Do amor

4 comentários

Sacrifice Oil Painting

Amor culposo? Amor por imprudência, negligência ou imperícia? Culpa imprópria ou até consciente no amor? Isso existe? Por acaso para ser amor, basta implicar em um resultado? O amor se revela na sua expressão e nela existe, é verdade, mas, e a expressão sem amor? A expressão é do amor e de amor, não de qualquer coisa que assim pode se chamar.

Não se ama por acaso, nem se ama por obrigação. Se o amor nasce da vontade, ele deve ser livre, deliberado, consciente. Isso para quem quiser se preocupar em amar, para os que creem que serão julgados após sua morte. Diz-se isto porque o julgamento dar-se-á pelo amor. Para um Deus que é o amor, a medida de tudo é a medida do amor, e o amor é a única coisa existente que não tem medida, por isso ser divino.

O amor não é robótico. Robô não tem alma, e é de lá que vem o amor, do coração. Um simples abraço não é amor, mas é amor aquele que leva ao abraço. Um simples beijo não é amor, mas aquele que não se contém e beija. O amor não é aquele que dá dinheiro a alguém necessitado que o pede, mas a dor do coração que o leva a ajudar. Rebaixamento por rebaixamento é fingimento, serviço por serviço é emprego e doação por doação é despejo.

No amor, o elemento mais importante é o interno, o subjetivo. É o querer bem, o querer acertar, o querer entender, o querer perdoar, o se compadecer. No amor, é o que está dentro que deve refletir o ato que o convalida. Por isso um simples olhar ou um singelo sorriso alcançar o valor de amor, e com mais resultado, porque é sincero. Não há quem não reconheça um sorriso sincero, nem um olhar verdadeiramente preocupado. Mas, até querer dar um sorriso e olhar, já é amor.

Entretanto, não se consegue sempre externar aquilo que se quer. O ser humano é imperfeito e falho, principalmente no amor. Ele tem algo de instintivo, carnal ou natural, que o impede muitas vezes de amar. Tem também limite da sua inteligência, da sua memória e da sua vontade. Nem sempre consegue entender o que necessita, não recorda o que deve fazer, e o pior, nem sempre a sua própria vontade o obedece. Quer abraçar, mas tem vergonha, quer beijar, mas algo o impede. Por isso, só o querer já é amor. Não se pode cobrar do homem tanta perfeição. Até por conta disso, se arrepender e querer mudar, também é amor.

O mais legal de tudo isso, é que o julgamento que se falou é feito pelo Amor, que é infinitamente mais do que tudo de perfeito que se pode aqui dizer. Se o Amor é que irá julgar, o julgar também será com amor. Por isso, é bom, desde aqui e agora, começar-se a se familiarizar, ser amor e com amor, e o amor sempre será com quem e para quem assim agir.

Já quem não acredita em nada, desconsidere tudo que aqui se viu e ame da maneira mais pura, sem interesse algum na recompensa que pode vir. Ame, tão simplesmente por amar, porque até um interesse na eternidade pode diminuir sua liberdade e você estará amando para comprar. Ame, esperando ir para debaixo da terra. Ame porque isso vem de dentro de você, porque você é amigo do bem, e o bem é amor. Perdoe porque o outro é falho, compreenda porque ele é humano, tenha compaixão porque você também é. Doe porque ele precisa, espere porque ele é importante, suporte porque tempos melhores virão, creia por fidelidade. Se esqueça até de Deus que eu garanto, que se ele existir, Ele nunca se esquecerá de você.

Comentários
4 Comentários

4 comentários :

  1. Compartilho aqui alguns textos que escrevi sobre a visão que se tem do erro humano, já que você falou várias vezes da nossa limitação como seres humanos:

    1. http://emersonespinola.blogspot.com/2007/12/pobre-lder.html
    2. http://emersonespinola.blogspot.com/2009/06/nao-julgue-tao-rapido.html
    3. http://emersonespinola.blogspot.com/2009/10/errar-ta-errado.html

    ResponderExcluir
  2. Amor há de ser uma mistura de cores, uma mistura de formas. Cores constantes, formas abstratas. Há de ignorar parentescos, origem, estilo e muitos 'frou-frous'. Há de quebrar os muros erguidos pelos injustos. Há de oferecer sensações em cada detalhe. Há de abraçar e acolher dois universos, mesmo que eles sejam aparentemente inconjugáveis.
    O amor há de nos levar para um lugar de férias perpetuas, com vista para o mar(de preferência).

    ResponderExcluir