A vida e suas bandeiras

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nice-swan-paintingAs pessoas e suas irracionalidades: muitas vezes, por empatia, por gostarmos delas, nós as seguimos e concordamos, sem pensar, com tudo o que elas dizem. Pelo nosso time, pelos nossos amigos, pela nossa comunidade, abrimos mão, muitas vezes, do bom senso, perdemos a capacidade de discordar e assinamos embaixo até quando vai de encontro ao que realmente pensamos. Isso aconteceu comigo, e com você?

Em favor do nosso time, deixamos de fazer análises mais aprofundadas ou, quando fazemos, já é sob o jugo do nosso ponto de vista. Isso nas mais diversas matérias: intra e inter-religiosas, políticas, filosóficas etc. O religioso parece nunca contestar sua religião, sua origem, sua validade, sua veracidade e  o direitista, por sua vez, parece abominar tudo que o esquerdista diz e vice-versa. Esses são alguns exemplos de como isso ocorre e como algumas vezes alcança a irracionalidade.

É tão difícil assim pensar como o outro? É tão difícil assim desfazer-se, nem que seja por um segundo, da própria opinião? Será que, por outro lado, nossa convicção é tão frágil e se constrói sobre um fundamento tão pobre que contra ela não se pode depositar desconfiança? Tal fortalecimento fictício alcança a magnitude da demonização humana. Ora, nem todo mundo é Hitler.

Para alguns cristãos, só porque se lhes opôem, Nietzsche, por exemplo, é lúcifer, Kar Marx é belial, Simone de Beavoir é lilith, Gramsci é azazel e por aí vai. Demonizamos pessoas como se tudo e absolutamente tudo que elas dizem é ruim e nada, absolutamente nada do que elas dizem, é bom. Na fragilidade de suas convicções, no medo de pensar diferente, esses cristãos se esquecem do conselho paulino de provar de tudo e ficar com o que é bom.

E assim, em vez de nos unirmos, cada vez nos distanciamos mais, ficamos em blocos. Em vez de enxergar as diferenças e pensar um pouco que elas podem nos completar, desqualificamos o diferente, não lhe damos ouvido, nos opomos invariavelmente e nos tornamos inimigos. Entramos em guerra. Entraremos em real guerra se isso não mudar, se não deixarmos de lado o nosso reino em detrimento da sociedade como um todo. Se temos que abrir mão em nome da felicidade e união da nossa família de sangue, porque não podemos deixar de lado esse orgulho infantil em prol da família que pode ser a nossa nação e, num sonho maior, toda a humanidade?

Mas não, infelizmente. Preferimos nos comportar como os patinhos bonitos, isto é, relembrando a história do patinho feio, que não era pato, e sim cisne (que é mais belo que pato). Às vezes somos esses patinhos, que não enxergamos a beleza do outro em nome da nossa, só porque ele é diferente. Talvez ele seja mais belo, talvez ele tenha a razão, e não nós, talvez ele saiba a verdade e não nós. Talvez estejamos errados.

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1 Comentários

Um comentário :

  1. Temos que ter humildade para aceitar que erramos bastante e é que o nosso certo não é o mesmo que o do outro. E saber ouvir tranquilamente opiniões adversas, não é pq alguém pensa diferente de nós que devemos o desqualificar ou tapar os ouvidos. Flexibilidade, jogo de cintura tb é necessário para qdo pensarmos diferente de nosso grupo não "ferirmos" as crenças e pensamentos alheios... Gostei bastante das colocações :)

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