de todo esse aprisionamento moral que existe dentro de mim, o que me leva a querer ser o que é comum, a fim de não ser excluído, é que me preocupo em buscar cada vez mais o que é realmente que há dentro de mim. Começo a ter medo, já que os valores que são impostos pela mídia são o que favorecem ao consumo, do que posso me transformar. O que será que será feito de mim se não aprender a ser eu mesmo em vez de um alienado midiático.

Burro digo que sou se, imbuído de toda tolice possível, num grande momento de revolta, cantar que nasci assim e vou morrer assim. Que assim é esse que sou e que irá morrer imutável? O que eu sou de verdade, este sim, desconhecido e imutável, é o que eu não consigo ser. Esse meu ser escondido é o que pode ser realizado, satisfeito, afagado, se encontrado. E é por isso que não quero ser aquele passarinho que, por não saber por onde voar, acabou por ser machucado por um caçador.

Confio em tudo e em todos, menos naquele caçador. Aquele que não quer o melhor para mim, aquele que não me ama, que me vê como número, produto a ser satisfeito para se satisfazer. Aquele grupo dominante, o do dono do dinheiro, que me impõe o que é certo ou errado. Nele, só nele é que eu não devo confiar. Sei que, quando estou ali sentado na poltrona sou visto como aquele peixe a ser pescado, e a programação não é aquilo que irá me fazer bem, mas a isca saborosa. Sei também que se for me deixar dominar por aquela isca saborosa, o meu destino será o mesmo do peixe.

Mesmo sabendo como é difícil de achar o verdadeiro eu, vou continuar procurando. Sei que não sou eu que irei encontrar por meus próprios méritos, mas que ele será paulatinamente revelado. E só o que sei é que a única coisa que não serei é o que querem que eu seja.

Comentários
2 Comentários

2 comentários :

  1. Este texto revela o tamanho da sua força interior.
    Que Deus aumente essa sua força interior para que possa continuar a vencer as tentações e seduções do mundo exterior e continuar trilhando o caminho da retidão, da luz que emana da sua essencia.
    Namastê!

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  2. eitxa foi o tema da minha monografia rs.
    ow rapais pq tu não escreveu isso a uns dois meses atrás, tinha me servido tanto mais essa referência rsrs.
    Anna Patricia

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