Da Nobreza

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icone-o-jovem-ricoJovem Rico – Como é que você suporta essa vida de humilhação? Quem diz o que é bom somos nós. Aliás, nós é que vivemos o que bom! Vocês pobres tem de aprender a conviver com o resto, o que sobra de nós, o que nós não queremos.

Jovem Pobre – Eu é que não entendo como vocês, ricos, conseguem conviver com essa vida de autoglorificação, de pura ilusão. Pensam viver o que é bom, mas, na verdade, não sabem o verdadeiro sabor e sentido da vida. Vocês têm de aprender a conviver com pessoas que não os amam e não sabem discernir elas das que elas realmente se importam com vocês.

Jovem Rico – Você me faz rir com essa história de sentido da vida! Afinal, qual é o sentido da vida senão viver, desfrutar o melhor que ela pode dar? Vocês não sabem o que é prazer, o que é poder, muito menos o que é ter. Só pode quem tem! Você me diz que eu não tenho pessoas que me amam ao meu lado, mas eu sou cheio de amigos! Todos querem estar perto de mim. E vocês, a quem ninguém interessa a amizade porque nada a eles pode proporcionar?

Jovem Pobre – Troco mil amizades por uma verdadeira e sincera. Por uma amizade que considera o valor que eu tenho, não do que eu tenho. Você diz que o sentido da vida é desfrutar o que ela tem. Que pena que pensa assim, porque o materialista só assim é porque lhe traz vantagens, porque quando você morrer, não carregará nada consigo. Não queria dar essa vertente ao assunto, mas o melhor amigo que eu posso ter, eu o tenho e Ele se importa comigo, esse amigo é Deus, você se lembra Dele?

Jovem Rico – Deus? É claro! Vou à missa na Catedral todo domingo que não tenho algo mais importante a fazer e sento sempre na primeira fileira. Ajudo vários orfanatos e lares de idosos. Até o dízimo eu dou e ele é maior do que a soma de toda a oferta e os restantes dízimos mensais.

Jovem Pobre – Não sei se você se recorda, mas eu perguntei se você se lembra de Deus.

Jovem Rico – Entenda uma coisa. Somos nós, ricos, que ao longo da história conceituamos o que é bom e ruim. Somos a nobreza e chamamos ao que gostamos de nobre. Nós é que ditamos a etiqueta social. Nós é que elaboramos as leis. Somos nós, inclusive, que indicamos os governantes. Nomeamos até alguns papas e tivemos muita influência ao longo da história da Igreja. Portanto, quem é você pra falar de Deus para mim? Quem é você pra me dizer o que é certo ou errado? Você é pobre, não é ninguém!

Jovem Pobre – Não sei como você se atreve a pensar assim e frequentar a Igreja. Enfim. Eu tenho um Céu a mim prometido, Jesus me chamou até de bem-aventurado. Disse que sou feliz por ser assim, pobre. Ele, inclusive, se fez pobre e nasceu numa manjedoura. Ele falou também que somos nós que conseguimos entender a Sua palavra. De vocês, ao contrário, disse Ele que é mais fácil um camelo entrar num buraco de uma agulha do que vocês entrarem no Reino dos Céus. Para Deus, ser nobre é ser pobre.

Jovem Rico – Perdoe-me, mas agora tenho compromisso. Tenho que ir embora.

Jovem Pobre – Tudo bem.

Jovem Rico – [Imbecil, se acha melhor do que eu].

Jovem Pobre – [Coitado...]. [Senhor, tem misericórdia desse homem].

Comentários
6 Comentários

6 comentários :

  1. Vc retratou a mais pura verdade, é desse jeito mesmo! Coitados dos ricos que pensam assim...

    Gostei do personagem pobre que vc descreveu, pq até nas palavras ele foi pobre! O rico ficou "por cima" e o pobre abaixo, igual como deve ser!

    Obrigado.

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  2. Texto perfeito! Muito bom mesmo. É bom ver a realidade sendo tão bem retratada. Como a nobreza do personagem pobre é presente durante todo o diálogo, e o rico tão soberbo...

    Deus continue abençoando sua inspiração para escrever. =D

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  3. Dus ama a todos, quer sejam ricos quer sejam pobres. O que importa é o coração. Mas Jesus disse: "Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6.21). A pessoa pode ser rica mas se colocar seu coraçao naquilo será um pobre ooitado mesmo.
    O desfecho fou maravilhoso!

    Te espero no meu blog!
    BeijOs*-*
    http://evesimplesassim.blogspot.com/

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  4. Parabéns! Espetacular essa dualidade retratada por você, além de caracterizar bem o pensamento e atitude do rico perante o pobre e vice-versa, de ambos diante de Deus, você também retratou a dualidade existente dentro de cada um de nós:Santos e pecadores, soberbos e humildes, bons e maus, heróis e covardes, livres e escravos, ricos e pobres, dependendo do ponto de referência empregue ou da situação.
    Namastê!

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  5. O artigo, se bem entendido, possui uma boa mensagem, mas - dado que não deu aos leitores uma clara dimensão do problema, tenho que discordar vivamente do maniqueísmo presente nesse artigo.

    A riqueza não é condenada por Deus, nem muito menos a nobreza. Por causa de sementes de doutrinas distorcidas, socialistas e comunistas continuam a enganar a maior parte dos cristãos no mundo todo, jogando a culpa na riqueza - quando, na verdade, o problema não é se nós somos ricos ou pobres, mas sim se somos ou não humildes de espírito, se sabemos aceitar a realidade de Deus em nós ou não, se sabemos ser caridosos sem sermos malévolos.

    Com base nesse maniqueísmo, mais de 120 MILHÕES de pessoas morreram nas mãos dos comunistas, que diziam fazer isso "pelo bem dos pobres" - quando na verdade boa parte de suas vítimas foram os PRÓPRIOS POBRES.

    Sem mais,
    despeço-me fraternalmente,
    AJBF

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  6. Bem. Tenho que comentar este comentário.

    Eu sou estudante de Direito e me filio, politicamente, a correntes neoliberalistas, por respeito aos direitos fundamentais que o comunismo nunca respeitou nem respeitará.

    Entretanto, o texto preocupa-se, assim como a linha de raciocínio do blog, com a área espiritual do nosso ser. Tentou preocupar-se com o raciocínio bíblico feito acerca da riqueza. Tal como podemos presenciar, recentemente, no julgamento de Jesus, presidido por Pôncio Pilatos, este que, para não perder suas regalias de nobre romano, não atendeu às súplicas de sua esposa. Não só este exemplo temos.

    O que quisemos mais ainda demonstrar aqui, é o porque que esses ricos são condenados.

    Obrigado pela visita e pelo comentário.

    Abraços,
    Shalom.

    Igor Carneiro.

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