Do Reconhecimento

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É inato ao ser humano, acredito, querer ser reconhecido pelos atos. Não acredito que se trate de vaidade, mas uma espécie desta, acredito não ser digno de falar sobre vaidade, talvez um dia seja. Comecemos, pois, nosso pensamento.

Creio que não busco reconhecimento em meus atos, para melhor dizer, não ajo para ser reconhecido. Não escrevo aqui com o propósito de ser dito um grande pensador, alguém notável de quem as pessoas sejam dependentes intelectualmente, mas uso a escrita como um meio de lazer, fazendo aquilo que mais gosto, pensar e fazer pensar. Não há nada ilícito nisso, há?

Todavia, para variar um pouquinho nas conjunções, confesso que se não reconhecerem, ou reconhecessem o que escrevo, o que faço em geral, geraria em mim um desgosto. Sou uma pessoa extremamente perfeccionista, tento fazer tudo bom para todo mundo, e não ser reconhecido por isso pode me adentrar em um estado depressivo. Eis o perigo.

Quem irá nos reconhecer? Em primeiro lugar, como pode alguém que não tem conhecimento jurídico reconhecer atos de um jurista? Só podem nos reconhecer pessoas que estão no mesmo nível. Se estamos num ninho de cobras venenosas, qual irá reconhecer nossa tenacidade? Entre leões, qual irá reconhecer nossa humildade? Entre pássaros, qual irá reconhecer nossa submissão? Ainda mais. O ser humano, deferente dos animais, possui a capacidade de invejar, consciente ou inconscientemente. Qual irá nos reconhecer? O ser humano é tímido, tem bastante dificuldade, em geral, de expressar aquilo que está guardado em seu íntimo. Quem irá nos reconhecer, então? O reconhecimento que deveria bastar é o nosso, e este ainda é perigoso. Deveríamos pensar como São Francisco, que depois de uma longa e eficiente evangelização dizia: "Pouco ou nada fizemos!"

Desligue-se deste mal! Renuncie a esta vaidade se quer ser alguém feliz e realizado. Não busque nem espere reconhecimento, seja humilde consigo mesmo. E se for reconhecido, procure não se apegar a estas palavras, para que você não caia novamente na vaidade. Não seja o centro de sua vida, pois certamente irá decepcionar-se consigo mais do que com os outros.

Não nego que é difícil, mas o que podemos fazer? O mal é a cegueira! Aquele que enxerga a si mesmo, mesmo que seja difícil o obstáculo, tenta desviar. Como sabemos empiricamente, quanto mais cedo se visualiza um obstáculo, maior é a possibilidade de desviarmos dele. Se o obstáculo for intransponível, Deus tudo pode. O único obstáculo intransponível é a morte, sem ela não vemos a Deus.

Comentários
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  1. Pra começar, antes mesmo de ler o texto, na sua descrição vi que você é estudante de Direito, e isso me inspirou. Apesar de só entrar no Ensino Médio ano que vem, já sei o que pretendo prestar naquele 'tão comentado' vestibular.
    E quanto ao seu texto, só o que posso dizer é que agora acompanharei o seu blog. Tem blogueiros e blogueiras por aí que falam, falam, usam e abusam de palavras complicadas, e no final acaba não fazendo sentido.
    Você consegue colocar propósito nos seus textos, pelo que li em alguns, e por isso vou acompanhá-los de agora em diante.
    Obrigada por comentar no meu blog, volte sempre, pois eu voltarei (:

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  2. Muito legal seu blog!
    Grandes temas abordados! =)
    Beijinhus!

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  3. Como vc disse no final .. não pe facil largar a vaidade, pois muitos, acho que eu tb, muitas vezes não conseguimos em nos mesmo, pois que já não se lamentou por ter feito certa coisa a alguém e não ter recebido nem um obrigada... e ainda ficar magoado..

    Mas olhai e vigiai .. assim conseguimos ir se desligando desses mal.. como orgulho, vaidade etc.. etc...

    Gostei muito do seu blog

    http://www.analucianicolau.adv.br

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  4. O reconhecimento é muito importante embora semeie a vaidade. É preciso ter muito equilíbrio para que o reconhecimento não cegue o sujeito e o torne refém do elogio.

    Você citou algo bastante interessante que é o autoconhecimento. É um caminho a se trilhar para que se distinguir, por exemplo, reconhecimento de bajulação. Todo reconhecimento, no fim das contas, traz consigo uma espécie de pacto, quase uma compra da sua confiança, seja no ambiente de trabalho, na família, entre amigos. O elogio traz motivação para não cortarmos as relações humanas, inclusve as com interesses excusos.

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  5. Obrigada pela visita ao facetas! Quanto ao seu comentário, eu não discordo exatamente de vc nem de seus argumentos, principalmente quando citou os jusfilósofos. Acredito que a democracia, assim como o direito, seja 'um modelo utópico'.

    Para que a democracia seja 'demo', de verdade, é preciso que todos os homens e não somente alguns busquem alcançá-lo. Senão, como disse, vira ideologia.

    E mesmo o capitalismo, só dá liberdade a quem tem o capital. Quanto mais capital, mais liberdade. Quanto menos capital, menos liberdade. Quem não tem capital vive quase como os comunitas, quase como algumas tribos anárquicas da áfrica, e novamente voltamos ao ponto da ideologia de acreditar que a liberdade do capital é extensiva a todos os que adotam esse sistema.

    E o melhor bem que eu possuo não é a liberdade relativa, mas a inteligência. É isso, afinal, que me diferencia dos macacos.

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  6. Em seu comentário:
    'Assim, eu não considero os macacos livres por não possuírem capacidade de pensar, raciocinam, obviamente, mas não pensam. Portanto, não são livres. O único animal livre é o ser humano, porque nas suas incontáveis limitações, é o único discernido da história...'

    acho q não entendeu o que quis dizer no último parágrafo acima!

    No mais, estamos discordando da mesma linha de raciocínio...

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  7. Libertar-me da vaidade, há tempos esse foi o meu desafio. É uma luta constante contra a própria natureza humana cujo prêmio é tornar-se menos suscetível a manipulações. É como no A.A, sabe? evite o primeiro gole, srsrsrs.

    um grande abraço
    www.facetasdemim.blogspot.com

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  8. Ironia do destino: Por mais perfeitos que tentarmos ser, sempre haverá um resquício de nossa limitação.

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  9. Parabéns! Seu texto é espetacular, fruto de quem parece autoconhecer-se, o que não é tarefa muito simples de se executar.
    Um abraço

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