Machismo sexual

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assedio-size-598Quantas mulheres enxerga um homem? A mãe? A vó? A filha? As irmãs? Talvez umas tias e tias-avós? Primas? Primas talvez. Nessas mulheres, pode-se dizer que os homens consigam enxergar o que realmente faz delas mulheres. Mas, em outras mulheres, o que será que veem? Quando veem, o que imaginam? Há algo de essencialmente pervertido e perverso no machismo.

É fora de cogitação dizê-lo? Que muitos homens veem grande parte das mulheres, sobretudo as belas, como objetos de consumo? Dizer que tem o desejo de possuí-la é termo muito vago, na mente masculina a imagem é de alimentação. Por essa razão, inclusive, que alguns maldosos interpretam o fruto proibido como o sexo. Ora, fazer sexo para eles relaciona-se com o comer e, consequentemente a essa relação, a mulher, em vez de pessoa, torna-se objeto.

Algum mal sucedido na conquista dos corações femininos pode pensar: “Ora, mas a mulher também não é interesseira?” – Não se pode arriscar em dizer que o interesse feminino nos homens poderosos e bem-sucedidos financeiramente não tem a ver com o patriarcalismo do passado? Numa sociedade em que só os homens poderiam trabalhar, as mulheres aprenderam a ser dependentes e custa, mormente para as mais desprovidas de inteligência, deixar tal herança genética.

Voltando à mulher como objeto.

Traços eminentemente machistas que corroboram com o raciocínio, nós podemos encontrar nas religiões, inclusive. No cristianismo, só pela herança cultural machista de qualquer sociedade então existente quando da sua origem, porque Jesus rompe com o machismo e trata homens e mulheres de igual por igual, com raras exceções quando dá preferência às mulheres – até mesmo pode se dizer que só tenha escolhido homens para serem discípulos porque seria um escândalo para aquela época. Por outro lado, porque Davi e Salomão tinham permissão para possuírem (possui-se o quê?) tantas mulheres? Obviamente eles não poderiam, de modo algum, dar atenção a todas as necessidades ao menos afetivas de todas elas. Não. Eles eram o centro. E o paraíso das 72 virgens, o que é, senão o corolário da visão da supremacia do homem sobre a mulher, visão na qual a mulher é o objeto do paraíso dos homens?

E hoje, o que mudou, além de que os homens estão começando a ficar com medo das mulheres? Isso acontece porque, da mesma forma que algumas mulheres não se desenvolveram a ponto de se desvincularem da visão do homem como provedor, alguns homens ainda não caíram na real de que não podem continuar os mesmos estúpidos de outrora. Esses homens que querem comer todas, esses homens que procuram uma mulher com único interesse em sexo (lembre-se que quem escreve é um homem que luta contra esta tentação que é cultural). Mas não é essa a razão dos crimes contra a dignidade sexual? Não é por essa razão que acontecem os estupros? Se os homens vissem a mulher como um todo e, especialmente, como pessoa que tem a si o mesmo valor, não cometeriam jamais tais crimes.

É por essa razão que insisto, portanto, na afirmação de que mulher mesmo, na visão desses machistas, é avó, mãe, irmã e filha. Para alguns, a esposa também (para outros mais leais, também a dos amigos). Fora isso, não procuram eles alguém para conversar, alguém com uma sensibilidade especial, que enxerga e sente o mundo de outra forma. Não. Veem, na verdade, um envoltório de prazer. Vê-se pele, cabelos, olhos, seios, pernas e vagina como fonte inesgotável de imensurável deleite. E assim, reduzem a dignidade da mulher por inteiro e a transformam em apenas um meio de se obter prazer e instrumento pelo qual se exerce poder.

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