Eu, brasileiro, bipolar

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Sou um brasileiro bipolar. Vivo num país que hora amo, hora odeio, hora admiro, hora repudio, e do qual hora me orgulho, hora me envergonho. Aqui temos a pacificidade que culmina na subserviência, aqui temos a insurreição que termina em demência, aqui temos o talento que finda em desperdício, aqui temos a solidariedade que acaba em comunismo.
Somos um povo pacífico, quase sem guerras. Um povo que aceita as adversidades com brandura, com mansidão, mas que ao mesmo tempo, não se rebela com a corrupção. Parecemos preferir a injustiça à confusão, ao tumulto. Isso, afirmo por mim, que grito aos quatro cantos a revolta, mas não ponho de modo algum meus pés num protesto.
Queremos ser os paladinos da moralidade e da justiça, mas nem sabemos, na verdade, como fazê-lo. Alguns dos nossos afirmam, por exemplo, que os Estados Unidos são o câncer do mundo, quando devemos a eles poder dormir sem peso na consciência, porque nos compraram por um preço mais caro do que a Alemanha na Segunda Guerra. Misturamo-nos sempre com o que há de pior. Não temos autonomia intelectual, não possuímos cultura suficiente para discernir o bem do mal, para distinguir a verdadeira linha, corrente a seguir. Outrora foi o nazi-fascismo traduzido em nacionalismo, agora é o “amor” pelos pobres reduzido a comunismo.
Nós, brasileiros, conseguimos, sem vergonha alguma, em nome da insurreição ao “império” norte-americano, nos unir com o que há de mais vergonhoso. Preferimos o BRICS, com a Rússia da homofobia e do eurasianismo, a China do comunismo, das meninas que não podem nascer, das piores lesões aos direitos humanos, e também com a Índia dos shudras. Temos a ousadia de nos unir, em temos de governo socialista, com Fidel Castro, Nicolás Maduro, Evo Morales, e a lista está só no começo. Somos verdadeiras antas.
Tão idiotas que somos, que confundimos zelo pelos pobres com socialismo. Ora, se fosse verdadeira nossa preocupação e compaixão para com os pobres, tomaríamos como pessoal a responsabilidade. Disponibilizaríamos mais postos de trabalho, partilharíamos mais do nosso precioso dinheirinho. Entretanto, somos covardes, frouxos, hipócritas, e cedemos a nossa responsabilidade ao Estado. Preferimos financiar o ócio dos pobres, dando-lhes dinheiro gratuito, do que fomentar a dignidade do trabalho e o mérito, o que resultaria no enriquecimento e melhoramento da qualidade de vida de todos, sem distinção.
Somos, por fim, um verdadeiro desperdício de talento. Um povo inteligentíssimo, que tem a incrível capacidade de se destacar em tudo a que se dedica, que joga tudo que tem no lixo e se nivela por baixo. Fazemos tudo às avessas! Quando deveríamos melhorar a educação das escolas públicas, para por os mais pobres em pé de igualdade com os ricos que sempre ocupam as vagas das universidades publicas, preferimos as cotas, preferimos rebaixar o nível da academia que deveria ser o trunfo do futuro do nosso país. Odiamos, por inveja coletiva e ressentimento social e intelectual, tudo aquilo que é mais elevado, e cortamos nossas pernas para amalgamarmo-nos aos pouco dotados. Atentamos contra a própria natureza.
Diante desse quadro vergonhoso, creio que deveriam ter, os nacionalistas do tempo do Estado Novo, sucesso ao tentar que a anta fosse o animal representativo do país. Seria totalmente coerente. Eu, por outro lado, preferia que fosse a onça pintada, mas seria muito injusto.





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