A autoalienação cristã, a falta de autocrítica e o desserviço à Igreja

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censurado-proibidoAcontece em rincões espirituais muito do que acontece em lugares como a Coréia do Norte. A população de lá, fechada em seu próprio país, é alheia, alienada, quanto ao que acontece no resto do mundo. Da mesma forma, em alguns terrenos católicos, o fechamento é tão grande que alguns princípios por estes defendidos sustentam-se tão somente internamente, porque se alguém abrir um pouco os olhos quanto à ordem externa, vai entrar em sérios conflitos lógicos. Resta a dificuldade de em quem acreditar.

Alguns grupos defendem a oração, na forma parada, como condição sem a qual não se pode sobreviver, pois a pessoa, quando não reza, torna-se capaz das piores atrocidades e, pasme quem entender, qualquer maldade que a pessoa comete é só por uma razão: porque não rezou. Se alguém apontar um comportamento incongruente em tal ambiente, e reafirmando a vida de oração da pessoa, logo se é respondido que a pessoa pensa que rezou, mas de fato não rezou. Não quero aqui diminuir a importância da vida de oração, ai de mim, mas qual a importância que razão, moral, ética e livre arbítrio possuem para essas pessoas?

O resultado disso é um cristianismo utilitarista às reversas, quando, em vez de se dar prioridade para aquilo que é essencial e fundamental do comportamento cristão, dá-se importância ao extraordinário. Um personagem da Disney de lá diria assim: “Eu faço o extraordinário, somente o extraordinário, o necessário é demais”. Perde-se, assim, aquilo que se entende por virtude da religião e mais, qualquer lógica básica que se tem sobre moralidade. Eis que é importante ter horas de oração diárias além da indispensável eucaristia, mas não simplesmente amar e tudo aquilo que o amor cristão comporta.

Se o Japão, de povo tão educado, tivesse, ao contrário dos 8% de cristãos, os 84% do xintoísmo, os membros desse grupo afirmariam ser em virtude unicamente da religião. O Brasil, ao contrário, tem por volta de 86% de cristãos e é um absurdo moral. Diante desses fatos, notamos que alguma coisa aí está errada. A religião, portanto, não é o que importa aí, a vida de oração não é o que importa aí, a quantidade que se consome de eucaristia, que se crê que se consome dignamente tão somente porque crê que vive a castidade não é o que importa aí. O que importa aí é a educação.

A racionalidade, portanto, fica reduzida a nada, porque impõe questionamentos, e se torna crime ser inteligente. É o cristianismo que não precisa ser destruído por fora, porque se destrói a si mesmo por dentro e só é sustentado pelo Espírito Santo e o Cristo que é a cabeça, porque de seus adeptos não pode depender. De seus adeptos, inclusive, é o que se pode descrer, o que é confirmado pelo próprio Catecismo da Igreja Católica quando diz que “na gênese e difusão do ateísmo, ‘grande parcela da responsabilidade pode caber aos crentes, na medida em que, negligenciando a educação da fé, ou por uma exposição enganosa da doutrina, ou por deficiência em sua vida religiosa, moral e social, se poderia dizer deles que mais escondem do que manifestam o rosto autêntico de Deus e da religião’”.

Infelizmente, acabamos por nos deparar com melhores cristãos ateus do que crentes. Infelizmente ficamos com a fé diminuída em determinados movimentos, infelizmente somos enfraquecidos em nossas virtudes espirituais, por, por falta de ver, pouco crer naquilo que ela deveria ter de eficácia.

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